«Desejo que Toni comece a ter êxito...segunda-feira», diz Jesualdo Ferreira

7 dez 2000, 19:34

Os dois treinadores que melhor se conhecem na I Liga reencontram-se no domingo Jesualdo Ferreira, técnico do Alverca, esforça-se por não pensar que no domingo do outro lado estará Toni. Juntos, ganharam o último título do Benfica. Sabem tudo um do outro. Tudo menos o resultado de domingo e, no final, só isso vai ficar.

O Alverca-Benfica já tinha tudo para ser um dos jogos mais interessantes da jornada. Depois da substituição de José Mourinho por Toni, a expectativa aumentou. Como se não bastasse, nos bancos das duas equipas vão estar precisamente os dois últimos treinadores campeões pelos «encarnados». Na I Liga, ninguém se conhece tão bem como eles. O futebol, como o destino, é fértil neste tipo de ironias... 

Jesualdo Ferreira, treinador do Alverca, tenta não pensar muito no reencontro com Toni. Afinal, quando os 90 minutos terminarem só ficará para a história o resultado, e nisso este jogo não será diferente dos outros. Mas é difícil passar ao lado de um desafio assim, tão carregado de significado. «Claro que a minha relação com Toni é especial, quanto mais não fosse pelo facto de termos ganho juntos o último campeonato para o Benfica, em 93/94», lembra o responsável pelo Alverca. 

Mas a saudade acaba aí. No domingo, será cada um por si. «Claro que desejo a maior sorte do Mundo ao Toni, tal como ao Benfica, mas espero que ele comece a ter êxito apenas na segunda-feira», disse ao Maisfutebol. 

Passaram seis anos desde a última vez em que trabalharam juntos, no Bordéus, mas Jesualdo acha que a forma de ambos pensarem o futebol «não mudou muito». Aliás, o técnico do Alverca encontra na estrutura táctica desta equipa do Benfica algumas semelhanças com a utilizada em 93/94, quando chegaram ao fim do campeonato à frente de toda a gente. «Agora também jogam com três avançados abertos, como nós, e praticam um estilo de jogo vivo, dinâmico, com muitas chegadas dos médios à frente, embora a estrutura do meio-campo seja um pouco diferente», recorda. 

Da teoria à prática 

Em condições normais, no domingo Alverca e Benfica pareceriam equipas-irmãs. Mas na prática poderá não ser bem assim. Por um lado, Jesualdo Ferreira tem tido demasiadas lesões e castigos, que o impedem de colocar em campo as suas ideias. «Os jogadores sabem o que fazer, conhecem os conceitos, mas isso não basta, é necessário ter estabilidade». 

Do outro lado, Toni pouco tempo terá para passar aos jogadores a sua mensagem. «Em três dias nada se altera», reconhece Jesualdo Ferreira, que espera um Benfica «igual ao das últimas semanas», uma equipa que todos reconhecem «estar melhor». 

No plano mais pessoal, Jesualdo Ferreira não espera sentir «algo especial», quando apertar a mão a Toni, um dos amigos que fez no futebol. «Quando a partida começar, vamos pensar os dois na mesma coisa: como ganhar».

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