«André Cruz deu-me a camisola e elogiou-me», recorda Mantorras

14 fev 2001, 12:00

Avançado angolano do Alverca conta um pouco da sua história O avançado do Alverca, Pedro Mantorras, é uma das revelações do Campeonato. Desde pequeno que sonhava em ser jogador de futebol e, aos 16 anos, foi visto por um olheiro que o levou para o Barcelona. A experiência não correu bem e o jovem viajou até Alverca, onde garante estar satisfeito.

Mantorras é um dos homens do momento. O jogador do Alverca é apontado como uma das grandes revelações do Campeonato, e sucessivas notícias dão conta do interesse de grandes clubes europeus em tê-lo nas suas fileiras. O jovem garante estar satisfeito no Alverca e, por isso, abdicou de ir à selecção angolana de sub-20, que irá disputar o Campeonato Africano da categoria.

 
Como muitas outras crianças, Mantorras tinha como passatempo preferido jogar futebol nas ruas de Luanda. Nessa altura, a bola era de trapos e o maior sonho do jovem era chegar à Primeira Divisão do seu país. Um sonho comum a muitas crianças, mas que poucas conseguem alcançar.  
 
Com apenas 16 anos, Mantorras cumpriu o primeiro desejo da sua vida e começou a jogar no campeonato angolano. Pouco depois a sua vida deu uma reviravolta: enquanto representava Angola no Torneio João Havelange, foi visto por um olheiro do Barcelona. A partir daí aconteceu tudo muito depressa, e Mantorras viu-se no clube catalão, a treinar à experiência.  
 
No entanto, a aventura espanhola não foi bem sucedida. Mantorras diz que o insucesso ficou a dever-se «a algumas falhas dos dirigentes angolanos que trataram de tudo». Agora que a experiência passou, o avançado não esconde que gostaria de voltar a Barcelona: «Jogar lá é o sonho de qualquer jogador, quem sabe um dia chego lá...».  
 
A camisola oferecida por André Cruz  
 
O próximo sábado é dia de jogo grande em Alverca. Os ribatejanos vão receber um Sporting necessitado de vencer para não se afastar ainda mais da luta pelo título. Mantorras considera que este será «um jogo muito difícil, mas o Alverca está a trabalhar para conseguir vencê-lo».  
 
No final do Sporting-Alverca da primeira volta, que terminou com um empate a uma bola, Mantorras recebeu uma prenda muito especial: a camisola de André Cruz. Foi o próprio jogador brasileiro que a ofereceu ao jovem angolano. Mantorras explica como tudo aconteceu: «O André Cruz veio ter comigo no final do jogo e disse-me que me dava a camisola por eu jogar bem, por gostar de me ver, e incentivou-me a continuar a trabalhar».  
 
Este gesto deixou Mantorras muito feliz, até porque André Cruz «é um jogador que já passou por muitos lugares, foi muito bom ele ter reconhecido o meu talento».  
 
 
«Tenho a certeza que tenho 18 anos», afirma Mantorras  
 
Muito se tem falado na idade de Mantorras. São várias as pessoas que afirmam que o jogador não tem 18 anos, mas sim bastante mais. Apesar da polémica, o jovem não se mostra preocupado. «Tenho a certeza que tenho 18 anos», afirma de forma convicta.   
 
Na opinião de Mantorras, aquelas pessoas que falam acerca da sua idade falam «sem certezas». «Elas esquecem-se que eu comecei muito cedo, quando apenas tinha 16 anos», explica.   
 
O jogador revelou que já fez análises de sangue, urina e dentes, e que nada indicou que é mais velho do que aquilo que diz. Assim sendo, Mantorras não se incomoda com tudo o que já se disse a seu respeito. «Entra-me por um ouvido e sai-me por outro, porque estou tranquilo», diz.  
 
O futuro de Mantorras  
 
As boas exibições de Mantorras e a sua juventude têm suscitado o interesse de muitos clubes. O jovem sabe disso, mas diz que, neste momento, não pensa sair de Alverca. «Tenho contrato, sou jogador do clube, e só sairei caso surja uma boa oportunidade para ambas as partes», refere.   
 
Mantorras quer manter-se afastado de tudo isto, para pensar apenas no clube que representa. Deseja «aprender mais» para, se um dia sair do Ribatejo, ser «um jogador mais maduro».   
 
O avançado mostra-se «contente» por estar em Alverca. E não esquece quem o ajudou: «Sinto-me muito feliz aqui, e estou grato às pessoas do Alverca que me estenderam a mão quando precisei», concluiu.

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