Dirigentes admitem que clube pode sair a perder desportivamente, mas preferem colocar o foco na dimensão humana dos atletas
O St. Pauli, clube alemão conhecido pelo forte envolvimento em diversas causas sociais, vai deixar de trabalhar com empresários e agências de jogadores das camadas jovens.
«Confiamos num diálogo cooperativo com os jogadores, as suas famílias e o ambiente que os rodeia. Isso quer dizer que, no futuro, haverá uma abordagem uniforme para todos os jogadores e as suas famílias, que têm normalmente uma importância crucial para o desenvolvimento sustentável dos jovens jogadores», explicou Benjamin Liedtke, diretor da academia do clube de Hamburgo.
Benjamin Liedtke admite que a decisão agora anunciada poderá ter consequências desportivas mas garante que isso não faz abanar a convicção de que esta é a decisão certa.
«Isto não é uma decisão contra os agentes do futebol em geral, mas sim uma forma de nos focarmos no ambiente pessoal dos jogadores da formação e não nas agências e no mercado. (...) Vamos tornar os jogadores melhores a longo prazo», esclareceu, convicto, o dirigente.
Em agosto de 2022, o St. Pauli já tinha anunciado a adoção de um novo conceito para o futebol jovem: «Rebellution - um futebol de formação diferente é possível», lia-se no slogan.
Esta ideia inclui também diferentes abordagens de treino, focando o trabalho mais no desenvolvimento das características individuais do jovem jogador do que nos princípios de jogo coletivos. «O futebol de formação está cada vez mais parecido com o futebol profissional e queremos reverter isso», justificou à data Benjamin Liedtke, que defendeu a implementação de uma abordagem mais holística e sustentável.
Ao longos dos anos, o St. Pauli, considerado o clube de culto da Alemanha, tem marcado, através de campanhas e ações sociais, posições fortes nas lutas contra o fascismo, o anti-semitismo, racismo e outras formas de discriminação, colocando-se ao lado das minorias.