Aeroporto em Alcochete cria riqueza de 1,3 mil milhões e 30.500 empregos. É o que tem maior impacto económico

ECO - Parceiro CNN Portugal , André Veríssimo e Salomé Pinto
6 dez 2023, 07:37
Alcochete (ECO)

A opção por Alcochete é a que cria mais riqueza e emprego. Santarém é a que tem menos impacto, mas beneficiaria mais a coesão territorial.

A construção de um aeroporto em Alcochete é a opção com maior impacto económico, concluem os estudos realizados no âmbito da Avaliação Ambiental Estratégica para o reforço da capacidade aeroportuária da região de Lisboa, divulgados esta terça-feira.

O relatório estimou os impactos totais diretos das oito opções estratégicas estudadas em vários períodos, nomeadamente quando a solução final estivesse já estabilizada, em 2040. O Campo de Tiro de Alcochete sobressai como aquele que cria mais riqueza – 1,3 mil milhões de euros – e também o que gera mais emprego: 30.490 postos de trabalho.

A diferença em relação às outras soluções não é muito significativa, “porque também a previsão de passageiros associada a cada uma das localizações é relativamente próxima”, assinala o relatório. Ainda assim, a riqueza criada por Alcochete é 8% superior à opção com menos impacto, que é uma conjugação do Humberto Delgado com Santarém.

A opção pela base da Força Aérea em Alcochete é também a que gera maior impacto regional, criando uma riqueza de mil milhões de euros para a Área Metropolitana de Lisboa e 23.502 empregos. Por outro lado, uma combinação do Humberto Delgado com Santarém “é a que apresenta maior vantagem em termos de coesão territorial”, “dada a menor densidade económica e peso na economia nacional da região envolvente da localização Santarém”.

Alcochete é também o aeroporto cuja operação gera mais receitais fiscais por ano, no cenário para 2040: 368,65 milhões, repartidos entre 138 milhões para IVA e 230,6 milhões para outros impostos.

A Comissão Técnica Independente (CTI), responsável pela Avaliação Ambiental Estratégica (AAE), afirmou na terça-feira que uma combinação da Portela com uma nova infraestrutura em Alcochete é a que tem mais vantagens tendo em conta os vários critérios analisados.

Esta opção gera ligeiramente menos emprego (28.911 postos de trabalho) e riqueza (1,237 milhões de euros) do que Alcochete sozinho. No entanto, é preciso ter em conta a perda que geraria a saída do aeroporto da Portela, dada a centralidade do Humberto Delgado em termos de localização e pela elevada densidade económica da região de Lisboa. Ou seja, “a transferência de passageiros para uma localização mais distante de Lisboa resultará num efeito negativo”. Daí que, globalmente, a opção dual Humberto Delgado e Campo de tiro de Alcochete “é a que resulta em maior impacto macroeconómico”.

Das opções únicas, o Campo de Tiro de Alcochete destaca-se pela sua maior proximidade a Lisboa e também pela sua maior densidade económica, gerando maiores impactos regionais, fomentando, ao mesmo tempo, a coesão regional.

Relatório da Comissão Técnica Independente

“Das opções únicas, o Campo de Tiro de Alcochete destaca-se pela sua maior proximidade a Lisboa e também pela sua maior densidade económica, gerando maiores impactos regionais, fomentando, ao mesmo tempo, a coesão regional”, conclui a análise coordenada por Fernando Alexandre, da Universidade do Minho. O relatório da CTI estima que sejam necessários sete anos para a construção da primeira pista na localização na margem sul, com um custo total para o aeroporto de 8 mil milhões de euros.

A Avaliação Ambiental Estratégica foi lançada no ano passado pelo Governo, num acordo com o PSD, para servir de base à decisão política sobre o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, onde a única infraestrutura está já sobrelotada.

Foram analisadas oito opções estratégicas em seis localizações: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Vendas Novas, Portela + Vendas Novas.

Para a análise das várias opções foram considerados cinco fatores críticos de avaliação: segurança aeronáutica; acessibilidade e território; saúde humana e viabilidade ambiental; conectividade e desenvolvimento económico; investimento público e modelo de financiamento. Cada um daqueles fatores inclui vários critérios, num total de 24, avaliados à luz de uma bateria de 88 indicadores.

Com a demissão de António Costa, a decisão política passa para o Executivo que sair das eleições antecipadas de 10 de março. O desejo de conciliar uma decisão entre PS e PSD mantém-se.

O relatório que será apresentado esta quarta-feira ainda é preliminar. Após a realização da conferência no LNEC, o relatório será disponibilizado para consulta pública até dia 19. Só depois será elaborado o relatório final, previsto para março.

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