Aeroporto Humberto Delgado pode ser desativado (mas nunca nos próximos oito anos)

ECO - Parceiro CNN Portugal , André Veríssimo e Salomé Pinto
5 dez 2023, 19:14
Zona de chegada do aeroporto de Lisboa fechada para controlo de passageiros e testes à covid-19

Humberto Delgado terá de manter-se em funcionamento por, pelo menos, mais 8 ou 9 anos. Coordenadora da Comissão Técnica Independente considera que se deve perspetivar o seu encerramento

O aeroporto Humberto Delgado poderia ser desativado quando a segunda pista do futuro aeroporto principal estivesse operacional. A Comissão Técnica Independente (CTI) responsável pelo estudo do reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa estima que isso possa acontecer ao fim de oito ou nove anos.

“A partir da segunda pista, que pode estar em operação ao fim de oito ou nove anos, é possível que o novo aeroporto possa substituir integralmente o Humberto Delgado“, afirmou esta terça-feira Rosário Macário, coordenadora da área de planeamento aeroportuário na CTI. A primeira pista, no caso da opção pelo Campo de Tiro de Alcochete, estaria pronta em sete anos.

Durante a apresentação, a coordenadora geral da CTI apontou que “do ponto de vista ambiental e da saúde pública o Humberto Delgado deve fechar”, mas que “é um ativo financeiro fortíssimo”. “A rentabilidade da ANA assim o demonstra”, disse Rosário Macário.

Fernando Alexandre, responsável pela análise económico-financeira, apontou que o encerramento da Portela “nas condições atuais tem um efeito de contração económica em Lisboa”, o que já não acontecerá se a procura poder ser satisfeita por outro aeroporto.

“As taxas de procura estão a diminuir mas a procura não está. Temos de viver com o Aeroporto Humberto Delgado nos próximos anos. O contrato de concessão configura o Novo Aeroporto de Lisboa (NAL) como aeroporto único, mas é uma decisão que não é urgente. Deve-se perspetivar o seu encerramento“, defende Rosário Partidário.

Desmantelar o Humberto Delgado e renaturalizar toda a área teria um impacto negativo para o Estado de 450 milhões. Já uma urbanização de 14,7% da área teria um impacto positivo de 230 milhões.

A Avaliação Ambiental Estratégica foi lançada no ano passado pelo Governo, num acordo com o PSD, para servir de base à decisão política sobre o reforço da capacidade aeroportuária na região de Lisboa, onde a única infraestrutura está já sobrelotada.

Foram selecionadas para análise nove opções estratégicas em sete localizações: Portela + Montijo, Montijo + Portela, Campo de Tiro de Alcochete, Portela + Campo de Tiro de Alcochete, Santarém, Portela + Santarém, Pegões, Portela + Pegões e Rio Frio + Poceirão.

Para a análise das várias opções foram considerados cinco fatores críticos de avaliação: segurança aeronáutica; acessibilidade e território; saúde humana e viabilidade ambiental; conectividade e desenvolvimento económico; investimento público e modelo de financiamento. Cada um daqueles fatores inclui vários critérios, num total de 24, avaliados à luz de uma bateria de 88 indicadores.

Com a demissão de António Costa, a decisão política passa para o Executivo que sair das eleições antecipadas de 10 de março. O desejo de conciliar uma decisão entre PS e PSD mantém-se.

O relatório que será apresentado esta quarta-feira ainda é preliminar. Após a realização da conferência no LNEC, o relatório será disponibilizado para consulta pública durante 30 dias úteis. Só depois será elaborado o relatório final, concluindo os trabalhos da CTI.

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