Talibãs mandam fechar cabeleireiros e salões de beleza dias depois de prometerem "uma vida próspera" às mulheres afegãs

5 jul 2023, 09:40
Afeganistão (AP Photo/Rodrigo Abd)

É mais uma restrição imposta às mulheres pela administração talibã, que voltou a assumir o poder no Afeganistão há dois anos

A administração talibã anunciou mais uma restrição imposta às mulheres afegãs, ordenando o encerramento de todos os cabeleireiros e salões de beleza até ao final do mês. A informação foi avançada pelo porta-voz do Ministério para a Prevenção do Vício e a Propagação da Virtude, Mohammad Sadiq Akif, citado pela Reuters.

Esta é a mais recente restrição imposta pela administração talibã desde que voltou a assumiu o poder em agosto de 2021, quando as forças dos EUA e da NATO se retiraram do Afeganistão. Desde então, os talibãs já proibiram o acesso das mulheres afegãs à educação, aos espaços públicos, como ginásios e parques, e a atividades laborais.

Mohammad Sadiq Akif não adiantou detalhes desta restrição, confirmando apenas que a medida deverá estar em vigor na capital, Cabul, e em todas as províncias no prazo de um mês.

A medida surge dias depois de o líder supremo, Haibatullah Akhunzada, ter anunciado que o seu governo estava a trabalhar para melhorar a vida das mulheres no Afeganistão, prometendo-lhes uma "vida próspera e confortável de acordo com a lei islâmica".

“O estatuto da mulher como ser humano livre e digno foi restaurado e todas as instituições foram obrigadas a ajudar as mulheres a garantir casamento, herança e outros direitos”, declarou Akhunzada, citado em comunicado divulgado no passado dia 25 de junho.

Até ao momento, não é conhecido qualquer motivo para esta decisão, que obriga ao encerramento de inúmeros salões de beleza que abriram portas nos últimos 20 anos, após a expulsão dos talibãs do poder, no final de 2001. O porta-voz daquele ministério remeteu uma explicação para assim que a medida entrar em vigor.

"Quando os estabelecimentos estiverem encerrados, vamos partilhar o motivo com os media", indicou.

Em março passado, o Afeganistão foi considerado pela ONU como o país mais repressivo do mundo para as mulheres e meninas, privadas de muitos direitos básicos.  As restrições, especialmente as proibições de educação e trabalho em organizações não governamentais, receberam uma forte condenação internacional, mas os talibã não dão sinais de ceder, alegando que as proibições são suspensões temporárias, supostamente porque as mulheres não usavam corretamente o lenço islâmico, ou hijab, e negando qualquer segregação de género.

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