Os restos mortais de uma mulher foram encontrados em 1978 num saco de roupa. A polícia descobriu agora quem é a vítima

CNN , Ashley R. Williams
25 jun 2023, 09:00
Florence Charleston foi identificada como o cadáver que foi descoberto em Pershing County, Nevada, em 1978. Polícia do Estado do Nevada

"Ela conheceu um tipo e foi viver feliz para sempre, ou pensava que sim", contou uma das sobrinhas sobre um homem que foi visto com a tia

Quarenta e cinco anos depois de uma mulher do Ohio, Estados Unidos, ter desaparecido algures na Costa Oeste, os dois familiares que lhe restam - as suas sobrinhas - sabem agora o que aconteceu à sua tia Dolly.

Os restos mortais não identificados encontrados em outubro de 1978 dentro de um saco de roupa numa zona remota de Imlay, Nevada, foram identificados como sendo de Florence Charleston, de Cleveland, Ohio, de acordo com a Polícia do Estado do Nevada.

Os testes avançados de ADN dos restos mortais de Charleston, juntamente com uma pesquisa genealógica, levaram à sua identificação várias décadas após a sua morte, disseram as autoridades.

Diane Liggitt, uma das sobrinhas de Charleston, tinha cerca de 18 anos quando a tia desapareceu.

Liggitt disse à CNN que se lembrava de Charleston, a quem ela e os primos chamavam tia Dolly, a ir para Portland, Oregon, com um homem no início da década de 1970.

"Ela conheceu um tipo e foi viver feliz para sempre, ou pensava que sim", contou Liggitt, que vive em Lisbon, Ohio. "O meu tio nunca conseguiu falar com ela."

"Sempre que ele telefonava, ela estava demasiado doente para atender o telefone ou (havia) uma razão ou outra para não poder falar com ele", acrescentou Liggitt, cujo pai era um dos irmãos de Florence.

Os esforços do tio para encontrar a irmã através de um detetive privado também foram infrutíferos. A última notícia que a família teve, segundo Liggitt, foi que Charleston estava em Reno, no Nevada, algures em 1978.

"Encontraram-na no meio do Estado", disse Liggitt.

A Polícia do Estado do Nevada disse em comunicado na terça-feira que a sua Divisão de Investigação continua a investigar a morte de Charleston e procura obter informações do público sobre o caso.

Avanços no ADN ajudam a identificar mulher

Em 26 de outubro de 1978, o Gabinete do Xerife do Condado de Pershing, no Nevada, encontrou restos mortais não identificados perto da pequena cidade de Imlay, a 214 quilómetros a nordeste de Reno, que estavam dentro de um saco que também continha roupas de mulher, segundo a Polícia do Estado do Nevada.

Os restos mortais estavam muito deteriorados e a autópsia não revelou a causa da morte ou informações de identificação da mulher, que era caucasiana e tinha pelo menos 40 anos.

A mulher estava morta há seis meses quando o corpo foi encontrado, de acordo com uma notícia de maio de 1980 do Nevada State Journal, que se tornou o Reno Gazette-Journal em 1983.

O gabinete do xerife pediu a ajuda da Polícia do Estado do Nevada no ano seguinte. Embora o caso tenha sido registado no Sistema Nacional de Pessoas Desaparecidas e Não Identificadas (NamUs), a investigação das autoridades não encontrou pistas significativas.

Reconstrução facial do cadáver não identificado nas fases iniciais do caso. Polícia do Estado do Nevada

Em março de 2022, os investigadores trabalharam com a Othram, uma empresa americana especializada em genealogia forense para agências de autoridade, para realizar testes avançados de ADN forense e testes genealógicos nos restos mortais da mulher.

"Há cerca de um ano, a NamUs começou a financiar diretamente alguns casos de pessoas não identificadas na esperança de que pudessem alavancar novas tecnologias, como a da Othram, para identificar pessoas", disse o CEO da Othram, David Mittelman, à CNN.

A RTI International, a organização que gere o NamUs, coordenou a entrega das provas do caso ao laboratório da Othram.

"Foi assim que começámos", disse Mittelman.

"Encontraram a tia"

Os testes resultaram em várias novas pistas sobre o caso, incluindo a identidade de Charleston.

Depois de se interrogar durante décadas sobre o que teria acontecido à sua tia, Liggitt estava um dia a sair de casa quando recebeu uma chamada de um detetive. Tinha havido uma correspondência de ADN.

"Ele tinha obtido o meu ADN de um corpo que foi encontrado no deserto. Eu e (a minha prima) somos os dois únicos parentes vivos", indicou Liggitt, referindo-se à sua prima, Donna Taylor.

"Eu disse: 'Oh, meu Deus, encontraste a tia Dolly'", recordou.

A família planeia enviar os restos mortais de Charleston de volta para o Ohio para um enterro adequado assim que a investigação do seu homicídio terminar.

Relacionados

E.U.A.

Mais E.U.A.

Patrocinados