Advogado de A.M. Lukas instou Nuno Lopes a pagar para evitar ação na justiça, alega defesa do ator português

Maria João Caetano , com Lusa; PF
21 nov 2023, 23:20
"Sou incapaz de cometer os atos que me acusam", Nuno Lopes reage à acusação

“Confirmo que foi apresentada como uma condição para evitar que a ação fosse interposta. Ficou muito claro para todos, que a ação seria tornada pública se o Nuno Lopes não indemnizasse a sra. Lukas, e que publicidade seria dada à mesma, como foi”, pode ler-se no esclarecimento enviado pela advogada do ator

A defesa do ator Nuno Lopes garantiu esta terça-feira que o advogado da realizadora norte-americana A.M. Lukas, que acusa o português de a ter violado, o instou a avançar com uma proposta monetária como condição para evitar a ação judicial.

A advogada do ator português referiu, em comunicado enviado à CNN Portugal, que recebeu em 6 de novembro, por correio eletrónico, uma comunicação do advogado de A.M. Lukas, Michael J. Willemin, a informar que a argumentista e realizadora norte-americana “pretendia que fosse o Nuno Lopes a avançar com uma proposta de quantia monetária”.

“Confirmo que foi apresentada como uma condição para evitar que a ação fosse interposta. Ficou muito claro para todos, que a ação seria tornada pública se o Nuno Lopes não indemnizasse a sra. Lukas, e que publicidade seria dada à mesma, como foi”, sublinhou Rute Oliveira Serôdio.

O esclarecimento da defesa do ator português contradiz as palavras de Michael J. Willemin à CNN Portugal, também esta terça-feira, que afirmou que Lukas nunca propôs qualquer quantia monetária para resolver este assunto, e também nunca propôs manter nada confidencial em troca de dinheiro".

LEIA: Advogado da cineasta americana garante que nunca pediu dinheiro a Nuno Lopes em troca do silêncio: "A tática do sr. Lopes faz parte de uma campanha de difamação bastante comum"

"Vimos repetidamente perpetradores tentarem usar o pedido de restituição para envergonhar e desacreditar as suas vítimas. O facto de Lopes tentar agora usar esta tática, apesar de Lukas ter feito questão de pedir responsabilização, deixa claro que a tática do sr. Lopes faz parte de uma campanha de difamação bastante comum", argumenta o defensor de A.M. Lukas numa troca de emails com a CNN Portugal.

A denúncia

A cineasta norte-americana A.M. Lukas moveu uma ação judicial contra o ator e DJ português Nuno Lopes, acusando-o de a ter drogado e violado em abril de 2006. A queixa foi apresentada segunda-feira no Tribunal Distrital dos Estados Unidos para o distrito Leste de Nova Iorque. 

Numa declaração emitida esta manhã, o ator português nega todas as acusações: "Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam. Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos", afirma.

De acordo com a denúncia, A.M. Lukas e Nuno Lopes conheceram-se a 28 de abril de 2006 numa festa após a estreia de um filme no Festival de Cinema de Tribeca, em Nova Iorque. A.M. Lukas conta que pouco depois o seu corpo "começou a ficar estranhamente pesado". A realizadora pensa que terá sido drogada, uma vez que guarda muito poucas memórias dessa noite. Mas diz que se recorda de, num dos poucos momentos de consciência, estar na companhia do ator português, que lhe segurava as pernas frouxas e a violava. Noutro momento, afirma ter visto Nuno Lopes a masturbar-se sobre o seu corpo nu. Também diz lembrar-se que no final da noite ele lhe chamou um táxi, deu-lhe 30 dólares para pagar a viagem e o seu número de telefone.

"Lukas não consentiu e não podia ter consentido em fazer sexo com o sr. Lopes", lê-se na queixa. "No dia seguinte, Lukas foi ao hospital, o hospital aplicou um kit de violação e Lukas relatou a violação à polícia. A vida de Lukas mudou para sempre."

A realizadora afirma que ligou para Nuno Lopes quando estava no hospital e que este confirmou que tinham tido relações sexuais e que não tinha usado preservativo. Tendo em conta esse facto, A.M. Lukas tomou medicação para prevenir uma eventual gravidez e doenças sexuais. Num encontro posterior, conta A.M. Lukas, o ator terá voltado a confirmar o encontro mas não admitiu que tenha havido uma violação.

"Foi dada ao sr. Lopes a oportunidade de assumir a responsabilidade pelos seus atos: reconhecer o que fez, explicar-se e pedir desculpas. Ele imediatamente recusou-se a fazê-lo e comunicou em termos inequívocos que nunca reconheceria qualquer irregularidade", escreve A.M. Lukas num breve comunicado no site da firma de advogados Wigdor. "Não podemos aceitar um mundo em que os autores de comportamentos hediondos e desumanos sejam capazes de viver as suas vidas livremente, com impunidade e sem consequências sociais, enquanto as suas vítimas sofrem em silêncio. Não estou ansiosa pelas formas como tenho a certeza de que os advogados do sr. Lopes tentarão humilhar-me e invalidar-me. Mas não serei dissuadida de obter justiça."

A declaração de Nuno Lopes: "Refuto todas as acusações que me são feitas"

Numa declaração enviada à imprensa, Nuno Lopes refere que, apesar de salvaguardar desde sempre a sua vida pessoal, "neste caso" tem "a maior vontade de vir a público esclarecer e contar a verdade sobre esta história". "No entanto, e contra os meus instintos, fui veementemente instruído pelos meus advogados americanos a abster-me de revelar todos e quaisquer detalhes sobre o processo movido ontem em Nova Iorque, que contém alegações com 17 anos, do tempo em que eu era estudante de representação em N.Y. em 2006", explica.

"Por enquanto, posso apenas dizer isto:

1. Recentemente recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estado Unidos por parte dos advogados de A. M. LUKAS, a acusar-me de ter drogado e violado A. M. LUKAS há 17 anos, pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas.

Rejeitei ambos.

2. Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam. Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos.

3. Tenho o maior respeito e solidariedade por todas as vítimas de qualquer tipo de violência.

4. Estou de consciência absolutamente tranquila, mas ciente das consequências gravíssimas que este caso representa. E de como a minha decisão de recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal aporta consequências para a minha reputação quer pessoal quer profissional.

5. Não obstante quero deixar bem claro que refuto todas as acusações que me são feitas, que espero que este caso seja prontamente esclarecido e julgado justamente pelas autoridades competentes e que nunca terei medo de agir judicialmente contra qualquer pessoa que tente difamar o meu bom nome."

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