Advogado da cineasta americana garante que nunca pediu dinheiro a Nuno Lopes em troca do silêncio: "A tática do sr. Lopes faz parte de uma campanha de difamação bastante comum"

21 nov 2023, 18:08
A.M. Lukas (AP)

Em declarações à CNN Portugal, o advogado de A.M. Lukas, a mulher que acusa o ator português de a ter violado em 2006, garante estar "confiante" de que os registos "mostrarão que ela denunciou o facto ao hospital e à polícia pouco depois de ter acontecido"

"Lukas nunca propôs qualquer quantia monetária para resolver este assunto, e também nunca propôs manter nada confidencial em troca de dinheiro", afirma à CNN Portugal o advogado da cineasta norte-americana A.M. Lukas, que acusa o ator português Nuno Lopes de a ter violado em 2006. "Ela pediu a Lopes que assumisse publicamente a responsabilidade pelo seu comportamento, mas ele recusou-se a fazê-lo", adianta o advogado Michael J. Willemin, da firma Wigdor, que está a defender Lukas.

Esta afirmação contradiz a declaração emitida esta manhã por Nuno Lopes, na qual se manifestou surpreendido com a ação judicial: "Recentemente recebi com surpresa e choque uma carta vinda dos Estados Unidos por parte dos advogados de A.M. Lukas, a acusar-me de ter drogado e violado A M. Lukas há 17 anos, pedindo-me que propusesse uma quantia monetária para este caso acabar, e um pedido de desculpas."

Essa declaração, diz o advogado, "é enganosa e incompleta". "O que Lukas pediu foi que ele assumisse a responsabilidade pública e proporcionasse restituição, e ofereceu-lhe a oportunidade de explicar como proporia fazer isso. Ele imediatamente (através dos seus advogados) comunicou que nunca se desculparia ou de outra forma assumiria a responsabilidade pelas suas ações."

Nuno Lopes afirma ainda que decidiu "recusar um acordo confidencial e avançar publicamente para tribunal". No entanto, o advogado garante que "Lukas nunca propôs manter nada confidencial - o objetivo da exigência era que ele assumisse responsabilidade pública, o que se recusou a fazer".

"Vimos repetidamente perpetradores tentarem usar o pedido de restituição para envergonhar e desacreditar as suas vítimas. O facto de Lopes tentar agora usar esta tática, apesar de Lukas ter feito questão de pedir responsabilização, deixa claro que a tática do sr. Lopes faz parte de uma campanha de difamação bastante comum", argumenta o defensor de A.M. Lukas numa troca de emails com a CNN Portugal.

De acordo com a denúncia, A.M. Lukas e Nuno Lopes conheceram-se a 28 de abril de 2006 numa festa após a estreia de um filme no Festival de Cinema de Tribeca, em Nova Iorque. A.M. Lukas conta que pouco depois o seu corpo "começou a ficar estranhamente pesado". A realizadora pensa que terá sido drogada, uma vez que guarda memórias fragmentadas dessa noite, no entanto tem a certeza absoluta de que ele a violou. Também diz lembrar-se que no final da noite ele lhe chamou um táxi, deu-lhe 30 dólares para pagar a viagem e o seu número de telefone.

"Lukas não consentiu e não podia ter consentido em fazer sexo com o sr. Lopes", lê-se na queixa. "No dia seguinte, Lukas foi ao hospital, o hospital aplicou um kit de violação e Lukas relatou a violação à polícia. A vida de Lukas mudou para sempre."

A CNN Portugal perguntou ao advogado se existem registos da ida de A.M. Lukas ao hospital no dia seguinte ao encontro com Nuno Lopes e se ficou registada uma queixa na polícia: "Não posso falar muito sobre o hospital ou a polícia, a não ser para dizer que estamos confiantes de que os registos mostrarão que ela de facto denunciou o caso ao hospital e à polícia pouco depois de ter acontecido", responde Michael J. Willemin.

À questão porque é que A.M. Lukas decidiu mover o processo agora, 17 anos depois dos eventos, o advogado explica que "Nova Iorque promulgou recentemente uma lei que dá aos sobreviventes de violência sexual uma janela para intentar ações civis por ações ocorridas há muito tempo e para as quais o prazo de prescrição expirou". "Essa janela fecha esta semana, o que explica o momento desta ação", sublinha.

A queixosa pede que o tribunal decida a seu favor pelo pagamento de uma indemnização compensatória ou monetária por "todos os danos, incluindo, mas não limitados, à compensação por sofrimento mental e ferimentos físicos", bem como por "danos punitivos" e ainda o pagamento das despesas legais.

"Os objetivos da sra. Lukas são responsabilizar Lopes pelas suas ações e fazer com que um júri decida a seu favor. Ela também move esta ação na esperança de inspirar outras vítimas de agressão sexual que têm sofrido em silêncio. Como advogado de Lukas, os nossos objetivos estão 100% alinhados com os dela", assegura Michael J. Willemin.

Na sua declaração, o ator português garante que está de consciência tranquila e nega todas as acusações: "Sou moralmente e eticamente incapaz de cometer os atos de que me acusam. Jamais drogaria alguém e jamais me aproveitaria de uma pessoa incapacitada, quer por excesso de álcool ou por influência de quaisquer outras substâncias. Nem hoje nem há 17 anos."

Relacionados

E.U.A.

Mais E.U.A.

Mais Lidas

Patrocinados