"Torturaram o meu marido durante três anos. Putin matou-o. Depois disso, maltrataram o corpo do Alexei e maltrataram a mãe dele"

CNN Portugal , DCT
28 fev, 11:54
Yulia Navalnaya (Getty Images)

Yulia Navalnaya falou diante do Parlamento Europeu: "Putin é capaz de tudo", disse, "lidera um gangue criminoso". Sexta-feira é o funeral de Alexei Navalny e Yulia não sabe se "vai ser pacífico"

Começou com um suspiro mas, em pouco mais de dez minutos de discurso no Parlamento Europeu, Yulia Navalnaya não se coibiu nos detalhes sobre a morte de Alexei Navalny. A viúva do opositor russo garante que “depois de Putin ter tentado matar Alexei da primeira vez [em 2020]”, conseguiu agora fazê-lo: “Putin matou o meu marido, Alexei Navalny. Foi torturado durante três anos”. 

As acusações sobre a responsabilidade de Putin na morte do opositor russo já tinham sido feitas em vídeo há quatro dias, mas Yulia revelou agora que o marido “passou fome numa cela minúscula em pedra” e que foi “impedido de ver o mundo exterior”, tendo-lhe sido ainda rejeitadas visitas, telefonemas e cartas.

“E depois mataram-no. Mesmo depois disso, maltrataram o corpo do Alexei e maltrataram a dele”, revelou perante os membros do Parlamento Europeu.

Sobre o funeral - que se vai realizar esta sexta-feira -, Yulia alertou para os riscos de ação policial, tal como tem acontecido nos últimos dias nas várias tentativas de homenagem ao opositor russo. “Não estou certa ainda se [o funeral] vai ser pacífico ou se a policia vai deter aqueles que vão dizer adeus ao meu marido.”

A viúva de Alexei Navalny afirmou ainda que “Putin é capaz de tudo” e que, por isso, é difícil “negociar com ele”, mas deixou uma garantia: “Farei o meu melhor para realizar o sonho dele [de Alexei]. O mal cairá e um lindo futuro virá”.

Perante o Parlamento Europeu, Yulia Navalnya afirmou que Vladimir Putin deve responder pelo que fez a Navalny e pelo que está a fazer à Ucrânia, instando a investigações também aos advogados e financiadores que trabalham com o presidente russo e que o ajudam a “esconder dinheiro”, referindo-se a um “gangue criminoso” liderado por Putin, que tem “fantoches” ao seu redor.

“Putin deve responder pelo que fez ao meu país. Putin deve responder pelo que fez a um país vizinho e pacífico. E Putin deve responder por tudo o que fez a Alexei”, vincou, assegurando que “há dezenas de milhões de russos que são contra a guerra, contra Putin, contra o mal que ele traz”.

E ainda antes do aplauso final deixou um desafio à Europa: “O meu marido nunca verá como será a bela a Rússia do futuro, mas nós temos de a ver”.

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