"Quem quiser usar isto para o mal poderá mesmo fazê-lo". Pais devem redobrar cuidado com fotografias dos filhos na internet, alertam especialistas

«Quando for grande, quero ser jornalista!»

Estava uma manhã escura de Inverno. Tínhamos uma professora nova, que ia substituir a professora Carolina. A excitação era grande na sala de aula naquela manhã. No meio do alvoroço, entra uma jovem professora, bonita e vestida de uma forma extravagante para os hábitos da aldeia.

Calámo-nos todos e, depois de se apresentar, a professora Sandra começou a perguntar, um a um o que queríamos ser quando fossemos grandes. Nunca ninguém me tinha perguntado isso... por incrível que pareça, em sete anos de vida, nunca ninguém me tinha feito tal pergunta.

O Rogério queria ser engenheiro, a Lídia professora, a Adelaide cabeleireira... chegou a minha vez e, com pompa e circunstância, respondi: «Quero ser jornalista, como o Henrique Garcia e a Dina Aguiar». Na aldeia, não havia quiosques e, naquele tempo, as referências de Jornalismo que me chegavam vinham pelo transístor do meu avô e pela televisão. Eram aquelas as minhas referências.

Não me lembro de ter querido ser outra coisa na vida. Apenas mudou o que eu achava que podia fazer com o jornalismo: aos sete anos, não sabia muito bem porque queria ser jornalista; poucos anos mais tarde, achei que podia mudar o mundo; hoje, perdi muitas das ilusões, se não quase todas. Sei que não posso mudar o mundo e nem sempre posso mudar o que me rodeia. Mas continuo a não querer ser outra coisa na vida.

Costumo dizer que casei com o Jornalismo. Nem sempre é um marido bom, é certo. O casamento tem muitos dias pouco felizes, mas os dias felizes são de uma alegria tão intensa que compensam tudo. Amo o que faço e amo muito.

Hoje, trabalho na mesma casa que o Henrique. Cada vez que o vejo, vem-me à memória aquele dia de escola e a professora Sandra. Sinto um friozinho na barriga cada vez que me cruzo com ele nos corredores da TVI. O Henrique faz-me lembrar o profundo respeito que tenho pelo jornalismo e por quem vê e lê o que faço.

Agrada-me ainda pensar que todos os dias sinto uma saudável insatisfação com a profissão. Continuo, como há 30 anos, a pensar: «Quando for grande, quero ser jornalista!».

Breve CV:

Jornalista TVI e TVI24 e tvi24.pt. Bacharel em Comunicação pela Escola Superior de Educação de Coimbra, licenciada em Jornalismo pela Escola Superior de Comunicação do Instituto Politécnico de Lisboa e Pós-graduada em Jornalismo pela mesma instituição. Formada ainda em Jornalismo pelo Cenjor - Centro de Formação de Jornalistas.

Passou por vários órgãos de Comunicação Social. A destacar: começou na «Rádio Voz de Vagos», passou pela revista «Maria» e colaborou com as revistas «Just Leader», «Ed.» e o jornal «OJE». Desde 1999, que está ligada à TVI.
9 ago 2023, 22:05

O mês de agosto é tradicionalmente o mês em que a maioria dos portugueses aproveita para gozar férias em família, e para quem tem filhos pequenos, as “férias grandes” são momentos que nunca se esquecem. Por isso, para os pais é uma tentação registar os momentos únicos e partilhá-los nas redes sociais.

A intenção até pode ser boa, mas há um lado obscuro da internet que não é possível controlar. É que tudo aquilo que publicamos faz parte da nossa pegada digital, e esta pode ser seguida por todos, incluindo pelas mentes mais perversas.

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