Execução de ursa parda em frente às crias causa onda de indignação em Itália

Agência Lusa , AM
2 set 2023, 12:06
Ursa Amarena (AP)

Tanto o Governo, como as associações de proteção animal manifestaram a sua consternação pelo que consideraram um incidente “muito grave”

A execução de uma ursa parda em vias de extinção num parque nacional do centro de Itália, onde vivia com as suas duas crias, causou indignação no país e obrigou a colocar sob vigilância policial o homem que disparou.

A morte da ursa Amarena (Cereja Negra), na sequência de um tiro que lhe perfurou o pulmão, foi especialmente sentida pelos que vivem nas imediações do parque, entre os quais a ursa era muito popular, uma vez que costumava fazer excursões noturnas pela zona com as suas crias, que agora ficam órfãs.

Tanto o Governo, como as associações de proteção animal manifestaram a sua consternação pelo que consideraram um incidente “muito grave”.

A morte a tiro do animal desencadeou uma onda de ameaças e insultos contra o autor do disparo, que foi identificado nas redes sociais, o que levou as autoridades a proteger a sua casa.

O homem afirmou à polícia que disparou contra a ursa porque ela se encontrava na sua propriedade, na sexta-feira à noite, na aldeia San Benedetto dei Marsi, e porque se sentia em perigo, adiantaram também os meios de comunicação locais.

Neste momento, a prioridade é localizar as crias, que fugiram depois do incidente e que têm poucas hipóteses de sobreviver sem a mãe, missão para a qual foram mobilizados trabalhadores do parque, forças de segurança e população local durante toda a noite.

Considerada o símbolo do Parque Nacional dos Abruzos, Lácio e Molise, onde vivem cerca de 60 exemplares de usos pardos endémicos em vias de extinção, Amarena era um dos animais mais prolíficos e a mãe de Juan Carrito, outro urso querido da população que foi atropelado a 24 de janeiro e cuja morte também causou grande comoção no país.

“O assassínio de uma fêmea de urso é um episódio grave que deve ser esclarecido o mais rápido possível”, afirmou o ministro do Ambiente italiano, Gilberto Pichetto, que mostrou ainda o “compromisso com a proteção dos filhotes, fazendo o possível para que permaneçam livres”.

Tanto a região de Abruzzo, como o Fundo Mundial para a Natureza, (WWF) anunciaram que vão intervir como partes civis no processo contra o arguido porque “é tempo de adaptar a eficácia do sistema sancionatório e investir na vigilância do território numa função preventiva e repressiva”, segundo a organização ambientalista.

Amarena era “totalmente pacífica, (…) formava parte da imaginação coletiva e era motivo de orgulho numa terra que tem no urso um símbolo”, afirmou a WWF.

“Não há nenhuma razão para justificar o incidente, já que Amarela, apesar de ter causado danos nas atividades agrícolas e zootécnicas, sempre indemnizadas pelo parque inclusive fora dos limites da área contígua, nunca causou nenhum problema na área circundante”, afirmou o parque.

A morte de Amarela acontece meses depois de a justiça intervir para salvar, pelo menos até ao momento, a vida de outro urso que atacou mortalmente um caminhante nos Alpes e que as autoridades regionais pretendiam sacrificar.

A audiência em tribunal está prevista para dezembro.

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