U. Leiria-V. Guimarães, 1-2 (crónica)

24 ago 2002, 21:09

Encher o campo até não caber mais ninguém O Vitória somou três pontos na Marinha Grande depois de um difícil triunfo (2-1) sobre o Leiria.

O Vitória entrou com o pé direito na nova edição da I Liga conseguindo somar três pontos na Marinha Grande depois de um difícil triunfo (2-1) sobre o Leiria. O jogo chegou a parecer demasiado fácil para os homens de Augusto Inácio, mas Manuel Cajuda lançou todos os seus trunfos e os minutos finais acabaram por ser um pesadêlo para a equipa de Guimarães.

O Vitória entrou mais forte, mercê da forte vantagem numérica que tinha no centro do terreno. Augusto Inácio manteve-se fiel aos ensaios da pré-temporada e apostou numa defesa com três centrais e um meio-campo super-povoado com cinco elementos talhados para pressionar o adversário no seu território. Na frente, Paulo César mais fixo e Rafael solto. Neste esquema, destacou-se um Pedro Mendes ultra-inspirado no centro do terreno, a alimentar a frente de ataque, com súbitos arranques e passes inesperados.

Manuel Cajuda, por seu lado, manteve o tradicional 4x3x3 que nos últimos anos tantas alegrias deu aos sócios embora este tenha eclodido nos minutos iniciais para se transformar num inconsistente 4x2x3x1. A pressão dos cinco elementos do Vitória no meio-campo foi intensa e as constantes movimentações de Paulo César e Rafael na área, trocaram as voltas aos de Leiria. João Manuel e Leão foram recuando até encostarem à defesa. O Leiria acabou partido em dois e, durante muito tempo, sentiu muitas dificuldades em unir todas as partes.

A isto tudo juntou-se um golo madrugador (8m) de Ricardo Silva, na sequência de um livre directo apontado por Rafael. Aproveitando o caos na defesa adversária, o central surgiu solto na pequena área para encostar. Demasiado fácil. O Leiria procurou reagir, mas raramamente conseguia passar do meio-campo com a bola controlada, tal era a força e consistência do Vitória no centro do terreno. A solução encontrada foi o tradicional pontapé para a frente, na esperança que a bola passasse a muralha do Vitória e encontrasse Douala, Márcio Santos ou Maciel do outro lado. Silas, por seu lado, perdia-se numa luta inglória no meio-campo, longe de todos os seus compaheiros.

Perante este quadro, Manuel Cajuda prescindiu de João Paulo para apostar na força de Fernando Aguiar. Um golpe de mágica que teve efeitos imediatos. Leão e João Paulo tiveram, finalmente, coragem para subir no terreno e o Leiria conseguiu equilibrar a luta no centro do terreno. O Guimarães, à procura do contra-ataque, também afrouxou a pressão, permitindo que o adversário abrisse mais espaços nas suas costas.

A táctica no caixote do lixo

No início do segundo tempo, o Vitória voltou a apresentar-se possante e dominador enquanto o Leiria voltou a tremer. Na jogada mais bonita do desafio acabou por nascer o segundo golo do Vitória, marcado por Bessa, que parecia condenar definitivamente o Leiria. Cajuda assim não entendeu e, pouco depois, tirou mais um defesa, desta vez o pouco produtivo Paulo Duarte, para apostar em mais um avançado, Kibuey. O esquema táctico foi para o caixote de lixo. Agora interessava apenas o «tudo por tudo». Renato e Leão ficaram lá atrás para o que desse e viesse, enquanto os restantes jogadores subiram no terreno. A tensão subiu a níveis elevados, com constantes quedas na área, e protestos, muitos deles justificados, às decisões de Jacinto Paixão.

Kibuey acabou por conseguir um golo que duplicou a força de vontade do Leiria, enquanto o Vitória, até aí confiante e senhor do seu nariz, começou a claudicar. Nos últimos instantes, Edson, com dois pontapés plenos de raiva, quase conseguiu o golo do empate que, com certeza, teria sabor a vitória para o Leiria.

O jogo não foi entusiasmante, mas deixou antever a potencialidade do meio-campo do Vitória, que hoje não terá mostrado tudo o que pode fazer, e a força de vontade do Leiria, visivelmente mais limitado do que a época passada, mas com possibilidades de continuar a apresentar um futebol digno.

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