Mais informação e contrainformação na guerra: a fábrica da Azovstal vai ser ponto de morte ou de rendição?

19 abr 2022, 13:41

Trata-se de uma estrutura que fica no porto de Mariupol e é o último ponto de resistência dos combatentes ucranianos. Ponto essencial nesta altura: o Kremlin e Kiev estão com versões bem diferentes sobre o que está a acontecer

Petro Andriushchenko, um assessor do presidente da câmara de Mariupol, informou em comunicado que a Rússia já começou a bombardear a fábrica da Azovstal, onde permanecem resistentes das forças ucranianas e civis que procuraram abrigo dos ataques russos.

Andriushchenko, que não está em Mariupol mas mantém uma rede de contactos na cidade, referiu na declaração, citada pela CNN, que as forças russas "não estão apenas a atacar a Azovstal com bombas mas também artilharia e tanques, continuando os seus ataques caóticos na área residencial do distrito da margem esquerda (Livoberezhnyi) ao longo da Meotidy Boulevard".

A CNN não conseguiu, até ao momento, confirmar estas informações de forma independente. Estima-se que cerca de 90% da cidade de Mariupol já esteja destruída, depois de ter estado debaixo de bombardeamentos nas últimas semanas. 

Já o Ministério da Defesa da Rússia, citado pela Reuters, disse apenas ter aberto um corredor para as forças ucranianas que quisessem aceitar a oferta de Moscovo para deporem as armas, fornecendo-lhes assim uma forma de deixarem a Azovstal em segurança.

Ramzan Kadyrov, o líder da região russa da Chechénia e conhecido aliado do presidente Vladimir Putin, garantiu que a siderúrgica Azovstal em Mariupol seria capturada ainda esta terça-feira. 

Numa mensagem de áudio citada pela Reuters e divulgada através do Telegram, Kadyrov dizia que, "com a ajuda do Todo Poderoso", a fábrica de Mariupol seria hoje "completamente" dominada pelas forças russas. 

Ultimato dava prazo para rendição

Esta terça-feira, as tropas russas deram aos ucranianos que defendiam a Azovstal um novo ultimato, colocando como prazo o meio-dia em Moscovo - 10:00 em Portugal Continental - para a rendição. Segundo foi possível apurar pelos repórteres com fontes no local, os russos propuseram cessar hostilidades pelo meio-dia, estabelecendo-se em seguida uma comunicação entre ambos os lados que terminaria com a declaração de um cessar-fogo e a rendição do lado ucraniano.

Após a rendição, as tropas ucranianas teriam de sair das 14:00 às 16:00 de Moscovo (do meio-dia às 14:00 na hora de Portugal Continental) para abandonarem as instalações da fábrica. 

Segundo o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak, os acontecimentos em Mariupol tornaram as negociações de paz com a Rússia ainda mais complicadas. Citado pela Reuters, Podolyak realçou ainda que será difícil dizer quando acontecerá uma nova ronda de negociações, perante a aposta russa na segunda fase da "operação militar especial" na Ucrânia.

Precisamente a propósito desta nova fase da guerra, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo deu uma entrevista ao canal India Today, citada pela agência Tass: "A operação no leste da Ucrânia visa - como foi anunciado anteriormente - a libertação completa das repúblicas de Donetsk e Lugansk. Esta operação vai continuar. A próxima fase desta operação especial começa agora. E, parece-me, vai ser um momento importante durante esta operação especial", afirmou Sergei Lavrov.

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