Os sinais de que a guerra lhe está a causar ansiedade

12 mar 2022, 11:00
Tristeza pode ser sinal de alerta

Sensação de “nó na garganta”, dor de cabeça, tonturas, vontade de ir à casa de banho. A CNN Portugal pediu à psicóloga Nídia Franco que através de seis respostas esclareça quais os sintomas de alerta.e as formas de lidar com a ansiedade. Veja as explicações dadas pela especialista

1- A situação de guerra pode causar ansiedade?

A guerra instalada na Europa, mesmo a milhares de quilómetros de distância, num mundo globalizado acaba por afetar-nos a todos, direta ou indiretamente. Todos sabemos como as guerras começam, o horror e a destruição que provocam, mas ninguém consegue prever quando nem onde acabam. Estas incertezas acentuadas por uma pandemia que ainda não terminou levam-nos a alimentar inseguranças pela dificuldade inerente em planear o presente e o futuro próximo. Cada um reage de forma diferente a eventos perturbadores. Perante a complexidade e gravidade da guerra é normal experimentarmos sentimentos de medo, preocupação, ansiedade, angústia, apatia, tristeza, raiva e impotência.

2- Quais são os sinais de alerta?

 A ansiedade é .uma sensação de agitação, preocupação ou receio do que poderá acontecer. E quando sentida de uma forma excessiva e continuada, pode afetar o nosso desempenho. Podemos sentir que estamos esgotados, a perder o controlo, que vamos morrer ou enlouquecer. A nível físico, podemos experimentar tensão muscular, sensação de falta de ar, tremores, sensação de “nó na garganta” ou aperto no peito, dor de cabeça, tonturas, taquicardia, náuseas, vontade de ir à casa de banho, dificuldade em dormir. A nível psicológico, a ansiedade pode provocar, nervosismo, irritabilidade, incapacidade de relaxar e dificuldades na concentração.

3- É normal ter pensamentos catastróficos?

A ansiedade pode prejudicar o nosso pensamento. Os pensamentos tendem ser repetitivos, negativos e irrealistas. Podemos ter frequentemente medo que aconteça o pior. Estes pensamentos catastróficos poderão fazer com que nos sintamos ainda mais assustados e com que comecemos a evitar o contacto com determinadas pessoas, lugares e situações, conduzindo ao isolamento. A ansiedade pode afetar as nossas relações interpessoais. Muitas vezes, as pessoas podem evitar partilhar as suas preocupações e sentimentos com medo do julgamento dos outros ou com receio de não serem compreendidas. Importa sublinhar que a ansiedade não representa uma fraqueza e nada diz acerca do caráter das pessoas

4- Quando é que a situação se torna um problema grave?

Perante circunstâncias exigentes, como esta que estamos a viver, é normal e expectável sentirmos ansiedade. Mas se o nível de ansiedade for elevado e persistente por longos períodos de tempo e se interferir negativamente com a nossa capacidade de funcionar no dia-a-dia e com o nosso sono, devemos ficar atentos, podemos estar perante um problema de Saúde Psicológica. A Ansiedade enquanto perturbação psicológica torna-se extremamente incapacitante e limitadora e necessita de intervenção psicoterapêutica.

5- Sentir tristeza constante é sinal de algo?

A tristeza é uma das emoções básicas do ser humano. Perante toda a tragédia e sofrimento humano a que assistimos, é natural que, para além de ansiosos e preocupados, também nos sintamos tristes e angustiados. Grande parte dos sentimentos e estados de tristeza são provisórios e é expectável sentirmo-nos melhor uns dias ou uma ou duas semanas depois. Contudo, se os sentimentos de tristeza interferirem significativamente com a nossa vida, na realização das atividades quotidianas e não desaparecerem após duas semanas, ou se forem recorrentes, é importante pedir ajuda profissional.

6 - Como se pode lidar com a ansiedade ?

É fundamental observarmos e aceitarmos as nossas emoções, sem nos criticarmos por aquilo que estamos a sentir. É importante conhecermos a nossa ansiedade e os sintomas que  provoca em nós. Prestar atenção aos pensamentos e criar pensamentos alternativos positivos e realistas. Devemos focar a atenção no momento presente e nas coisas que conseguimos controlar, tentar perceber quais são as nossas necessidades e procurar satisfazê-las, adotando comportamentos saudáveis e pró-sociais. É indispensável refletirmos sobre as estratégias que nos ajudaram a relaxar e a gerir a ansiedade em situações adversas pelas quais já passámos. Este é também tempo de confiarmos na nossa capacidade de resiliência e de reforçarmos a expetativa de que os valores da democracia irão triunfar muito em breve. Devemos estar atentos e procurar ajuda profissional quando os nossos sentimentos e pensamentos prejudicam o nosso bem-estar.

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