Jornalistas tiveram de passar por apertados controlos de segurança. A TVI/CNN Portugal esteve lá e revela alguns pormenores dos bastidores
Foi numa estação de metro do centro de Kiev que Volodymyr Zelensky deu, este sábado, a primeira conferência de imprensa desde a invasão da Ucrânia pela Rússia.
As medidas de segurança foram muitas e, devido à profundidade da estação, as equipas de reportagem dificilmente conseguiam ter sinal para comunicar com o mundo exterior. Ainda assim, foi possível seguir em direto as primeiras respostas do presidente ucraniano a jornalistas nacionais e internacionais.
Zelensky press conference in the most unusual place, a metro station in Kyiv downtown. pic.twitter.com/fL6W0l9bBi
— Filipe Caetano (@filicaetano) April 23, 2022
No local, uma das primeiras estações de metro construídas em Kiev, estiveram cerca de 200 pessoas, entre jornalistas, repórteres de imagem, muitos elementos da segurança e do exército ucraniano, além dos enviados especiais de defesa do presidente.
A conferência de imprensa foi organizada de forma secreta, tendo os jornalistas que passar por vários graus de segurança. As identidades foram verificadas antes, foi-lhes atribuída uma credencial e, na viagem até à plataforma, foi tudo controlado várias vezes.
Os jornalistas chegaram cerca de uma hora e meia antes do presidente Zelensky, que, por volta das 17h30 (hora de Lisboa), desceu pelas escadas rolantes e sentou-se numa mesa, à frente da imprensa.
A "sala" improvisada estava decorada com muitas bandeiras da Ucrânia e havia cadeiras, luzes e outras condições previamente garantidas para facilitar o trabalho dos jornalistas.
Durante a conferência de imprensa, Zelensky ameaçou abandonar as negociações de paz caso as tropas russas matem os resistentes ucranianos que ainda se encontram na fábrica de Azovstal, em Mariupol, e caso a Rússia avance com “pseudo-referendos” em Kherson e Zaporizhzhia, para criar “pseudo-repúblicas” nestas regiões ocupadas pelas tropas russas. Também garantiu que não tem "medo" de se encontrar com Putin.
O presidente falou em ucraniano e emocionou-se ao falar do que está "a sofrer pelas crianças que têm morrido", sobretudo pela situação em Mariupol.
Zelensky fez ainda uma crítica a António Guterres, por visitar primeiro Moscovo - na terça-feira - e só depois Kiev - ao que tudo indica, na quinta-feira.
Um local simbólico
Pouco antes do presidente ucraniano chegar à conferência de imprensa, passou o último comboio deste sábado. O metro de Kiev está a funcionar, numa demonstração da normalidade possível na capital ucraniana.
Apesar de comunicar regularmente pelas redes sociais e de já ter feito intervenções, por videoconferência, para vários parlamentos do mundo, além de ter dado algumas entrevistas exclusivas, inclusivamente à CNN Internacional, esta foi a primeira vez que Zelensky reuniu os jornalistas para uma conferência de imprensa.
Recorde-se que a capital ucraniana vive num clima aparentemente pacífico, depois da retirada das tropas russas da zona, há cerca de três semanas. Apesar disso, o presidente ucraniano é sempre rodeado de fortes medidas de segurança e os locais onde permanece são mantidos em segredo.
Curiosamente, pouco tempo depois da conferência de imprensa, as sirenes voltaram a ouvir-se em Kiev.