Educação, táticas e combate. Ucrânia aprova pacote para poder aderir à NATO (mas há aliados com dúvidas)

28 nov 2023, 20:15
Volodymyr Zelensky em Bruxelas (GettyImages)

Kiev não desiste de se aproximar o mais possível da estrutura de segurança da NATO, mas nem todos os aliados podem estar de acordo

A Ucrânia aprovou esta terça-feira o programa de reformas destinado a preparar o país para aderir à NATO, tendo em conta a invasão russa. Este documento vai ser uma ferramenta de acompanhamento das reformas implementadas pela Ucrânia para aderir à NATO. No entanto, países como os Estados Unidos e a Alemanha mantêm dúvidas quanto à rápida adesão do país na Aliança Atlântica.

De acordo com o Evropeyska Pravda, o plano ucraniano está dividido em cinco partes, que dizem respeito a todas as dimensões necessárias para que a Ucrânia seja aceite na Aliança, à semelhança do que aconteceu com a Finlândia. O projeto está dividido em matérias políticas e económicas, matérias militares, questões de recursos, assuntos de segurança e temas jurídicas. Estas reformas devem englobar temas como a interoperabilidade das forças armadas com exércitos da NATO até a medidas de combate à corrupção, que englobam o sistema judicial, ou a defesa de minorias.

O Ministério da Defesa da Ucrânia destacou quatro pontos essenciais:

  • Educação e Formação para Operações em Ambiente Urbano e para Combate em Grandes Áreas Populacionais;
  • Procedimentos, Técnicas e Táticas de Operações Aéreas da NATO;
  • Conduzir Táticas Terrestres;
  • Operações Aeroespaciais.

A estratégia é descrita como sendo “tão concisa e prática” quanto possível, mas com um foco particular no setor da segurança e defesa. Tem apenas dez páginas, muito diferente das 300 do documento anterior. Espera-se que o documento seja apresentado pelo governo esta quarta-feira, dia 29 de novembro, na reunião do Conselho Ucrânia-NATO.

Mas existem dúvidas dentro da própria Aliança acerca da capacidade destas reformas tornarem a Ucrânia mais próxima da NATO. De acordo com o Pravda ucraniano, que cita vários diplomatas da NATO, os Estados Unidos da América e a Alemanha mantêm dúvidas quanto à rápida adesão do país na Aliança Atlântica.

A posição não é unânime. Alguns países acreditam que, depois de implementadas as reformas que aproximam a Ucrânia à NATO, deverá ser aberto o debate sobre a potencial adesão. Outros defendem que estas reformas são só uma ferramenta para acompanhar o progresso de Kiev nos vários campos. No entanto, ao final do dia, a decisão de deixar a Ucrânia entrar para a NATO é sempre uma decisão política.

“Em última análise, esta questão continua a ser uma decisão política”, disse um diplomata da NATO, citando, por exemplo, atrasos na Turquia e na Hungria na ratificação da candidatura da Suécia para aderir à Aliança devido a interesses nacionais. E a situação não seria resolvida do dia para noite mesmo que a guerra acabasse amanhã, uma vez que todos os membros tinham de concordar em avançar com o convite.

Alguns destes diplomatas sugerem mesmo que o programa que a Ucrânai acabou de aprovar é “menos rigoroso” do que o Plano de Ação necessário para adesão à NATO e conjunto de normas que todos os membros estão obrigados a cumprir para poder aderir.

Recorde-se que os participantes na cimeira da NATO deste ano em Vilnius concordaram em retirar a exigência de um Plano de Acção sobre a adesão no caminho da Ucrânia para a Aliança. Ao mesmo tempo, os aliados deixaram claro que convidariam a Ucrânia a aderir à NATO "quando as condições estiverem reunidas". 

O Secretário-Geral da Aliança, Jens Stoltenberg, disse na quarta-feira que os aliados da Aliança chegarão a acordo sobre recomendações relativas às reformas que a Ucrânia precisa de implementar para estar pronta para a adesão à NATO.

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