Operação foi pioneira em 2011, mas um tribunal sueco considerou que um dos pacientes não estava suficientemente doente para ser intervencionado
Um tribunal sueco condenou o cirurgião italiano Paolo Macchiarini por lesões corporais a um paciente após o transplante de uma traqueia sintética.
O procedimento, que decorreu em 2011 no Hospital da Universidade Karolinska, em Estocolmo, foi um dos três feitos pelo médico nessa instituição e considerados pioneiros na medicina regenerativa, dado terem sido os primeiros transplantes de traqueias sintéticas formadas a partir de células estaminais no mundo.
Contudo, escreve a AFP, citada pela France24, surgiram alegações de que pelo menos um dos pacientes não estava em estado suficientemente crítico na altura da cirurgia.
Durante o julgamento no Tribunal de Solna, os procuradores alegaram que Macchiarini ignorou a “ciência e a experiência”, acusando-o de danos corporais aos três pacientes, que não estariam suficientemente doentes.
O veredito final do juiz ilibou o cirurgião italiano das acusações relativas a dois dos pacientes, dado o seu grave estado de saúde, mas deu razão aos procuradores quanto ao terceiro.
"Na altura do procedimento do terceiro paciente, a experiência dos primeiros procedimentos era tal que o cirurgião deveria ter-se abstido de submeter mais um paciente à operação,", pode ler-se no acórdão do tribunal.
Macchiarini, de 63 anos, realizou oito cirurgias deste tipo entre 2011 e 2014, três na Suécia e cinco na Rússia. Todos os pacientes operados no país escandinavo já morreram, assim como quatro dos cinco na Rússia. Contudo, nenhuma das mortes está diretamente ligada à realização destes procedimentos cirúrgicos.
Pelo crime, o cirurgião italiano recebeu uma pena suspensa, sentença sujeita a reavaliação caso cometa novo crime num período de dois anos.