Do salário à formação, é isto que os trabalhadores valorizam na retenção de talento

27 ago 2023, 16:00
Numa nota informativa sobre ‘nómadas digitais’ publicada em março de 2021 a sociedade de advogados PLMJ lembra que o Orçamento do Estado para 2021 (OE2021) introduziu um novo conceito de estabelecimento estável. (Pexels)

Trabalhadores dão nota positiva às iniciativas de retenção de talento das empresas. Valorizam reforço salarial, mas também desenvolvimento de competências e plano de carreira

Numa altura em que as empresas têm sentido dificuldades significativas em encontrarem os trabalhadores certos para os cargos que têm à disposição, a retenção de talento tem vindo a ganhar mais importância junto dos empregadores. E os trabalhadores portugueses avaliam de modo positivo as iniciativas levadas a cabo nesse âmbito, conclui o estudo “Desenvolvimento Humano, fator chave para o sucesso de Portugal”, que foi divulgado esta segunda-feira.

“A maioria dos portugueses reconhece estas iniciativas e avalia positivamente (90%) as que são levadas a cabo pelo seu empregador para reter talento”, indica a análise da autoria do Cetelem, que frisa, porém, que apenas 12% consideram que a prática de retenção de talento da sua empresa é muito boa.

Convém notar que este estudo teve por base inquéritos realizados somente a empresas francesas em Portugal e a cidadãos em território nacional. No total, foram abrangidas 15 empresas com 250 trabalhadores ou mais, dez com 50 a 249 trabalhadores, quatro com 11 a 49 trabalhadores e quatro com menos de 10 trabalhadores. Já quanto aos indivíduos residentes em Portugal, foram ouvidos mil pessoas, com idades entre os 18 e os 74.

Ainda assim, estes dados podem dar sinais sobre o que sente hoje no mercado de trabalho, numa altura em que as empresas se deparam com dificuldades no preenchimento das vagas que colocam à disposição.

Desde o início da recuperação pós pandemia que as empresas portuguesas têm reclamado da escassez de talento, sobretudo em setores como o turismo, o comércio e a agricultura. A retenção de talento tem, por isso, assumido uma relevância adicional, conforme já têm sublinhado os especialistas em recursos humanos.

Ora, de acordo com o estudo agora conhecido, as iniciativas de retenção mais valorizadas pelos portugueses são: além das questões salariais, o desenvolvimento de competências, os planos de desenvolvimento de carreira e a promoção de equilíbrio entre a vida pessoal e profissional.

“Também os programas de reconhecimento do mérito ou a promoção de feedback são exemplos de iniciativas apreciadas. A par destas, são destacados como importantes a atribuição de benefícios (40%) ou a flexibilidade de horário (38%)”, é detalhado.

No que diz respeito aos benefícios, os mais apreciados são o acesso a refeitório (33%), os dias de férias extra além dos definidos por lei (31%) e os planos ou seguros de saúde (20%).

Por outro lado, quanto ao salário, mais de metade dos inquiridos indica que a sua remuneração não é adequada, ainda que se sintam valorizados nos seus empregos. Já 24% afirmam não se sentirem valorizados, nem remunerados justamente, e apenas 18% dos portugueses referem que são devidamente valorizados e remunerados.

Os baixos salários são um dos principais desafios do mercado laboral português. Tanto que o Governo fechou na Concertação Social um acordo com os parceiros sociais (à exceção da CGTP) para a valorização dos rendimentos. Esse acordo prevê referenciais para a subida dos ordenados, que não são, porém, vinculativos.

Por outro lado, depois da experiência generalizada de teletrabalho durante a pandemia, essa flexibilidade é hoje particularmente valorizada pelos trabalhadores. Aliás, quem, entre os inquiridos do estudo do Cetelem, tem a possibilidade de exercer a sua atividade profissional em teletrabalho (75%) ou em regime misto ou híbrido (82%), prefere estes regimes face ao presencial.

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