30 mil quilómetros percorridos e vários tratamentos: tudo o que a Família Batazu fez para tentar salvar o Tomás

10 fev 2023, 15:51
Família Batazu

O menino de 12 anos perdeu a batalha contra uma leucemia mieloide aguda, menos de dois anos depois de ser diagnosticado. A luta de uma família inteira, com avanços e recuos, foi sempre relatada no Instagram

Tomás foi diagnosticado com leucemia mieloide aguda em junho de 2021. Tinha 11 anos. Nessa altura, começava a luta de uma família inteira. A família Lamas criou uma página no Instagram, onde foi pedindo ajuda e relatando o dia-a-dia da luta contra a doença. Para o mundo, a família Lamas passou a chamar-se “Batazu”, que significa “guerreiro”, “lutador”, “combatente”.

Uma dor de ouvido e uma febre ligeira levavam a crer que fosse apenas uma otite. Mas os resultados de um hemograma não deixavam margem para dúvidas e trouxeram o primeiro embate. Depois vieram mais exames e o diagnóstico e a doença foi classificada como terminal.

Tomás fez quimioterapia e, apesar das complicações, a doença entrou em remissão. O que fez renascer a esperança na família Batazu. "Fez quimioterapia bastante intensiva desde abril até outubro, tivemos internamentos complicados, dias difíceis, até que entrou em remissão", contou o pai, Tomás Lamas, à CNN Portugal, em novembro de 2022.

Contudo, ao fim de poucos meses, num exame de rotina, veio o segundo embate: a doença tinha voltado. “Em março deste ano, a leucemia voltou a aparecer. Mudámos o plano: fazer novamente quimioterapia e fazer um transplante."

A família fez testes de compatibilidade e a irmã Mariana, de 9 anos, era totalmente compatível. Tomás tinha ainda Carlota, de 7 anos, e Francisco, de três. A compatibilidade a 100% entre Tomás e Mariana fez renascer a esperança, mas, em junho do ano passado, vieram de novo más notícias. A doença tinha voltado, apesar de novo ciclo de quimioterapia, e o transplante teve de ser adiado.

O pai, Tomás Lamas, médico intensivista no Hospital Egas Moniz e na CUF Tejo, não descansou enquanto não encontrou outras soluções para além da quimioterapia que teimava em não resultar. Foi assim que surgiu o primeiro tratamento com células CAR-T em Israel.

Unida, a família partiu para Telavive em agosto de 2022. Um voo de mais de quatro mil quilómetros, todos juntos. "Queríamos estar todos juntos, o máximo possível. E tinham-nos dito que o Tomás não ia ficar logo internado, estaria duas ou três semanas a fazer exames mas iria ter tempo livre", contava o pai, na mesma reportagem em novembro do ano passado.

Tomás e a família passaram um verão de aventura em Israel, com direito a passeios no deserto e a visitas ao Mar Vermelho e ao Mar Morto.

Depois, os irmãos regressaram a Portugal e Tomás foi internado. Foram 18 dias no Sheba Hospital, um hospital público, “sem luxos, mas muito bom”. Tomás fez os primeiros tratamentos com as células CAR-T, mas brincou, aprendeu inglês, experimentou comidas diferentes e até teve a visita de um professor de karaté que o ajudou a respirar melhor, para melhor suportar a dor.

Além disso, pai e filho iam passando o tempo a fazer pequenos filmes caseiros com que se divertiam e divertiam quem os seguia nas redes sociais.

A 26 de outubro de 2022, os Batazu regressaram a Portugal, após dois meses em Israel. Foram recebidos no aeroporto pelos irmãos e por amigos do Tomás. Imagens emocionantes que a família partilhou nas redes sociais.

Em novembro, Tomás tinha novamente o transplante marcado, mas voltou a ser cancelado, porque a doença teimava em voltar antes que o procedimento pudesse ser feito.

A família Lamas voltou a preparar-se para nova batalha e pediu ajuda. Era necessário levar Tomás à China para um novo tratamento com células CAR-T. E uma onda de amor e solidariedade percorreu o país. Em apenas quatro dias, a família conseguiu reunir os 350 mil euros necessários para levar o filho a Pequim.

A 3 de dezembro, antecipou-se o Natal lá em casa. As luzes piscavam na árvore quando as crianças desceram a escada para abrir os presentes. Tomás filho e Tomás pai estavam prestes a partir para a China e não sabiam exatamente quanto tempo iria demorar a viagem.

A 6 de dezembro, pai e filho foram em busca da cura. Foram quase 10 mil quilómetros e, por causa da pandemia, pai e filho estiveram sujeitos a uma semana de quarentena.

No final do ano, Tomás recebeu as tão ansiadas células CAR-T e duas semanas depois a surpresa da visita da mãe. A 2 de fevereiro, saía pela primeira vez do hospital após o tratamento e teve direito a uma “canja à moda de Pequim”, que o deixou com força para os primeiros pontapés.

Uma semana depois, a notícia que ninguém queria ler e que nenhum pai queria escrever era dada pelo pai Tomás: o pequeno Batazu tinha perdido a última batalha. À família e aos mais 47 mil seguidores que tinha no Instagram deixou uma lição de esperança e de resiliência.

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