Fim de semana com nova depressão, que até já tem nome: "Será uma tempestade mais intensa e abrangente em termos da ondulação"

2 nov 2023, 13:13

Estado do tempo volta a agravar-se, com pico na tarde de sábado. Serviços meteorológicos europeus devem decidir em breve dar nome à depressão na origem do mau tempo, para oficializar o fenómeno, uma vez que terá especial impacto em França, Espanha e também na costa portuguesa. Seguindo a lista com os nomes das tempestades, pode estar para breve a chegada da Domingos

Aguaceiros, vento moderado a forte e grande agitação marítima. É o que se espera a partir da noite de sexta-feira e durante todo o dia de sábado, até à manhã de domingo, 5 de novembro. O estado do tempo vai voltar a agravar-se e o nome da tempestade, a confirmar-se, até já está definido, na lista decidida pelos serviços meteorológicos europeus: chamar-se-á Domingos, caso o nosso Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) ou o serviço meteorológico de Espanha, França, Bélgica ou Luxemburgo decidam que o fenómeno terá um impacto no território que justifique especial atenção de vigilância meteorológica - ou seja, que mereça ser oficializado com um nome próprio. O primeiro país que emita esse aviso dá o nome à depressão/tempestade e informa os restantes países, que deverão manter o nome.

"A agitação marítima será constante, acima dos cinco metros, e irá intensificar-se na noite de amanhã [sexta-feira] e na manhã e tarde de sábado, será aí que atingirá o pico", diz o climatologista Mário Marques à CNN Portugal sobre a tempestade que se irá formar nos próximos dias. "Poderá provocar galgamentos e transgressão do mar nos locais mais vulneráveis", explica o especialista, acrescentando que sábado será dia para evitar passeios junto ao mar. 

Em comparação com a tempestade Ciarán, o ciclone-bomba que esta quinta-feira trouxe chuva, vento e ondas gigantes, a próxima tempestade deverá ser igualmente "outra ciclogénese-explosiva", indica Mário Marques. Recordando, um ciclone-bomba caracteriza-se por uma descida acentuada da pressão atmosférica, que baixa drasticamente em poucas horas: "Existe um gradeamento térmico, entre ar frio e ar quente, uma grande diferença de pressão entre as duas massas de ar que, ao se deslocarem, vai permitir que a pressão baixe e se produza uma curvatura ciclónica", explica o climatologista. 

No pior dos cenários, uma ciclogénese-explosiva pode evoluir para bombogénese, criando um fenómeno ainda mais intenso ao nível da meteorologia e levando a situações como as que aconteceram no ano passado na costa leste dos Estados Unidos, com inundações, vítimas mortais e grandes prejuízos materiais. "Existem vários estágios da intensificação de uma depressão, quando há uma ciclogénese-explosiva trata-se de um processo que se intensifica de forma rápida, que foi o que aconteceu nas últimas horas", acrescenta. Mas não é este o cenário esperado para o próximo fim de semana, admite. "Julgo que não, mas veremos. A bombogénese é uma situação extremamente severa", sublinha.

"O próximo fenómeno vai afetar-nos mais duramente, sobretudo em termos de ondulação", explica. "Viana do Castelo, Braga, Porto, serão os distritos mais afetados, Aveiro também, e na zona centro, Leiria e Figueira da Foz, também terão ondulação forte. As ondas poderão chegar aos sete ou oito metros", alerta o especialista. 

A tendência para agitação marítima deverá alastrar para sul, pelo que os cuidados, avisa Mário Marques, deverão abranger todo o litoral norte e centro, incluindo-se as linhas de Cascais e Oeiras, onde existem locais mais vulneráveis a inundações. 

"O pior impacto não vai ser em Portugal, mas esta tempestade vai afetar maior área da costa portuguesa, será mais intensa e abrangente em termos de ondulação", frisa o climatologista.

Ao final da manhã desta quinta-feira, o IPMA colocou em alerta amarelo para sábado, dia 4, sete distritos do continente - Aveiro, Viseu, Porto, Braga, Viana do Castelo, Vila Real e Bragança - devido à precipitação e vento forte. Mas toda a costa continental tem já aviso laranja devido à agitação marítima.

Espanha e França deverão ser os países mais afetados pelo agravamento do estado do tempo que se espera no fim de semana: "Em França, terá impacto direto em toda a costa oeste, entre Bretanha e Bordéus, no País Basco francês", antecipa Mário Marques. "A Ciarán passou no Canal da Mancha, não atingiu uma superfície terrestre tão grande", acrescenta o climatologista. 

Ciarán passou "de raspão" em Portugal mas chuva e vento vão continuar

As próximas horas deverão trazer alguma acalmia no estado do tempo, antes da chegada da nova depressão. A Ciarán passou "de raspão" por Portugal mas, ainda assim, deixou marca na madrugada desta quinta-feira.

"O vento era o principal factor de risco e houve rajadas que atingiram os 70 ou 80 km/hora", observa Mário Marques. "Mas a situação irá evoluir de forma mais favorável nas próximas horas", assinala o climatologista, ainda que continuem a chuva e o vento, de moderado a forte.

Viana do Castelo, Braga, Porto, Aveiro, Coimbra, Leiria e Lisboa estão já sob aviso vermelho entre as 09:00 desta quinta-feira e as 15:00 de sexta-feira, devido à previsão de “ondas de noroeste com altura significativa de sete a oito metros, podendo atingir a altura máxima de 14/15 metros”. Prevê-se que este aviso vermelho seja prolongado, perante a aproximação da nova tempestade.

A Proteção Civil deixou as habituais recomendações à população, para que garanta a desobstrução dos sistemas de escoamento das águas pluviais e retirada de objetos que possam ser arrastados ou criem obstáculos ao livre escoamento das águas, pedindo igualmente a adequada fixação de estruturas soltas, nomeadamente andaimes e outras estruturas suspensas, e especial cuidado na circulação junto de áreas arborizadas, devido à queda de ramos e de árvores.

Recomenda-se também especial cuidado na circulação junto da orla costeira e zonas ribeirinhas historicamente mais vulneráveis a galgamentos costeiros, sendo de evitar a prática de pesca desportiva, desportos náuticos e passeios à beira-mar. 

A tempestade Ciarán também está a afetar, esta quinta-feira, o sul do Reino Unido, Espanha e França. O aeroporto de Gatwick, em Londres, chegou mesmo a cancelar alguns voos e centenas de escolas encerraram no sul de Inglaterra.

Em França, onde se têm registado as situações mais graves, o motorista de um camião morreu e 1,2 milhões de residências ficaram sem eletricidade. O governo apelou à população para evitar deslocações rodoviárias e os departamentos de Côtes d'Armor, na costa da Bretanha, e da Mancha, na Normandia, estão sob aviso vermelho devido ao vento forte. Outras 24 regiões francesas, todas na costa atlântica, estão em aviso laranja devido à tempestade.

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