Ministério da Defesa taiwanês afirmou esta quarta-feira ter detetado quatro balões chineses sobre a linha mediana do Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental
Uma associação chinesa para as relações com Taiwan pediu esta quarta-feira aos taiwaneses que tomem "a decisão certa" nas eleições de dia 13, que qualificou de escolha "crucial entre a paz e a guerra".
"São uma escolha crucial entre a paz e a guerra, entre a prosperidade e a recessão", afirmou o presidente da Associação chinesa para as Relações entre os dois lados do Estreito de Taiwan, Zhang Zhijun, de acordo com a agência de notícias estatal chinesa Xinhua.
O responsável instou os taiwaneses a permanecerem "do lado certo da história" e a trabalharem "para o desenvolvimento pacífico das relações" dos dois lados do Estreito.
Zhang indicou ainda que Pequim não vai alterar "a sua aspiração original de promover o intercâmbio e a cooperação entre as duas margens do Estreito".
"Continuaremos a opor-nos à independência de Taiwan e a qualquer interferência do exterior", acrescentou.
Pequim, que considera Taiwan parte integrante do território chinês, há muito que promete voltar a integrar a ilha, recorrendo à força se necessário.
No discurso de Ano Novo, o Presidente chinês, Xi Jinping, afirmou que a reunificação da China com Taiwan é inevitável, não tendo mencionado as eleições presidenciais e legislativas de Taiwan.
O candidato do Partido Democrático Progressista, no poder, e atual vice-presidente de Taiwan, William Lai Ching-te, lidera as sondagens nas eleições.
A Presidente de Taiwan afirmou na segunda-feira esperar uma "coexistência pacífica" a longo prazo entre Taipé e Pequim e sublinhou que o futuro das relações deve ser decidido pelos "procedimentos democráticos" da ilha, que em breve realiza eleições.
"Esperamos que os dois lados [do Estreito de Taiwan] retomem o mais rapidamente possível intercâmbios saudáveis e sustentáveis", declarou Tsai Ing-wen no discurso de Ano Novo, o último antes do fim do mandato, em maio.
"Esperamos também que as duas partes procurem conjuntamente uma via, estável e a longo prazo, para uma coexistência pacífica", acrescentou.
A China cortou as comunicações de alto nível com o Governo de Tsai desde que a líder foi eleita, em 2016, e aumentou a pressão militar, diplomática e económica sobre o território.
Tsai, que se recusa a reconhecer as reivindicações territoriais da China, afirmou no discurso de Ano Novo a necessidade de Taiwan defender a democracia.
"Face ao regresso do conflito entre democracia, liberdade e autoritarismo no mundo, a única escolha para Taiwan no futuro é continuar a defender a democracia e proteger a paz", declarou.
Taiwan detecta balões chineses a sobrevoar a ilha pelo segundo dia consecutivo
O Ministério da Defesa taiwanês afirmou esta quarta-feira ter detetado quatro balões chineses sobre a linha mediana do Estreito de Taiwan, que separa a ilha da China continental, três dos quais a sobrevoar diretamente a Formosa.
Um gráfico publicado pelo ministério mostra três balões a dirigirem-se para nordeste da ilha, na terça-feira, depois de terem aparecido "a sudoeste de Ching-Chuan-Kang", onde se situa uma base aérea militar, na cidade de Taichung, no oeste taiwanês.
A altitude mais baixa medida para um deles foi de 3,6 quilómetros.
Os avistamentos de balões chineses em Taiwan começaram no mês passado e ocorrem a menos de duas semanas das eleições presidenciais na ilha, a 13 de janeiro.
Em dezembro, o ministério registou seis avistamentos de balões. E esta quarta-feira é o segundo dia consecutivo em que estes objetos voadores são detetados sobre Taiwan, depois de, na terça-feira, as autoridades terem registado o avistamento, na segunda-feira, de dois balões.
Para o especialista em conflitos Ou Sifu, do Instituto Nacional de Investigação em Defesa e Segurança de Taiwan, estes balões são utilizados por Pequim como forma de "coação militar e guerra psicológica".
"As eleições presidenciais estão a aproximar-se e os balões são uma espécie de instrumento de intimidação militar", disse à agência de notícias France-Presse.
Nos últimos anos, Pequim intensificou a pressão militar e política sobre Taiwan, que reivindica como parte do território chinês.