Síria: dois mortos em ataque de ‘drone’ turco contra uma base curda

Agência Lusa , MJC
22 nov 2022, 19:36
Síria (AP)

O ataque com ‘drone’ ocorreu três dias após a aviação turca ter desencadeado a operação “Garra de Espada” com uma série de raides aéreos na noite de sábado e no domingo antes do amanhecer conta posições do PKK e do YPG no norte da Síria e no vizinho Iraque

Um ‘drone’ turco bombardeou esta terça-feira na Síria uma base conjunta das forças curdas e da coligação internacional ‘anti-jihadista’ liderada pelos EUA, provocando dois mortos, indicaram forças curdas e uma ONG, com os norte-americanos a afirmarem que não estiveram em perigo.

As Forças Democráticas Sírias (FDS, uma aliança dominada pelos curdos), apoiadas pela coligação internacional liderada pelos Estados Unidos, têm estado na linha da frente no combate ao grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico (EI), expulso dos seus bastiões na Síria em 2019.

Centenas de soldados da coligação internacional, incluindo norte-americanos, estão ainda deslocados nas zonas sob controlo curdo no norte da Síria, um país dilacerado pela guerra que eclodiu em 2011.

“Uma base comum de planificação e de lançamento de operações conjuntas contra o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico foi visada por um ‘drone’ turco” no setor norte da cidade de Hassakeh no nordeste sírio, declarou à agência noticiosa AFP Farhad Shami, um porta-voz das FDS.

Segundo indicou, dois combatentes das FDS foram mortos no ataque e três ficaram feridos.

O comando militar norte-americano para o Médio Oriente (Centcom) indicou por sua vez que “não foi atingido pelos ataques qualquer dos locais que acolhe o pessoal americano”.

“As forças americanas não estiveram em perigo”, acrescentou, para precisar que “os ataques mais próximos estavam pelo menos a 20-30 quilómetros” das mesmas.

“Opomo-nos a qualquer ação militar que desestabilize a situação na Síria”, indicou Joe Buccino, porta-voz do Centcom.

“Estas ações ameaçam os nossos objetivos comuns, incluindo a contínua batalha contra o EI para assegurar que o grupo nunca mais reapareça e ameace a região”, acrescentou.

A Turquia qualifica de “terrorista” as Unidades de proteção popular (YPG), a principal formação das FDS, e que considera uma extensão dos rebeldes curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK).

Sem precisar o local exato atingido, Shami disse tratar-se de uma “base de operações” da coligação internacional e das FDS, 25 quilómetros a norte da cidade de Hassakeh.

O Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) confirmou que a base conjunta foi atingida, além da morte de dois combatentes.

O ataque com ‘drone’ ocorreu três dias após a aviação turca ter desencadeado a operação “Garra de Espada” com uma série de raides aéreos na noite de sábado e no domingo antes do amanhecer conta posições do PKK e do YPG no norte da Síria e no vizinho Iraque.

A operação turca foi lançada uma semana após um atentado à bomba em 13 de novembro em Istambul que provocou seis mortos e 81 feridos, atribuído por Ancara ao YPG e aos membros do PKK, que negaram qualquer envolvimento.

Na manhã de hoje, as FDS apelaram aos Estados Unidos e à Rússia, aliada do Governo sírio, a contribuírem para um desanuviamento da tensão após os ‘raides’ mortíferos da Turquia contra os seus combatentes e as ameaças turcas de uma operação terrestre.

O Presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, garantiu hoje que lançará “assim que for possível” uma operação militar terrestre “com tanques e artilharia” contra posições curdas no norte da Síria e do Iraque.

“Nos últimos dias, sobrevoamos os terroristas com o apoio da nossa Força Aérea, dos nossos ‘drones’ [aeronaves não tripuladas]. Se Deus quiser, vamos eliminá-los em breve com os nossos soldados, armas e tanques”, afirmou Erdogan, ao inaugurar uma barragem no Mar Negro, no norte do país.

Hoje, o ministro da Defesa da Turquia, Hukusi Akar, reivindicou que os últimos bombardeamentos turcos deixaram “fora de combate” 184 alegados guerrilheiros curdos no norte da Síria e do Iraque, enquanto as forças turcas mantêm ataques de artilharia contra cidades no norte do território sírio. 

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