Um português como Palop e a memória de Antonio Puerta

15 mai 2014, 10:52
Beto

Sevilha vence a segunda Liga Europa na sexta decisão com recurso a castigos máximos.

Há trinta anos, a primeira final da Taça UEFA/Liga Europa decidida com o recurso a grandes penalidades sorriu ao Tottenham. Foi a 23 de maio de 1984. Porém, a lotaria mais recente tem uma ligação próxima com a final de Turim: em 2007, o Sevilha levantou o troféu após desempate por castigos máximos frente ao Espanhol.

Comecemos por aí. A formação andaluza tinha vencido a edição anterior da prova (4-0 frente ao Middlesbrough) e conquistado a Supertaça Europeia frente ao Barcelona por 3-0. Apresentava-se numa forma impressionante.

Em março, Palop foi elevado ao estatuto de herói com um golo de cabeça frente ao Shakhtar Donetsk, forçando o prolongamento. Chevantón agradeceu a inspiração do guarda-redes e garantiu a continuidade do Sevilha no tempo-extra.



Andrés Palop, atualmente com 40 anos, tornou-se ainda mais decisivo na final. A 26 de maio de 2007, em Glasgow, Palop defendeu três grandes penalidades na decisão frente ao Espanhol de Barcelona (2-2 após prolongamento, 1-3 nos castigos máximos).

Porém, outro nome ficou para a história do Sevilha. Por razões pouco felizes.

António Puerta, jovem defesa formado no clube, assumiu a responsabilidade de converter o penálti decisivo. Com sucesso. Tinha 22 anos e festejou como poucos aquela conquista.

Infelizmente, o jogador faleceu a 28 de agosto desse mesmo ano, na sequência de um episódio cardíaco numa partida frente ao Getafe. O seu nome ficou marcado para sempre.



Esta noite, o filho do malogrado jogador também celebrou esta vitória de uma forma especial.


Beto entra na história e repete o 13 de dezembro de 2008

Sete anos mais tarde, o clube andaluz regressou à final da Taça UEFA/Liga Europa e levantou o troféu pela terceira vez. Desta vez sem Palop mas com Beto a assumir o mesmo papel, com idêntica felicidade.

Durante o tempo regulamentar e o prolongamento, o internacional português voltou a demonstrar a sua qualidade, sobretudo numa defesa por instinto a um remate de Maxi Pereira na grande área.

Nas grandes penalidades, Beto assumiu-se como especialista, travando os remates de Oscar Cardozo e Rodrigo.

A 13 de dezembro de 2008, curiosamente, o guarda-redes já tinha eliminado o Benfica nestas circunstâncias. Estava então no Leixões e, para a Taça de Portugal, garantiu o triunfo ao parar o ensaio decisivo de… José Antonio Reyes, atual companheiro de equipa no Sevilha.

António Alberto Bastos Pimparel, atualmente com 32 anos, vence a sua segunda Liga Europa (fizera o mesmo pelo FC Porto em 2010/11) e recupera a memória de um ‘diálogo’ com Jorge Jesus. Em 2009, o treinador disse que um guarda-redes devia ter mais de 1,83 metros para ser excelente. «Li o que o Jorge Jesus disse. Respeito a opinião dele, mas a resposta que posso dar é mostrar dentro de campo que isso não é verdade», respondeu então Beto. 

Fica mais uma curiosidade: na véspera da final, a  Maisfutebol Total  publicou declarações de Carlos Pires, que orientou Beto e Oblak. Em conversa com Sérgio Pereira, enviado-especial a Turim, o técnico lançou um prognóstico certeiro.

«Mais decisivo? O Beto. Porquê? Vejo o Beto como mais provável para decidir uma final. E só por uma razão: nestes jogos ele transforma-se. Parece que fica outro. Então se o jogo for a penálties, ele motiva-se até ser decisivo.»


Beto foi um dos portugueses a festejar a conquista da Liga Europa esta noite. Daniel Carriço (titular) e Diogo Figueiras (suplente utilizado) também saíram com sorrisos da longa noite de Turim. O Sevilha volta a ser mais felizes em finais decididas por castigos máximos.

As finais decididas através de grandes penalidades:

1983/84: Tottenham-Anderlecht, 4-3 nas gp.
1987/88: Bayer Leverkusen-Espanhol, 3-2 nas gp.
1996/97: Schalke04-Inter Milão, 1-4 nas gp
1999/00: Galatasaray-Arsenal, 4-1 nas gp
2006/07: Espanhol-Sevilha, 1-3 nas gp
2013/14: Sevilha-Benfica, 4-2 nas gp

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