Marinha russa inicia exercícios de grande escala no Báltico

Agência Lusa
24 jan 2022, 16:57

Vinte navios de guerra, canhoneiras e navios de apoio participam nestes exercícios

A Marinha russa iniciou esta segunda-feira exercícios em grande escala no Mar Báltico, coincidindo com o aumento das tensões na fronteira com a Ucrânia, anunciaram as autoridades russas.

Vinte navios de guerra, canhoneiras e navios de apoio estão a participar nos exercícios, disse o serviço de imprensa da Frota do Mar Báltico num comunicado citado pela agência noticiosa Interfax.

Os navios zarparam das suas bases permanentes e “dirigem-se para áreas designadas do Mar Báltico para desempenhar várias missões como parte de um exercício de treino de combate de rotina”, lê-se na declaração, segundo a agência de notícias espanhola EFE.

Os navios participantes nas manobras serão divididos em vários grupos táticos e realizarão exercícios de defesa antissubmarinos e antiaéreos, entre outros, “ao mesmo tempo que executam manobras práticas de combate”, disse a Marinha russa.

As manobras navais no Mar Báltico coincidem com outros exercícios russos na sua fronteira ocidental, que têm sido descritos como preocupantes pelo Ocidente.

Militares transferidos para a Bielorrúsia

A Rússia está atualmente a transferir unidades militares e equipamento para a Bielorrússia para participar nos exercícios "Allied Determination 2022", que decorrerão entre 10 e 20 de fevereiro.

O objetivo dos exercícios é testar a capacidade das forças de reação rápida russas e bielorrussas.

Em 20 de janeiro, a Marinha russa anunciou exercícios em larga escala a nível nacional envolvendo mais de 140 navios e quase 10.000 tropas.

Na altura, o Ministério da Defesa da Rússia disse que as manobras visam a “defesa dos interesses nacionais russos nos mares” e a “luta contra as ameaças militares” ao país.

O ministério precisou então, em comunicado, que navios e aviões russos vão efetuar exercícios em águas territoriais e internacionais, desde o mar Mediterrânico ao mar do Norte e mar de Okhotsk, e no Oceano Pacífico e parte nordeste do Atlântico.

A Irlanda criticou esta segunda-feira a Rússia por organizar exercícios militares numa área a cerca de 150 milhas (cerca de 240 quilómetros) ao largo da costa sudoeste irlandesa numa altura de elevada tensão sobre a Ucrânia.

“O facto de [os russos] escolherem fazê-lo nas fronteiras ocidentais […] da UE, ao largo da costa irlandesa, é algo que, a nosso ver, simplesmente não é bem-vindo nem desejado neste momento, particularmente nas próximas semanas”, disse o ministro irlandês dos Negócios Estrangeiros, Simon Coveney, em Bruxelas.

A Rússia nega estar a considerar uma invasão da Ucrânia e defende o seu direito de realizar manobras no seu território, rejeitando que os exercícios militares representem uma escalada na fronteira com o país vizinho.

O comunicado da Frota do Báltico sobre o início dos exercícios coincide com o anúncio da Organização do Tratado do Atlântico Norte (NATO) sobre o reforço das forças aliadas na Europa Oriental, face à atividade militar da Rússia na fronteira com a Ucrânia.

Numa declaração divulgada esta segunda-feira, em Bruxelas, a NATO deu conta do reforço de meios na região, em curso e futuros, por parte da Dinamarca, Espanha, França, Países Baixos e Estados Unidos.

“A NATO continuará a tomar todas as medidas necessárias para proteger e defender todos os Aliados, inclusive através do reforço da parte oriental da Aliança”, disse o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, citado na declaração.

“Responderemos sempre a qualquer deterioração do nosso ambiente de segurança, inclusive reforçando a nossa defesa coletiva”, acrescentou o político norueguês.

Zelensky pede à UE para se manter unida face à Rússia

O Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, apelou esta segunda-feira à União Europeia (UE) para que se mantenha unida face à Rússia, numa reunião com o presidente do Conselho Europeu e após declarações polémicas do chefe da marinha alemã.

Zelensky "sublinhou que para a Ucrânia é importante preservar a unidade de todos os países membros da UE na proteção da soberania e integridade territorial" do seu país, face aos receios de uma invasão russa, afirmou a Presidência ucraniana em comunicado.

"A Ucrânia não cederá às provocações, pelo contrário, manterá a calma com os seus parceiros", acrescentou, enquanto Moscovo voltou a acusar Kiev de preparar uma ofensiva contra os separatistas pró-russos no leste do país.

As declarações surgem na sequência de uma declaração polémica do chefe da marinha alemã, Kay-Achim Schönbach, de que a Ucrânia não recuperará a península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, que é importante para os europeus ter a Rússia do mesmo lado, contra a China, e que o Presidente russo, Vladimir Putin, merece “respeito”.

Na sequência das declarações, num evento na Índia na sexta-feira, o vice-almirante Schönbach apresentou a demissão.

O desagrado de Kiev também está relacionado com a persistente recusa da Alemanha em entregar armas à Ucrânia, uma posição que considera suscetível de "encorajar" a Rússia.

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