Que países não condenaram a invasão russa à Ucrânia?

Pedro Falardo , com Lusa
25 fev 2022, 14:51
Xi Jinping e Vladimir Putin

Da China à Venezuela, são vários os países que se abstiveram de falar contra as movimentações da Rússia, tendo alguns apoiado a ação do presidente russo

Desde o início da operação decretada por Vladimir Putin que as condenações à invasão russa à Ucrânia se têm multiplicado. Contudo, entre as condenações unânimes em todo o mundo ocidental, vários países recusaram repudiar e alguns expressaram mesmo o seu apoio às movimentações russas em território ucraniano.

Talvez o mais relevante deles todos seja a China. Numa conferência de imprensa nesta quinta-feira, a porta-voz do governo chinês, Hua Chunying, recusou caracterizar a operação russa como “invasão”, apesar de reconhecer que a Ucrânia é um Estado independente e soberano. Chunying aproveitou, também, para acusar os Estados Unidos de promoção do clima de guerra.

Na ONU, o embaixador chinês Zhang Jun apelou a uma resolução pacífica do conflito “em linha com os propósitos e princípios da Carta das Nações Unidas”, recusando igualmente condenar a ação russa. Também na quinta-feira a China anunciou o levantamento de todas as restrições à importação de trigo russo, aliviando, dessa forma, o impacto das sanções ocidentais ao país.

Já esta sexta-feira, numa conversa com Vladimir Putin, o presidente Xi Jinping apelou à resolução dos problemas "por meio das negociações". O líder chinês acrescentou que Pequim “respeita a soberania e a integridade territorial dos Estados”, mas ressalvou que é “importante respeitar as preocupações legítimas de segurança de todos os países envolvidos”.

A Índia, que tem relações muito próximas com a Rússia a nível militar, também não condenou a invasão. Numa chamada telefónica com Vladimir Putin na quinta-feira, o primeiro-ministro Narendra Modi apenas apelou ao cessar-fogo imediato do conflito na Ucrânia, enquanto o ministério indiano dos Assuntos Exteriores referiu que o país “está a seguir atentamente o desenrolar dos acontecimentos na região”.

O Irão, apesar de não ter demonstrado apoio à invasão, condenou o papel da NATO no conflito, com o ministro iraniano dos Negócios Estrangeiros a afirmar que a guerra é resultado de “provocações da Aliança”. Por seu turno, o presidente iraniano Ebrahim Raisi garantiu a Putin, por telefone, que apoiaria uma garantia de não-expansão da NATO.

Mais inequívocas foram as reações de Myanmar e da Síria. O porta-voz da junta em Myanmar, o general Zaw Min Tun, afirmou ao The New York Times, que "no caso da Rússia e da Ucrânia, a Rússia fez a sua parte para manter a soberania".

"Acho que é a coisa certa a fazer. A Rússia também é um grande país entre as potências mundiais e está a mostrar que também desempenha um papel importante no balanço da manutenção da paz mundial", afirmou Min Tun por telefone.

Por sua vez, o presidente sírio Bashar Al-Assad, que já tinha apoiado o reconhecimento da independência das autoproclamadas repúblicas de Donetsk e Lugansk, comunicou a Putin, numa chamada efetuada na sexta-feira, o apoio total à posição russa.

“Sua Excelência (Assad) reforçou que a Síria está ao lado da Federação Russa, baseada na convicção da veracidade da sua posição”, referiu a presidência síria em comunicado, citado pela Reuters.

Na América do Sul, o governo venezuelano, aliado de Putin, repudiou as sanções à Rússia, por atentarem contra os direitos humanos do povo russo, e pediu uma “resolução pacífica” do conflito.

“A República Bolivariana da Venezuela, em conformidade com a sua diplomacia constitucional de paz, faz os seus melhores votos para a resolução pacífica deste conflito, rejeitando ao mesmo tempo a aplicação de sanções ilegais e ataques económicos contra o povo russo, que afetam maciçamente o gozo dos seus direitos humanos”, afirmou um comunicado do Ministério de Relações Exteriores venezuelano, que também condenou as violações dos Acordos de Minsk pela NATO, “promovidas pelos Estados Unidos da América”.

Também no continente sul-americano, o presidente Jair Bolsonaro recusou emitir qualquer condenação, tendo mesmo desautorizado o seu vice-presidente, que se pronunciou sobre a matéria.

Durante o habitual direto de quinta-feira do presidente brasileiro nas redes sociais, Bolsonaro manifestou-se contra a tomada de posição de Hamilton Mourão, que afirmou que o Brasil “não é neutro” e que condena a invasão russa.

"Deixo bem claro: o artigo 84 (da Constituição do Brasil) diz que quem fala sobre esse assunto é o presidente. E o presidente chama-se Jair Messias Bolsonaro. E ponto final. Com todo o respeito por essa pessoa que falou - e falou mesmo, eu vi as imagens - está a falar de algo que não deve. Não é da competência dela. É da minha competência", declarou Bolsonaro.

Pode seguir todos os eventos da invasão russa à Ucrânia, 24 sobre 24 horas, aqui na CNN Portugal.

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