O presidente russo falou ao país e declarou este domingo como dia de luto nacional
O presidente russo acusou, este sábado, a Ucrânia de ter “preparada uma janela” para que os suspeitos do ataque à sala de espetáculos Crocus City Hall conseguissem passar a fronteira. Num discurso transmitido pela televisão estatal, Vladimir Putin revelou que os suspeitos “tentaram fugir em direção à Ucrânia”, mas que foram “encontrados e detidos”. Ao todo, foram feitas 11 detenções, revelou, indicando que quatro dizem respeito a autores diretos do ataque.
“Eles tentaram esconder-se e seguiram em direção à Ucrânia, onde, segundo dados preliminares, foi preparada uma janela para eles cruzarem a fronteira”, disse, citado pela noticia a agência russa de notícias TASS.
Ainda antes de Putin falar ao país, o conselheiro presidencial ucraniano Mykhailo Podolyak negou qualquer envolvimento da Ucrânia no ataque desta sexta-feira, que, até ao momento, já tirou a vida a mais de 133 pessoas.
“A Ucrânia não tem a menor ligação a este incidente. A Ucrânia trava uma guerra em grande escala com a Rússia e resolverá o problema da agressão da Rússia (agressão, aliás, com um componente terrorista deliberado) no campo de batalha. As versões dos serviços especiais russos sobre a Ucrânia são absolutamente insustentáveis e absurdas”, escreveu na rede social X, antigo Twitter.
Ukraine certainly has nothing to do with the shooting/explosions in the Crocus City Hall (Moscow Region, Russia). It makes no sense whatsoever.
— Михайло Подоляк (@Podolyak_M) March 22, 2024
First of all, Ukraine has been fighting with the Russian army for more than two years. And everything in this war will be decided only…
Também Andriy Yusov, da Direção Principal de Informação da Ucrânia, negou qualquer envolvimento. Em declarações à Reuters, também antes da mensagem televisiva de Putin, Yusov disse que “esta é, obviamente, mais uma mentira dos serviços especiais russos, que nada tem em comum com a realidade”. “É claro que a Ucrânia não esteve envolvida neste ataque terrorista. A Ucrânia está a defender a sua soberania dos invasores russos, libertando o seu próprio território e está a lutar com o exército e alvos militares dos ocupantes, não com civis”, destacou.
Vladimir Putin afirmou que o Serviço Federal de Segurança da Rússia e outras agências de aplicação da lei “estão a trabalhar para identificar e descobrir toda a base cúmplice de terroristas: aqueles que lhes forneceram transporte, traçaram rotas de fuga da cena do crime, prepararam esconderijos e esconderijos de armas e munições”.
O presidente russo classificou o atentado em Moscovo como um “ato terrorista bárbaro e sangrento” e declarou um dia de luto nacional na sequência, que será assinalado este domingo, 24 de março.
“Estou a falar-vos após um ato terrorista bárbaro e sangrento, cujas vítimas foram dezenas de pessoas pacíficas e inocentes, nossos compatriotas, incluindo crianças, adolescentes e mulheres”, começou por dizer o presidente russo no seu discurso.
Uma vez que os suspeitos estão agora detidos, Putin assegurou que estes “terroristas e assassinos” só podem esperar uma coisa: “a punição”
“Todos os perpetradores, organizadores e autores deste crime sofrerão uma punição justa e inevitável, não importa quem sejam, não importa quem os dirige”, vincou, deixando ainda claro que “identificaremos e puniremos todos os que estão por trás dos terroristas, que prepararam este ataque à Rússia”, acrescentou.
Na sequência deste ataque, Putin afirmou ainda que tanto em Moscovo como “em todas as regiões do país”, foram “introduzidas medidas adicionais antiterroristas e anti-sabotagem”.
“O principal agora é evitar que aqueles que estão por trás deste banho de sangue cometam um novo crime”, destacou.
No seu discurso, Vladimir Putin não fez qualquer menção ao Estado Islâmico, mesmo o grupo já tendo reivindicado a autoria do ataque.