Exatamente dois anos depois de ter dado ao Corinthians o título mundial de clubes, o técnico regressa para relançar a carreira. Destinado a comandar o escrete?
Tite está de volta ao «Timão».O futebol brasileiro é mesmo assim, convive bem com diminutivos, nomes de afeto e não de registo.
Se começássemos este texto referindo que Adenor Leonardo Bachi será o treinador do Corinthians para 2015, não tinha o mesmo impacto: embora o significado fosse exatamente o mesmo.
Na eterna «dança de cadeiras» dos técnicos no Brasil, Tite tem sido uma exceção à regra. Nos últimos anos, associou o seu nome ao Corinthians, desde que regressou da experiência (bem sucedida) nos Emiratos Árabes Unidos.
Exatamente dois anos depois de ter dado ao conjunto paulista o seu único título mundial de clubes (meses depois de ter conquistado também a Libertadores da América), Tite volta ao emblema do Pacaembu.
A HOMENAGEM DA «TORCIDA DA FIEL» A TITE DEPOIS DO TÍTULO MUNDIAL
Valeu, Tite
O caso não é para menos: técnico há 25 anos (desde que em 1990 iniciou a carreira no banco no modesto Guarany de Garibaldi), Tite tem vindo a marcar uma imagem que mistura autoridade com autenticidade.
Três anos depois do arranque no banco, obtém o título da segunda divisão gaúcha, pelo Veranópolis. Os primeiros anos foram de subida lenta pelos clubes gaúchos (Ypiranga de Erechim e Juventude).
O ano 2000 foi decisivo na afirmação de Tite como treinador de dimensão nacional no futebol brasileiro.
Pelo Caxias, conquistou o estadual gaúcho, superiorizando-se a emblemas bem mais cotados, como o Grêmio ou o Inter de Porto Alegre.
O sucesso no estadual em 2000 abriu-lhe caminho para o Grêmio de Porto Alegre, no ano seguinte. Volta a vencer o estadual e soma também a Taça do Brasil. Estava definitivamente firmado como treinador a ter em conta para os principais clubes brasileiros.
Amor à primeira vista
Depois de passagem pelo São Caetano, Tite chegaria ao Corinthians pela primeira vez em 2004. E foi amor à primeira vista: criou relação duradoura com os adeptos do clube paulista, pela forma como alcandorou o Timão da quase descida para o quinto lugar do Brasileirão.
Seguiu-se o Atlético Mineiro e no Palmeiras, em 2006, viria a sentir pela primeira vez as contradições do futebol brasileiro: apesar de ter voltado a fazer trabalho «milagroso» (de novo da quase descida para um lugar de destaque), acabou despedido, por incompatibilidades com jogadores influentes.
As aventuras nos Emiratos
Contrastando com uma certa mentalidade fechada de outros treinadores brasileiros conceituados, Tite optou por desenvolver parte da sua carreira fora da realidade nacional.
Por duas vezes esteve nos Emiratos Árabes Unidos, com passagem pelo Internacional de Porto Alegre, pelo meio (onde venceu uma Copa Sul-Americana, em 2008). A primeira não correu bem: meio ano no Al Ain terminou em divergências com os dirigentes do clube. A segunda, em 2010, no Al Wahda, foi ainda mais curta: apenas quatro jogos, interrompidos pelo regresso ao Corinthians.
O auge no Timão
A segunda vez no Corinthians anunciava o auge do percurso de Tite como treinador: mais uma vez arranca em grande, colocando o Timão no terceiro lugar do Brasileirão 2010, em apenas dois meses meio.
Mas o melhor estaria para vir: título brasileiro e vice-título estadual paulista em 2011, título sul-americano na Libertadores 2012 e, meses depois, o tal título mundial de clubes, em 2012...
«Agora eu vou chegar em casa, tomar uma caipira (caipirinha) com a minha mulher e ficar no meu cantinho, com a sensação de que tem um monte de gente em casa curtindo essa vitória. Quando é assim, tem um sabor melhor»
Tite
Não é de admirar, por isso, que muitos corintianos o considerem
Mas, como tantas vezes acontece no futebol brasileiro, mesmo quando se chega ao topo, a queda não demora a acontecer.
Foi assim, também, com Tite no Corinthians: o ano de 2013 ficou bem abaixo do de 2012: objetivo Libertadores foi falhado, eliminação na Copa do Brasil... Em novembro, surgiu a confirmação da saída,
Nos meses que se seguiram,
Em quase todos os momentos de impasse na escolha de treinadores em clubes de topo no Brasil, o nome de Tite aparecia na «shortlist» dos preferidos.
Só que nunca passou do plano da hipótese. A situação mais concreta foi mesmo quando Luiz Felipe Scolari saiu do comando do escrete, no pós-trauma do Mundial falhado.
Durante o ano de 2014 apareceram também notícias de alegada hipótese de Tite para a seleção de Portugal. O próprio falou em
Um ano após a saída, dois anos depois da glória no Japão, Tite confirmou o
Allan Simon, em artigo de opinião na «Torcedores.com», portal que agrega visões de adeptos dos principais emblemas brasileiros, comenta:
O técnico do Timão em 2015, volta, aos 53 anos, ao lugar onde foi mais feliz. Destinado, um dia, a treinar o escrete?
TITE