Chamo-me Richard, a minha ex-mulher mordia-me, batia-me com garrafas, ameaçava-me com facas - agrediu-me durante 20 anos. Este é o meu documentário

15 mar, 14:03
Sheree Spencer (Humberside Police)

Agressora foi condenada a quatro anos de prisão. 43 fotografias, 36 vídeos e nove áudios serviram de prova. Vai agora ser exibido um documentário

Richard Spencer conheceu-a numa discoteca, namoraram durante nove anos e casaram-se na Tailândia em 2009. Viveram em York, no nordeste de Inglaterra, numa vivenda com sete quartos. Tinham três filhas.

Fora de portas - como a própria polícia chega a afirmar - ninguém imaginava o terror que Richard vivia: ao longo de mais de 20 anos, Sheree (na imagem em cima) agrediu Richard até este ter ido parar ao hospital. Nem o facto de terem três filhas fez com que as agressões abrandassem.

Agora, depois deste especialista em tecnologia ter revelado que a mulher - que se encontra detida - lhe mordia, lhe batia com garrafas, lhe atirava com o que estivesse à mão, o ameaçava com facas, chegou a estragar-lhe pelo menos cinco computadores e, enquanto o agredia, gritava para que os vizinhos pensassem que era ele o agressor. O Channel 5 vai exibir um documentário com as imagens das agressões que foram captadas pelas câmaras de vigilância que tinham em casa.

À polícia, Richard entregou 43 fotografias, 36 vídeos e nove áudios onde é possível ver Sheree a agredir o agora ex-marido com o que tinha à mão e a chegar mesmo a encostar-lhe uma faca ao pescoço. A agressora foi detida em junho de 2021 e, em março do ano passado, condenada a quatro anos de prisão.

"Desliguei-me emocionalmente" das imagens

Em declarações ao The Sun, Richard, atualmente com 47 anos, descreve que, como tinham uma casa grande, ele e a ex-mulher optaram por colocar duas câmaras de videovigilância por causa das filhas.

"Tínhamos duas - uma na sala de jogos e outra no quarto. "Estavam lá para nos tranquilizar, para estarmos atentos, porque a casa é grande", explica, acrescentando que a cada 28 dias o sistema "apagava as filmagens antigas."

Pouco depois do primeiro aniversário da filha mais velha, o especialista em tecnologia decidiu começar a gravar as imagens como "prova", uma vez que dada a violência teve medo de que a ex-mulher o impedisse de ver as crianças. E são essas as imagens que são agora exibidas no documentário.

"Ao ver as imagens, desliguei-me emocionalmente delas. Consigo ver que sou eu e consigo ver as crianças em segundo plano. Mas sinto que estou a ver algo sobre outra pessoa. Senti-me tão preso por muitas razões. Se não fosse o meu amigo, não sei o que teria acontecido."

O amigo de que Richard fala é Tony, que trabalhou como polícia militar e que um dia recebeu uma chamada de Sheree - que trabalhava no Ministério da Justiça - a dizer que estava a ser agredida. Quando chegou a casa do casal, Tony percebeu o que se estava a passar e Richard acabou por lhe mostrar dezenas de vídeos e imagens das agressões de que tinha sido alvo.

"O Tony disse-me 'tenho de fazer o que penso ser melhor para ti, como amigo e para as crianças, mesmo que me odeies agora, espero que no futuro penses que é pela razão certa'. Eu disse-lhe 'faz o que tens de fazer'", afirmou Richard na altura. Tony contactou as autoridades e Sheree acabou detida e condenada, não sem antes tentar inverter a narrativa da história.

Ao The Sun, o especialista em tecnologia diz que decidiu partilhar a sua história e as imagens para ajudar a sensibilizar a opinião pública e "outras pessoas que possam estar a passar por algo semelhante."

Atualmente, Richard está a trabalhar com a instituição de caridade ManKind Initiative, que apoia homens vítimas de violência doméstica, e voltou a encontrar o amor junto de uma pessoa que "é o completo oposto de Sheree em todos os aspetos possíveis".

"Não podia ser mais compreensiva. O que eu pensava serem sentimentos de amor e estar apaixonado antes agora sei que não era amor."

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