Pela terceira reunião consecutiva, o banco central liderado por Jerome Powell não mexeu nas taxas de juro. A grande questão discutida por analistas e investidores é quando a Fed vai iniciar os cortes
Sem surpresas, a Reserva Federal norte-americana (Fed) manteve esta quarta-feira inalteradas as taxas de juro, prolongando assim um período de pausa que iniciou em setembro após uma longa sequência de subidas para combater a inflação.
“O Comité procura atingir o nível máximo de emprego e de inflação à taxa de 2% a longo prazo”, referiu, adiantando que “em apoio a estes objetivos, decidiu manter o intervalo-alvo para a taxa dos fundos federais entre 5,25% e 5,55%”.
A Fed alertou que os indicadores recentes sugerem que “o crescimento da atividade económica abrandou face ao ritmo forte registado no terceiro trimestre“, sinalizando ainda que “os ganhos de emprego moderaram-se desde o início do ano, mas permanecem fortes, e a taxa de desemprego permaneceu baixa”.
Em relação à inflação sublinhou que diminuiu ao longo do ano passado, mas permanece elevada. Desde março de 2022, a Fed aumentou as taxas diretoras de 0,25% para o valor mais elevado em mais de duas décadas nos 5,5% para controlar a taxa de inflação que, desde o pico de 9,1% em junho do ano passado, caiu para 3,1% em novembro, mas ainda longe da meta de 2% da Fed.
A grande questão que rodeia o banco central dos EUA neste momento é o calendário e o ritmo das descidas das taxas de juro em 2024. Os investidores estão muito agressivos a precificar cortes das Fed Funds no próximo ano, ignorando a mensagem que o banco central tem transmitido de que a política monetária vai permanecer num nível restritivo por um período prolongado (“higher for longer”).
Na documentação partilhada após a reunião desta quarta-feira, a Fed revela que 17 dos 19 membros do FOMC projetam que a taxa de juro será mais baixa até ao final de 2024 do que é agora – com a projecção mediana a mostrar que a taxa cairá três quartos de ponto percentual dos atuais 5,25%-5,50%.
As medianas das novas projeções dos 19 membros do Comité aponta para que a inflação termine 2023 em 2,8%, e caia ainda mais para 2,4% no final do próximo ano, muito próximo da meta de 2% da Fed. A taxa de desemprego deverá subir dos actuais 3,7% para 4,1%, a mesma taxa projectada em Setembro, enquanto o crescimento económico deverá abrandar de cerca de 2,6% estimados este ano para 1,4% em 2024.