O clássico a pente fino: nesta cadeira sentam-se dragões e águias

6 fev 2020, 23:48

Em vésperas de mais um FC Porto-Benfica, o Maisfutebol foi à Barberia ‘Binho Black’. Como já fizeram Grimaldo, Chiquinho ou Cervi, Soares e Casillas. Teste feito, barbeiro aprovado

Fábio Costa, mais conhecido por ‘Binho Black’, fala em «quase mil jogadores» em pouco mais de seis anos.  É uma questão de confiança e de empatia. Uma história que rapidamente se transformou numa marca de um barbeiro que tem como clientes alguns dos melhores do futebol português e europeu. E que começou com um… desconhecido.

«No Brasil nunca cortei o cabelo de um jogador, mas aqui em Portugal, como sou apaixonado por futebol, queria ter o privilégio de cortar a apenas um. De repente, estava a trabalhar e recebo uma mensagem de um jogador que jogava no Nacional da Madeira, na altura, o Gustavo Henrique. Fui ao hotel onde a equipa estava e conheci outros jogadores, como o Tiquinho Soares. Foi assim que começou.  Depois, cortei o cabelo do Anderson Talisca, na altura do Benfica, que foi o primeiro jogador de um clube grande que se tornou meu cliente. Eu fui a casa dele, fiz o meu trabalho e nasceu uma grande amizade», conta Binho, de 27 anos, ao Maisfutebol.

No barbearia, no Montijo, no dia em que nos recebeu, havia camisolas para todos os gostos, de todas as cores: «Esta, do Soares é uma das mais especiais. Estou com muita frequência na casa dele, corto-lhe o cabelo, fico lá a jantar, a conversar, às vezes a dormir. É uma relação de amigos, não é só entre cliente e profissional. Ele deu-me esta camisola, mas como a minha mulher é do FC Porto, fez questão de a assinar para ela.»

Weigl é um dos clientes mais recentes de Binho

Soares, o avançado brasileiro dos dragões, é o melhor amigo que a profissão deu a Binho, mas não o único. Grimaldo, do Benfica, é cliente do brasileiro desde que se mudou para Portugal, em 2016.  

«O Grimaldo já esteve na barbearia, mas vou quase sempre fazer o corte e a barba a casa dele. Dos jogadores do Benfica, é aquele a quem corto o cabelo com mais frequência. Já esteve aqui o Chiquinho, na barbearia, e também vou a casa do Cervi e ia à do Conti e à do Caio Lucas», diz o barbeiro enquanto segura uma camisola do Benfica oferecida pelo extremo que deixou a Luz no último mercado.

De resto, foi através do jogador brasileiro que Binho passou a cuidar da imagem de Julian Weigl, reforço de inverno das águias: «Fiquei surpreendido com a presença do Weigl. Recebi uma chamada do Caio Lucas, que me disse que o Weigl viu o corte de cabelo dele num treino, que tinha gostado e, pouco depois, veio cá à barbearia. Foi um bocado complicado para nos entendermos, porque eu não falo inglês (risos), mas desenrasquei-me e, felizmente, correu tudo bem.»

Cortar o cabelo na barbeira ‘Binho Black’ é, para vários jogadores, um clássico dentro do clássico que se vai jogar, este sábado, no Dragão. Através do amigo Soares, o barbeiro já ficou a ‘tremer’ no bom sentido. «Durante um estágio, no Algarve, fui ao hotel onde estava a comitiva do FC Porto e, depois de cortar o cabelo do Soares e o do Felipe (agora no Atl.Madrid), eles disseram: ‘O homem quer cortar com você’. ‘E eu assim: o homem?’ De repente, aparece o Iker Casillas… foi muito especial. Ele é uma pessoa espetacular», conta, com orgulho, o barbeiro que está há dez anos em Portugal.

Casillas, «o homem», também se sentou na cadeira de Binho

Nas redes sociais, encontram-se uma série de marcas da ligação entre ‘Binho’ e jogadores de futebol dos mais diversos clubes além dos grandes, desde o Rio Ave, passando por Boavista ou Desp. Aves até ao Santa Clara.  O Sporting, claro, também está muito representado nesta teia de navalhas e tesouradas.

Borja, Wendel e Luiz Phellype são cliente habituais, Luís Maximiano, Pedro Mendes e Gonzalo Plata também já se entregaram às mãos deste paulista. Entre os ex-jogadores dos leões, Raphinha, agora do Nice, é amigo pessoal do barbeiro e Bruno Fernandes (Man. United) também já foi cuidar da imagem na barbearia, no Montijo. «Todas as semanas vou a hotéis ou a centro de estágios, seja de que clube for. Há uns anos cortei o cabelo ao Douglas Costa, ao Matuidi e ao Bentancur, da Juventus. Só não cortei ao Higuaín e ao Dybala porque já estava apertado de tempo», revela ‘Binho Black’.

Entre tantos futebolistas que já lhe depositaram confiança, falta um. Para ‘Binho’, o «maior de todos».

«Tanto pelo que joga, como pelo ser humano que é, gostava muito de conhecer o Cristiano Ronaldo. Adorava que, um dia, ele estivesse na minha cadeira, nem que seja só para fazer um pé de cabelo. É um exemplo para todos», revela o barbeiro, adepto ferrenho do Corinthians e que, sobre o clássico entre FC Porto e Benfica, deixa bem claro:

«Sempre que há meus amigos em campo, das duas equipas, torço pelo empate. Se eles marcarem golos, melhor, mas que, no fim, o resultado seja sempre o empate».

Assim, ninguém fica de cabelos de pé e os rituais mantêm-se. Para a tal marca continuar a crescer.

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