Ministro estava envolvido numa polémica que envolve o ex-primeiro-ministro mas acusa o atual de ser protagonista de outra
O britânico Zac Goldsmith renunciou ao cargo de ministro do Ambiente Internacional, um dia depois de ser acusado de minar a investigação sobre Boris Johnson.
Goldsmith está entre os 10 conservadores que a Comissão de Privilégios disse fazer parte de uma campanha para interferir no seu inquérito. Foi o único ministro em exercício a ser criticado pela comissão interpartidária por atacar o seu trabalho. O relatório da comissão afirmava que uma "pressão coordenada e sem precedentes" foi colocada sobre os seus membros, que estavam a investigar se o ex-primeiro-ministro Boris Johnson tinha enganado o Parlamento sobre festas em Downing Street durante o confinamento. O relatório citava um tweet de Goldsmith, no qual considerava que o inquérito era uma "caça às bruxas".
No entanto, ao justificar a demissão, o ministro do Ambiente Internacional - um cargo que faz parte do Departamento de Negócios Estrangeiros, Commonwealth e Desenvolvimento - não referiu este caso.
Goldsmith disse que a "apatia" do governo e o desinteresse do primeiro-ministro Rishi Sunak em relação às alterações climáticas tornaram "insustentável" a sua permanência no governo. Numa contundente carta de demissão, na qual não menciona o relatório da Comissão de Privilégios, disse ter ficado "horrorizado" com o facto de o governo abandonar os seus compromissos ambientais. "O problema não é que o governo seja hostil ao meio ambiente, é que o primeiro-ministro está simplesmente desinteressado", escreveu. "Esse sinal, ou a falta dele, espalhou-se por Whitehall e causou uma espécie de paralisia."
"Fiquei horrorizado porque, pouco a pouco, abandonámos esses compromissos - internamente e no cenário mundial. A lei da proteção dos animais foi abandonada, apesar das promessas. Os nossos esforços numa ampla gama de questões ambientais internas simplesmente pararam. Mais preocupante, o Reino Unido visivelmente saiu do cenário mundial e retirou-se da liderança na área do clima e da natureza. Muitas vezes, estamos simplesmente ausentes dos principais fóruns internacionais. Na semana passada, o senhor [dirigindo-se a Sunak] aparentemente escolheu comparecer à festa de um barão da comunicação em vez de participar num cimeira ambiental extremamente importante em Paris, que normalmente o Reino Unido teria coliderado."
Goldsmith refere-se à presença do Sunak na festa de verão de Rupert Murdoch, que aconteceu na mesma altura em que em Paris Macron acolhia uma cimeira sobre a adaptação do sistema financeiro global para enfrentar o desafio colocado pela crise climática.