"Ele olhou-me nos olhos e deu-me uma cabeçada." Ex-namorada de Ryan Giggs descreve comportamento violento da antiga estrela de futebol no tribunal

CNN Portugal , FMC
10 ago 2022, 17:58
Ryan Giggs está a ser acusado de violência doméstica (Danny Lawson/ AP)

O julgamento continua e estima-se que perdure por mais duas semanas

Já começou o julgamento que envolve o ex-jogador Machester United e a sua ex-namorada Kate Greville, uma executiva de relações públicas. O caso de alegada violência doméstica está a merecer grande atenção pelos meios de comunicação britânica que têm divulgado partes dos testemunhos de Greville no tribunal de Machester.   

Segundo o tribunal, Ryan Giggs terá agredido, perseguido e ameaçado a ex-namorada, submetendo-a a anos de abuso físico e psicológico, sendo ainda acusado de uma agressão à irmã de Greville, Emma Greville.  

As alegadas agressões decorreram durante três anos, entre 2017 e 2020. 

Peter Wright QC, promotor do caso, afirmou na segunda-feira que, enquanto a estrela era “idolatrada” pelo desempenho no relvado, nos bastidores era o oposto. “Em campo, as habilidades eram muitas e belas. Fora dele, no recato da sua vida pessoal, em casa ou atrás de portas fechadas, havia, segundo os factos revelam, um lado muito mais feio e sinistro da sua personagem”. Wright argumenta que na relação entre os dois existia “uma litania de abusos, tanto físicos quanto psicológicos, de uma mulher que ele dizia amar”.  

O antigo casal conheceu-se em 2013 quando eram ambos casados. Greville declarou que estava num “casamento infeliz” na altura e que Giggs tinha sido essencial para a ajudar a sair de um relacionamento controlador. Na altura, pensava em Giggs como um “cavaleiro de armadura brilhante”. Em maio de 2016, os dois anunciaram publicamente o relacionamento.

Numa primeira entrevista à polícia, Kate afirmou que logo no início tinham existido “sinais de alerta”.  

Sentada no tribunal,desde terça-feira, descreveu, em lágrimas, várias situações de controlo, perseguição, ofensas e agressões. Entre as várias histórias ficou destacada uma em que Giggs, a expulsou, sem roupa, de um quarto de hotel no Dubai, depois de uma intensa discussão. 

Esta quarta-feira, terceiro dia de julgamento, Greville continuou o seu testemunho e afirmou que se tornou uma “escrava de todas as necessidades” do antigo jogador, que era “frequentemente agressivo”. Acrescentou que teria medo de “represálias” caso “não fizesse tudo o que ele dizia”, noticiou o The Guardian.   

Durante o período de abusos, Giggs terá “isolado a namorada de certas pessoas” e afetado a sua vida social.  

Um dos pontos que desencadeavam os momentos de agressão eram os casos fora da relação que o antigo jogador tinha.  

O último episódio violento ocorreu a 1 de novembro de 2020, quando Giggs  “deliberadamente deu uma cabeçada” na então namorada. Neste dia, a irmã de Kate tentou impedir a agressão, sendo também ela vítima de uma cotovelada na mandíbula. Segundo Kate contou ao tribunal, foi a primeira vez que existiu uma agressão deliberada. “Desta vez foi diferente. Ele olhou-me nos olhos e deu-me uma cabeçada. Não foi como das outras vezes. Não foi um agarrão, não foi um empurrão”. 

Depois de anos de um “comportamento coercivo e controlador”, Greville tentou terminar o relacionamento. No depoimento dado esta terça-feira, Kate referiu que quando chamou a polícia, Giggs ainda tentou dissuadi-la com ameaças: “isto vai arruinar-me e vai arruinar-te". 

O ícone do clube inglês negou todas as acusações através do advogado que argumentou que se baseiam em “distorções, exageros e mentiras”. Chris Daw QC, responsável pela defesa advogou que o cliente “aceita plenamente que o seu comportamento, a nível moral, estava longe de ser perfeito” e que “nem sempre lidou com seus argumentos da melhor maneira possível”. 

O julgamento, dirigido pela juíza Hilary Manley vai continuar e estima-se que dure duas semanas.  

Ryan Giggs encerrou a sua carreira em Old Trafford como o jogador mais condecorado da história do futebol inglês, depois de ter jogado durante 23 anos pelo Manchester United. Assumiu ainda o cargo de selecionador do País de Gales, do qual apresentou demissão em 2021 na sequência das acusações de que é alvo. 

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