Se procura dicas para seguros melhores e mais baratos, este artigo é para si

ECO - Parceiro CNN Portugal , Francisca Gonçalves e Francisco Botelho
5 nov 2023, 16:00
Tranquilidade

Ao ECOseguros, dez especialistas partilharam dicas para poupar e alertaram para os erros mais frequentes que geram maiores custos para as famílias portuguesas e problemas com sinistros

Profissionais aconselham consumidores: Em cima Andreia Dias, Carlos Silva, Tiago Corrêa, José António Sousa, Mário Ramos e Nelson Machado. Em baixo Rute Santos, Gonçalo Baptista, Sandra Moás e Nuno Arruda.
Profissionais aconselham consumidores: Em cima Andreia Dias, Carlos Silva, Tiago Corrêa, José António Sousa, Mário Ramos e Nelson Machado. Em baixo Rute Santos, Gonçalo Baptista, Sandra Moás e Nuno Arruda.

Se procura dicas para poupar nos seguros, melhorar a proteção financeira face aos riscos e evitar conflitos com as seguradoras – porque afinal o que pensavam estar no seguro afinal não estava –, então este artigo é para si.

Ao ECOseguros, 10 especialistas partilharam dicas para poupar e alertaram para os erros mais frequentes que geram maiores custos para as famílias portuguesas e problemas com sinistros.

Amealhe para a reforma

Bruxelas estima um cenário pouco animador para os futuros pensionistas portugueses. Para 2040 estima-se que valor mensal da reforma represente 54,5% do último salário e em 2070 prevê-se que esse valor represente 41,4% do último salário, de acordo com o relatório sobre o envelhecimento da Comissão Europeia de 2021.

Nelson Machado, diretor executivo do grupo Ageas Portugal nas áreas de vida e pensões, aconselha a começar “a poupar e esqueça que este dinheiro está disponível e melhore, muito, a probabilidade de ter conquistado a sua independência financeira à data da reforma”. Para tal, aconselha a:

  • Evitar duplicações de coberturas;
  • Confirme que o que está seguro corresponde, de facto, àquilo que são as suas necessidades (não cobrir a mais, mas também não ter riscos por cobrir ou subcobertos);
  • Reavaliar toda a carteira de seguros periodicamente, por exemplo de 5 em 5 anos.

Balance a poupança imediata e a longo prazo na contratualização do seguro

As diferentes franquias, isto é, o valor que, em caso de acidente, fica a cargo do segurado, exigem ponderação e análise para tomar uma decisão informada e mais vantajosa, informa Nuno Arruda, diretor da corretora WTW Portugal, que acredita que “será sempre uma melhor solução reter mais algum risco a prejudicar o âmbito de cobertura”. O diretor aconselha a:

  • Recorrer a apoio especializado de um corretor ou mediador;
  • Perceber se poupança de curto prazo pode pôr em causa a sustentabilidade das finanças familiares.

O especialista Tiago Corrêa considera que “semear para depois colher é uma máxima cada vez mais atual” e aplica-se muitíssimo bem quer ao tema da adequação dos capitais seguros nas apólices, quer ao tema da contratação adequada das coberturas em face dos riscos que queremos ter seguros e transferidos para uma seguradora, quer ainda ao tema da proteção necessária para fazer face aos principais riscos globais das nossas vidas. Aconselhando a:

  • Manter atualizado o valor dos bens seguros;
  • Ter as coberturas, e as condições contratuais, que, de verdade, dão a proteção que procura, no sentido de evitar mal entendidos e conflitos por dissonância entre seguradoras e segurados e falhar expectativas em caso de sinistro;
  • Optar pelo pagamento anual. Algumas seguradoras cobram encargos pelo fracionamento do prémio;
  • Subscrever soluções de telemática associada ao seguro automóvel, que permitem, mediante bons comportamentos de condução, beneficiar de descontos num ecossistema de parcerias ou mesmo devolução de prémio de seguro automóvel.

 

Como evitar desilusões

Como a própria refere, Rute Santos, diretora geral do Centro de Informação, Mediação, Provedoria e Arbitragem de Seguros (CIMPAS) oferece conselhos mais jurídicos ou técnicos para evitar surpresas, que são os seguintes:

  • Esclareça devidamente o que pretende segurar com o seguro;
  • Leia cuidadosamente as cláusulas contratuais e com especial cautela as exclusões previstas, incluindo as “letras mais pequenas”;
  • Informe-se sobre as medidas a tomar em caso de sinistro;
  • Conheça a legislação, nomeadamente os prazos a que as seguradoras se encontram adstritas na adequada regularização de um sinistro;
  • Saiba se o segurador em questão é aderente a um Meio de Resolução Alternativa de Litígios (como o Tribunal Arbitral) , como elemento diferenciador na escolha do contrato de seguro a outorgar;
  • Saiba os procedimentos a adotar e os meios existentes em caso de pretender reclamar contra um segurador.

Carlos Silva, que comanda a Direção Não Vida da Tranquilidade/Generali, aborda como ter procedimentos genéricos para aumentar proteção sem custos adicionais e evitar surpresas em caso de sinistro:

  • Manter uma gestão rigorosa dos seguros;
  • Confirmar os capitais seguros (bonus/malus, etc.);
  • A adesão ao pagamento por débito direto costuma ter um desconto associado;
  • Atualização do capital em dívida do seguro de vida associado ao crédito – os clientes deverão atualizar anualmente o montante em dívida, para reduzir o respetivo seguro de vida.

Mais vale prevenir do que remediar

O diretor geral da Innovarisk, Gonçalo Baptista, defende que “a proteção do património é uma das chaves para uma vida sem sobressaltos” e os seguros “prestam um papel central nessa preservação”. Sob esta máxima, o diretor geral aconselha a que:

  • Reserve tempo para pensar na proteção das suas finanças, numa perspetiva de longo prazo. Se pensar nos seguros como um mero custo, provavelmente vai descurar proteções que necessita;
  • Se precisar de abdicar de proteção por razões financeiras, esteja disponível para aceitar franquias que consiga suportar. Apesar de serem muito mais frequentes, os pequenos sinistros não lhe podem estragar as finanças, ao contrário dos grandes. Deve por isso maximizar a proteção nos eventos mais severos, ainda que muito improváveis, em detrimentos dos mais pequenos;
  • Se não estiver contente com as explicações que lhe dão, procure uma segunda opinião e reclame se achar que foi injustamente tratado/a na regularização de um sinistro. Existem hoje em dia muitos mecanismos de defesa do consumidor;

Sandra Moás, diretora coordenadora da área B2B dos Correios de Portugal, foca os conselhos no seguro de vida associado ao Crédito Habitação aconselhando a melhorar a cobertura de incapacidade:

  • Ainda que se possa pensar que se trata de um seguro obrigatório, na realidade não é. Trata-se de uma imposição do banco na concessão do crédito para garantir o pagamento do mesmo na impossibilidade do devedor o fazer;
  • Neste tipo de seguros, para além da cobertura de Morte, existem duas coberturas de incapacidade que garantem a ativação do capital seguro. Maioritariamente e por motivos de desconhecimento, os segurados optam pela mais económica – Invalidez Absoluta e Definitiva (IAD), mas esta apenas se aplica a um nível de invalidez extremo, gerando a situação de estar a pagar por uma cobertura que dificilmente vai usufruir, pois esta cobertura só é passível de ser ativada com níveis de incapacidades superior a 80% e com dependência de terceira pessoa;
  • Por sua vez, a cobertura de Invalidez Definitiva para a Profissão ou Atividade Compatível (IDPAC) pode ser acionada em algumas seguradoras a partir dos 60% e aplica-se quando o segurado sofre doença ou acidente que o impossibilita de exercer a função ou atividade remunerada, o que resulta numa cobertura bem mais abrangente. Dou um exemplo: numa situação de doença oncológica com atestado definitivo de 60%, a cobertura pode ser ativada e a seguradora liquida o capital coberto ao Banco. Se pelo contrário tiver subscrito a cobertura de IAD, fica impossibilitada de trabalhar, mas terá de continuar a pagar as prestações ao seu banco, gerando transtornos dramáticos para si e para a sua família;
  • É verdade que existe uma diferença de preço relevante entre as duas coberturas, mas maioritariamente as apólices de seguro contratadas junto dos bancos assumem valores mais elevados, pelo que é muito provável que pelo valor que está a pagar pela sua apólice com a cobertura de Morte+ IAD atualmente no seu banco, encontre uma apólice com a cobertura de Morte + IDPAC pelo mesmo valor (ou até mais barato) no mercado segurador convencional.

Na área dos seguros de saúde, Sandra Moás recomenda que defina claramente as suas necessidades e otimize o seu seguro. Partilhando as seguintes indicações:

  • Liste tudo o que pretende do tipo de seguro que necessita. No caso de um seguro de saúde, por exemplo, identifique as coberturas que mais o preocupam a curto e médio prazo. Por exemplo, se a sua preocupação for apenas as consultas anuais recorrentes e a estomatologia, provavelmente compensa fazer apenas um seguro dentário que lhe dê o acesso à rede de determinadas especialidades;
  • As coberturas de medicamentos e próteses e ortóteses (onde se incluem os óculos e lentes de contacto) encarecem muito o seguro, é conveniente avaliar se esse custo adicional compensa a utilização que depois irá dar, contando que, antes de ser reembolsado existem franquias e co-pagamentos elevados, que se aplicam previamente;
  • Tire também o máximo partido do seu seguro e dos serviços complementares, por exemplo: aproveite os programas de check-up, ou medicina preventiva, ou as consultas por vídeo chamada que alguns planos oferecem sem custo para o segurado, e isso irá permitir, mais à frente ou no imediato, rentabilizar o investimento que fez ao adquirir o seu seguro.

Poupar no prémio

Andreia Dias, diretora geral de riscos empresariais na MDS, grupo líder de corretagem em Portugal, oferece conselhos sobre cuidado no multirriscos e estudar franquias para pagar menos prémio, nomeadamente:

  • Capitais seguros corretamente determinados são essencial para uma boa regularização do sinistro. É da responsabilidade do tomador do seguro, não só no início do contrato, mas durante toda a sua vigência.
  • Uma determinação incorreta dos capitais seguros pode levar a situações de sobre ou infraseguro que têm consequências que devem ser evitadas e que desprotegem o património dos segurados;
  • No seguro Multiriscos, os imóveis tipicamente correspondem ao custo de reconstrução do imóvel, tendo em conta o tipo de construção e outros fatores que possam influenciar esse custo, à exceção dos terrenos;
  • Imóveis em regime de propriedade horizontal inclui o valor proporcional das partes comuns;
  • Em edifícios, o valor do capital seguro deverá corresponder ao custo de mercado da respetiva reconstrução, tendo em conta o tipo de construção ou outros fatores que possam influenciar esse custo, ou ao valor inscrito na matriz predial urbana, no caso de edifícios para expropriação ou demolição;
  • À exceção do valor dos terrenos, todos os elementos devem ser tomados em consideração para a determinação do capital seguro, incluindo o valor proporcional das partes comuns (propriedade horizontal), e ainda, canalizações, instalações elétricas, equipamentos de suporte, muros, vedações, portões, etc. ;
  • Quanto ao recheio, o capital deve corresponder ao valor de substituição em novo, sem qualquer depreciação por uso, desgaste, estado de conservação ou antiguidade, de todos os bens que constituem o conteúdo a segurar;
  • Se o capital seguro for superior ao valor, haverá um custo desnecessário no seguro, se o capital seguro for inferior, pode implicar que o segurado tenha de assumir custos proporcionais. Para evitar isto, é importante fazer um inventário cuidado, acompanhados de suportes documentais;
  • Ter presente que a inflação eleva sistematicamente o valor dos bens que constituem o recheio, bem como, do próprio imóvel, desatualizando os valores seguros; Assim, recomenda-se que seja sempre subscrita a cláusula de Atualização Automática de Capitais, a qual, por princípio, inviabilizará a ocorrência de situações de infraseguro em caso de sinistro (caso o valor inicial tenha sido corretamente definido).

No que respeita aos Prémios de coberturas de um seguro, Andreia Dias recomenda:

  • Os segurados devem ponderar os níveis de retenção de risco que desejam assumir, sob a forma de franquias. Tenha sempre em atenção que valores maiores de franquias tornam o prémio mais baixo mas, por outro lado, em cada sinistro o segurado terá de suportar valores superiores do que aqueles que teria de enfrentar em caso de franquias de menor valor.

Mario Ramos, CEO da corretora Seguramos, também partilhou dicas de como é possível melhorar a cobertura dos seus riscos, a sua proteção e a da sua família e ao mesmo tempo poupar dezenas ou até centenas de euros por ano nos prémios das apólices de seguro.

  • Mediante a consulta a várias seguradoras do mercado, apontar as vantagens, por exemplo as associadas a campanhas em vigor, negociação conjunta dos contratos e dos descontos relevantes que pode usufruir com a subscrição conjunta de várias apólices que possa ter dispersas por várias seguradoras.
  • Aderir à documentação digital (através do fornecimento do endereço de email), na maior parte das seguradoras, isenta-o de custo de apólice, ou até da carta verde, além de contribuir para a redução da sua “pegada ecológica”;
  • No seguro automóvel, caso tenha contratado a cobertura de danos próprios, ter garagem ou alarme são fatores que reduzem o risco e devem ser referidos no momento da contratação da apólice pois podem significar descontos no prémio;
  • Avalie se uma menor frequência de utilização do automóvel e o próprio estilo de condução, aliados aos dois aspetos atrás referidos, justificam assumir uma franquia maior a seu cargo. Estando menos exposto ao risco, poderá ser razoável negociar a apólice com uma franquia superior (fixa ou percentual) e com isso reduzir o prémio do seguro. Assim como, caso tenha mais o que uma viatura, pode não necessitar de pagar pela cobertura “veiculo de substituição”;
  • A prática regular de desporto e uma dieta e alimentação saudável combatem não só o sedentarismo e a obesidade, como também podem significar melhores condições no preço do seu seguro;
  • Se é titular de um seguro de saúde verifique com quem a sua seguradora possa ter acordos de parceria, isto porque, além dos benefícios normalmente associados aos seguros de saúde (despesas com hospitalização, consultas, exames, etc) pode usufruir de descontos interessantes em redes de óticas, clínicas de estética, descontos em serviços como terapias não convencionais, ginásios, massagens, óculos, entre outros;
  • Um cuidado que deve ter sempre, mas muito relevante no contexto atual, de inflação, é ajustar os capitais das apólices de multirriscos quer cubram imóvel, recheio ou ambos. Atualmente, reparar ou reconstruir um edifício ou repor um recheio ou parte do recheio de uma habitação, tem um custo superior ao que tinha há uns meses, seja como consequência da escassez de matéria-prima, da insuficiência de mão-de-obra ou do aumento das próprias mercadorias e produtos. No sentido de evitar que o capital das apólices fique desatualizado – e, portanto, sujeito a possíveis situações de infra seguro, o que dá legitimidade às seguradoras para aplicação da Regra Proporcional em caso de sinistro – é fundamental que os capitais seguros estejam de acordo com a realidade e risco atual.

Mais pode ser menos

O especialista José António Sousa, que foi presidente da Liberty em Portugal, considera que “poupar nos seguros nem sempre significa gastar menos”. Diz que pode gastar-se “um pouco menos no prémio do seguro e “pagar” depois muito mais perante um sinistro”. O especialista deixa conselhos e recados:

  • O aumento da franquia é uma solução que a esmagadora maioria dos clientes recusa, preferindo franquia zero, mesmo pagando mais. Porque 2% ou 4% de franquia fazem uma diferença gigantesca quando as peças e o arranjo da parte eletrónica, cada vez mais presente nos veículos atuais, têm custos estratosféricos;
  • Aumentar a proteção sem custos e não ter surpresas na ocorrência de um sinistro só é possível mudando de seguradora;
  • É preferível, se é necessário poupar, encostar o carro ou racionalizar fortemente o seu uso, diminuindo custos de manutenção e de consumo de combustíveis, a reduzir 20 ou 30 euros na apólice de seguro auto, retirando coberturas;
  • Pedir ao agente de seguros que verifique os preços da cobertura ótima para o caso particular em varias seguradoras é a melhor forma de poupar mantendo o nível de coberturas. O meu agente, fazendo uma consulta ao mercado em 3 ou 4 das seguradoras mais reputadas pelo seu serviço pós-venda, conseguiu para a mesma cobertura (com danos próprios) uma variação de 40% entre o preço mais caro e o mais barato para o meu perfil de risco pessoal;

Dados os conselhos, agora convém refletir sobre as dicas partilhadas e tomar as medidas adequadas e optar pelas opções mais vantajosas.

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