Quercus alerta para proliferação anómala de microalgas no rio Tejo. APA diz que crescimento rápido é frequente entre final da primavera e início de outono

Agência Lusa , DCT, atualizada às 13:26
11 set 2023, 11:27
Algas

A Quercus explicou que esta intensificação da presença das microalgas resulta de vários fatores, sobretudo da concentração elevada de nutrientes.

A associação ambientalista Quercus denunciou esta segunda-feira um crescimento anómalo de microalgas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão, até Ortiga, em Mação.

“Este crescimento anómalo (bloom) das microalgas (cianobactérias e outras) é cíclico, devido às condições de calor e luminosidade”, referiram, em comunicado enviado hoje à agência Lusa, os Núcleos Regionais de Castelo Branco e de Portalegre da Quercus.

Os ambientalistas sublinharam que esta situação foi registada, pela primeira vez, na sexta-feira.

“Esta situação inaceitável repete-se ciclicamente e precisa de resolução política eficaz e urgente. As águas estão extremamente poluídas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão [distrito de Castelo Branco], Arneiro, Nisa, chegando mesmo até Ortiga, já no município de Mação”.

A Quercus explicou que esta intensificação da presença das microalgas resulta de vários fatores, sobretudo da concentração elevada de nutrientes.

“Estes nutrientes têm origem nas descargas de águas residuais (esgotos) sem tratamento adequado e nas escorrências de fertilizantes agrícolas que se vão acumulando, ao longo dos anos, no fundo das albufeiras da Extremadura espanhola”.

Adiantaram ainda que é imperativo que se criem condições para diminuir a concentração de nutrientes.

“Se continuarmos sem tratamento de esgotos e com escorrência de adubos agrícolas, nada se resolverá. A isto acresce a livre gestão das descargas de caudais das barragens da empresa Iberdrola, permitida pelos governos de Portugal e Espanha”, argumentaram.

Os ambientalistas exigiram também a intervenção urgente do Ministério do Ambiente e Ação Climática.

“O ministro do Ambiente e Ação Climática deve exigir explicações ao seu congénere espanhol visto que esta situação, que ocorre ano após ano, constitui um agravamento adicional do estado ecológico das massas de água do rio Tejo em Portugal em incumprimento da Convenção de Albufeira quanto à obrigatoriedade de garantir o bom estado ecológico das massas fronteiriças e transfronteiriças e em incumprimento da Diretiva Quadro da Água, que impõe o objetivo de alcançar um bom estado ecológico das massas de água”.

A associação ambientalista Quercus reiterou, deste modo, a posição pública do Movimento Protejo e considerou que “há fundamento para apresentar uma queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha”.

APA diz que crescimento rápido é frequente entre final da primavera e início de outono

A Agência Portuguesa do Ambiente (APA) esclareceu hoje que o crescimento anómalo de algas no troço no rio Tejo a jusante da barragem espanhola de Cedillo é recorrente e ocorre entre o final da primavera e o início do outono.

“Os blooms algais [crescimento rápido e sem controlo em meio aquático de algas] no troço no rio Tejo a jusante de Cedillo, última barragem em Espanha, são recorrentes, ocorrendo todos os anos entre o final da Primavera e o início do Outono, em situações em que se verifiquem concentrações elevadas de nutrientes na água, nomeadamente fósforo, e condições de temperatura e luminosidade elevadas”, explicou a APA, em comunicado enviado à agência Lusa.

A associação ambientalista Quercus denunciou hoje um crescimento anómalo de microalgas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão, até Ortiga, em Mação.

Os ambientalistas exigiram a intervenção urgente do Ministério do Ambiente e Ação Climática.

“Esta situação inaceitável repete-se ciclicamente e precisa de resolução política eficaz e urgente. As águas estão extremamente poluídas desde a entrada do rio Tejo em Portugal, em Vila Velha de Ródão [distrito de Castelo Branco], Arneiro, Nisa, chegando mesmo até Ortiga, já no município de Mação”, referiram.

A Quercus reiterou a posição pública do Movimento Protejo e considerou que “há fundamento para apresentar uma queixa à Comissão Europeia contra os governos de Portugal e Espanha”.

Entretanto, a APA sublinhou que tem vindo a acompanhar o aparecimento e evolução deste bloom algal, nomeadamente através da monitorização da qualidade da água, “que apesar de não colocar em causa os atuais usos da água da albufeira, dado que não incluem a prática balnear nem o abastecimento público, correspondem a uma diminuição da qualidade da água”.

“A concentração de oxigénio dissolvido não tem atingido concentrações que coloquem em risco a sobrevivência de espécies aquática, como sejam os peixes”, sustentou a APA.

Adiantou ainda que monitoriza mensalmente a qualidade da água das albufeiras de Cedilho, Fratel e Belver e o rio Tejo a jusante destas.

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