Silvano absolvido: "Saio honrado, para um transmontano é o que conta mais". E tem "80% de certeza" de quem fez a denúncia

Agência Lusa | Cláudia Évora
7 fev 2022, 19:08
José Silvano (PSD/João Pedro Domingos)

Tribunal considera que não ficou provado que o secretário-geral do PSD tenha instruído a sua colega de bancada parlamentar Emília Cerqueira a assinalar falsas presenças no Parlamento nos dos dias 18 e 24 de outubro de 2018. José Silvano diz estar grato a Rio - "com um líder fraco" teria sido diferente para pior, diz - e exige um pedido de desculpas dos comentadores

O secretário-geral do PSD afirmou esta segunda-feira que a sua palavra "saiu honrada" com a absolvição no processo das "presenças-fantasma" na Assembleia da República, agradecendo a Rui Rio ter mantido a confiança em si nos três anos e meio que durou o caso. Em conferência de imprensa na sede nacional do PSD, José Silvano salientou que o caso começou com ele como secretário-geral do PSD e termina com ele nas mesmas funções.

"Com outro líder, um líder fraco que ficasse sujeito àquilo que a opinião pública ou a comunicação social dizia, era mais fácil substituir o seu secretário-geral, como tantas vezes foi pressionado, do que continuar a defender o seu secretário-geral até ao fim", afirmou, dizendo querer fazer um "agradecimento público" a Rui Rio.

Silvano apontou o seu caso como um exemplo do que o presidente do PSD se refere quando critica os chamados ‘julgamentos de tabacaria’ e disse que, apesar de estar contente com a absolvição, ficou ainda mais feliz por "a sua palavra ter saído honrada" deste julgamento. "A juíza provou o que disse: nunca mandei ninguém registar a minha presença e não recebi qualquer tostão pelas presenças. Sempre disso desde o início e repito no fim: isto para um transmontano é o que consola mais", afirmou.

O deputado queixou-se, no entanto, da morosidade do processo. "Três anos e meio para provar ou não se a entrada no computador de uma pessoa tinha sido propositado ou não e tinha, ao mesmo tempo, dado origem a uma presença fantasma, não precisava deste tempo todo". 

José Silvano disse também que, apesar de ter sido absolvido, isso "não repara" as consequências na sua imagem: "Foi com tranquilidade que aguentei tudo isto" e perguntou: "Quem repara tudo isto? Não há reparação". 

O secretário-geral do PSD considerou que este caso "foi aproveitado durante três anos e meio para prejudicar a imagem do PSD”, embora sem certezas de que possa ter tido alguma influência em resultados eleitoral. Ainda assim, Silvano desafiou os que o acusaram de ter um comportamento menos ético a "pedir desculpas", incluindo comentadores, e, apesar de ter "suspeitas" de quem fez a denúncia que começou o processo ,não irá acusar ninguém por falta de "100% de certeza".

"Tenho 80% de certeza de quem foi e foi do meu partido, nas imagens que vi (…) Consultei todas as provas, tenho a minha ideia, mas não tenho a certeza. Quem não tem certezas não pode acusar ninguém."

O secretário-geral do PSD, José Silvano, e a deputada social-democrata Emília Cerqueira foram esta segunda-feira absolvidos de crimes de falsidade informática de que estavam acusados no chamado processo das “presenças-fantasma” no Parlamento.

A sentença, proferida pela juíza Ana Sofia Claudino, considerou que não ficou provado que José Silvano tenha instruído a sua colega de bancada parlamentar a assinalar falsamente a sua presença no Parlamento nos dos dias 18 e 24 de outubro de 2018.

O tribunal afastou também qualquer intenção de Emília Cerqueira em marcar falsamente a presença de José Silvano no Parlamento.

Relacionados

Partidos

Mais Partidos

Patrocinados