Entre connosco nos bastidores do Congresso do PS: uma empreitada que vale meio milhão de euros

6 jan, 08:34

Pedro Nuno Santos tem direito a uma zona reservada para preparar os discursos e reunir-se com a equipa. Para os funcionários e membros da organização, um serviço de catering está à disposição. E depois há a parafernália de equipamento tão necessário a um evento como este

Uma escultura gigante de Mário Soares recebe os congressistas socialistas. Sentado numa cadeira constituída pelos valores que orientam o partido, como a coragem. Vê entrar, um a um, os participantes.

Na primeira fase há que entregar o cartão de militante para ter acesso à acreditação. Com ela, pode vir um lápis, um jornal com o rosto do novo líder em destaque e o programa dos trabalhos deste 24º Congresso.

Cerca de quatro horas antes do arranque dos trabalhos, os primeiros lugares dos delegados começam a ser preenchidos. Espera-nos na sala principal Pedro do Carmo, presidente da Comissão Organizadora do Congresso. Vai conduzir-nos pelos bastidores. “Nesta fase, há a preparar a parte final, a chegada dos delegados”, explica.

Admite que o principal desafio de organizar esta reunião magna do partido foi fazê-lo “em contrarrelógio”, praticamente três meses antes do que estava previsto. A crise política ditou novos tempos, novas prioridades. Os últimos dias, resume, foram “intensos”: “é preciso entregar-se com alma, com vida, sentir o que estamos aqui a fazer”.

Desde o início da semana que uma equipa de cerca de 150 pessoas, entre socialistas e trabalhadores de empresas externas que põem em marcha a parte logística deste congresso, estão a trabalhar na Feira Internacional de Lisboa.

O PS, sozinho, não tem tudo o que é necessário para erguer esta empreitada. Como as 2400 cadeiras brancas. “Este material, o PS não o tem. Empenha-se muito com os seus funcionários e colaboradores. E recorre a empresas externas, quer seja para a montagem desta logística, quer seja para a montagem audiovisual”, explica Pedro do Carmo.

“Temos dezenas de câmaras para disponibilizar o sinal [televisivo], temos de ter fibra ótica, temos milhares de metros de cabo para uma iluminação perfeita. E centenas de metros de alcatifa, centenas de metros de tampos de mesa”, inventaria.

Todas as atenções estão viradas para o palco principal, por onde os principais protagonistas do PS vão passar. Alheios ao que se passa por detrás deles. Nos bastidores, técnicos de som e iluminação garantem que nada falha. Um pequeno holofote dá-lhes a luz necessária para se moverem.

Um pano branco define também aquilo que é a área pública e privada do 24º Congresso do PS. Sim, neste congresso há também uma área privada. Com pequenos pavilhões que dão apoio ao secretariado, às moções e aos convidados desta reunião magna – que resultam de um protocolo interno que já existe há muito e vai sendo atualizando, e onde se incluem, por exemplo, representantes de partidos congéneres do PS.

Mas não são os únicos com direito a privacidade: também Pedro Nuno Santos tem um espaço para preparar os seus discursos e reunir com a equipa.

“Trouxemos o Largo do Rato para este espaço, para o sucesso deste congresso”, explica Pedro do Carmo. Um Largo do Rato improvisado com direito também a uma zona de catering, onde a comida e a bebida estão sempre disponíveis. Nas mesas mais reservadas, há copos vermelhos. “Além do palco, temos atrás do palco. Temos todos estes serviços, porque os funcionários têm de ter este serviço de catering sem sair do recinto”.

Pedro do Carmo insiste que é um trabalho de “pormenor”. E os pormenores, como em tudo na vida, têm sempre um preço. “Com esta organização, com esta qualidade e dinâmica, e mostrar toda esta elevação ao país, é sempre um custo superior a 500 mil euros”. A verba é financiada por quotas dos militantes. O responsável admite que a disputa interna, acesa, permitiu a regularização de muitas quotas – e logo, uma verba mais sólida para esta iniciativa. Depois, para participar, ninguém tem de pagar mais nada.

Mas, para que todas as novidades deste congresso que confirma Pedro Nuno Santos como o nono secretário-geral do PS cheguem a casa dos portugueses, entram também os jornalistas. São mais de 300. E, mesmo com o PS a garantir os serviços de sinais de imagem aos vários canais de televisão, a presença dos media sente-se em todo o lado. Há caixas e caixas para acomodar material, amontoadas em pirâmide; quilómetros de cabos, projetores para todos os gostos e feitios. 

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