Análise às mensagens ofensivas difundidas na internet mostra números imensos que têm os comentários racistas no seu topo
Mais de 95 mil mensagens ofensivas contra os clubes. Cerca de 39 mil mensagens insultuosas para com jogadores. Estes são números filhosPelo contrário, há consequências reais, de insultos, de ofensas, de ódio, que são exibidos, que são atirados para dentro das mais populares redes sociais atingindo números daquelas ordens de grandeza referidas. Na Premier League, o Chelsea é o clube mais atacado por este ódio
Roisin Wood atesta que «o nível de insultos é verdadeiramente galopante». A diretora da «Kick it Out» afirmou à «BBC» que urge «fazer tudo o que é possível fazer como um todo que proteja os que estão a sofrer discriminação».
A «Kick it Out» é uma organização para a inclusão e igualdade no futebol que divulgou no final desta semana esta análise sobre o ódio que gravita à volta da liga inglesa. O trabalho realizado pela Tempero, agência de gestão de redes sociais, e pela Brandwatch, empresa de análise de dados de informação social, avaliou mensagens postadas
Racismo no topo dos insultos
No período em concreto, esta análise mediu o volume de mensagens discriminatórias para com clubes e jogadores da Premier League. O par de números já aqui revelados totaliza mais de 134 mil mensagens de teor discriminatório: o que dá médias 16.800 por mês; 551 por dia; e de uma a cada 2:10 minutos.
Mais de 95 mil mensagens foram dirigidas aos clubes
Chelsea: 20 mil
Liverpool: 19 mil
Arsenal: 12 mil
Manchester United: 11 mil
Manchester City: 11 mil
Os restantes 15 clubes foram insultados pela seguinte ordem: Totenham (3.500); West Ham (3.300); Newcastle (3.200); Burnley (2.300); Everton (1.600); Queens Park Rangers (1.600); Swansea City (1.500); Sunderland (1.100); Southampton (1.000); Aston Villa (945); West Bromwich Albion (582); Crystal Palace (543); Leicester City (423); Stoke City (189); e Hull City (147).
Enre os jogadores
Mario Balotelli: 8 mil
Danny Welbeck: 1.700
Daniel Sturridge: 1.600
Ainda são referidos nas tabelas apresentadas pela Brandwatch os marfinenses Didier Drogba (1.500) e Yaya Touré (1.400)
O racismo é o comportamento mais exibido por este ódio na rede para com indivíduos sendo que, no caso de Balotelli, mais de metade (52%) dos insultos que lhe são dirigidos têm teor racista e, com Welbeck, atingem a metade (50%). No caso de Sturridge, a orientação sexual é o alvo principal, que preenche 60% das mensagens discriminatórias.
Entre os tipos de discriminação
Raça: 28%
Género: 25%
Orientação sexual: 19%
Deficiência: 11%
Antissemitismo: 9%
Islamofobia: 5%
Idade: 2%
Mudança de sexo: 1%
Com aqueles números sobre os protagonistas referidos, não surpreende o encontro que está no topo da lista de jogos
1. Chelsea-Liverpool, Taça da Liga
2 . Sunderland-Manchester United, Premier League (24 agosto 2014)
3. Arsenal-Manchester City, Supertaça de Inglaterra (10 agosto 2014)
4. Manchester United-Arsenal, Taça de Inglaterra (9 março 2015)
5. Liverpool-Manchester United, Premier League (22 março 2015)
6. Chelsea-Arsenal, Premier League (5 outubro 2014)
7. Liverpool-Chelsea, Premier League (8 novembro 2014)
8. Manchester United-Liverpool, Premier League (14 dezembro 2014)
Os homens partilham este ódio bem mais do que as mulheres numa relação de 78%-22% de exposição nas redes sociais. Entre as cidades inglesas com mais volume de mensagens estão Londres (14 mil), Manchester (4.500) e Liverpool (3.600).
Com a nuance
Twitter: 88%
Facebook: 8% (só com perfis públicos)
Fóruns: 3%
Blogs: 1%
Responsáveis prometem apertar vigilância
Com queixas de abusos durante a época 2012/13, – o que nunca tinha acontecido antes – a «Kick it Out» comunicou-as às autoridades britânicas, em concreto ao site «True Vison» (um departamento específico para lidar com os crimes de ódio online). Face, agora, aos números «galopantes», a «Kick it Out» prepara um grupo de peritos para «fazer o corte [«tackle»] ao crime de ódio relacionado com o futebol presente nas redes sociais».
«É preciso fazer alguma coisa», disse Roisin Wood ao «The Guardian»: «Estamos frustrados pela resposta da polícia, mas também percebemos que eles não podem investigar tudo.» «Temos de levar isto a sério e é por isso que convidamos todas as entidades relevantes e as autoridades para trabalhar em conjunto no sentido de encontrar respostas [para o problema].»
As autoridades falaram pela voz de Paul Giannasi: «A polícia não tem entre as suas rotinas varrer a internet à procura de mensagens de ódio.» «Mas somos proativos na procura de soluções», garantiu ao «The Guadian» o superintendente da polícia britânica revelando «trabalho com os parceiros da indústria e outros para encontrar soluções que equilibrem a liberdade de expressão com a necessidade de proteger o indivíduo de um abuso.»
Também ao jornal inglês, um porta-voz do Twitter revelou terem «tornado mais fácil denunciar os insultos, permitido às pessoas denunciarem-nos», assim como passaram para «o triplo o número de funcionários» responsáveis pela questão. A rede social dos 140 caracteres reconhece que «ainda há mais para fazer» numa plataforma que já apresenta uma «Política contra comportamento abusivo»
As autoridades desportivas britânicas, pelo seu lado, frisam não terem poder para atuar se não sobre clubes ou jogadores. José Mourinho atirou para outro plano a preferência