Preços da laranja, cenoura, brócolos e azeite disparararam mais de 50% desde o início da guerra. Apenas a pescada, o tomate e a curgete recuaram

ECO - Parceiro CNN Portugal , Joana Morais Fonseca
14 set 2023, 08:26
Preços nos supermercados portugueses (Pedro Fiúza/Getty Images)

Desde o início da guerra, os preços da laranja, cenoura, brócolos e azeite pagos pelos consumidores aumentaram mais de 50%. Há alguns produtos que já recuaram de preço


Com a invasão russa da Ucrânia, os custos de produção de vários alimentos agravaram-se à boleia do aumento dos preços da energia, transportes e de algumas matérias-primas, o que teve repercussões na carteira das famílias. Só o preço da laranja, cenoura, brócolos e azeite viram o preço ao consumidor disparar mais de 50%, de acordo com as contas feitas pelo ECO, tendo por base o Observatório de Preços, lançado esta quarta-feira pelo Governo. Em contrapartida, a pescada, tomate e curgete já registam descidas.

Em causa está o Observatório de Preços, anunciado em maio de 2022, e que permite acompanhar a evolução dos preços no consumidor final de um cabaz de 26 produtos representativos das fileiras dos cereais, frutas, legumes, carne, peixe, ovos, azeite e laticínios e ficou disponível esta quarta-feira. Esta plataforma tem como objetivo acompanhar a evolução de preços em toda a cadeia de valor, isto é, desde a produção ao consumidor final. De sublinhar, que, em outubro, já tinham sido divulgados dados da evolução dos preços pagos ao produtor.

Numa altura em que a taxa de inflação acelerou para 3,7% em agosto, uma das principais missões deste novo observatório é, “eventualmente, ir fazendo a denúncia de movimentos especulativos que existam nas várias etapas da cadeia de valor”, segundo explicou Maria do Céu Antunes, em outubro do ano passado ao Observador.

Perante a análise dos dados feita pelo ECO, entre os 37 alimentos analisados para os quais há dados disponíveis, é possível constatar que a laranja foi o produto que mais subiu de preço no que toca ao preço médio pago pelo consumidor, desde o início da guerra na Ucrânia. Se no período 2 (entre 31 de janeiro de 2022 e 27 de fevereiro de 2022), a laranja custava 0,84 euros/kg, no período 8 (entre 17 de julho de 2023 a 13 de agosto de 2023) já custava 1,44 euros/kg. Contas feitas, trata-se de um aumento de 71,43% (mais 60 cêntimos).

Contudo, de acordo com os dados disponíveis, o preço médio pago ao produtor de laranja já regressou aos valores pré-guerra, situando-se nos 0,57 euros/kg, isto é, um valor mais de duas vezes inferior ao pago pelo consumidor final. Ao ECO, o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) explica que este desfasamento deve-se ao facto de “não havendo produto português disponível para vender em Portugal, as laranjas têm que ser importadas”, pelo que o seu preço é mais caro. “Esses valores mais elevados para o consumidor não se repercutem nos produtores nacionais”, acrescenta Luís Mira.

No que toca aos preços pagos pelo consumidor, segue-se a cenoura, que custava 0,67 euros/kg na semana em que se iniciou a guerra e cujo último balanço aponta para 1,09 euros/kg, o que representa um aumento de 62,69% (mais 42 cêntimos). Com aumentos superiores a 50% estão ainda os brócolos (54,89%), o azeite virgem (53,96%) e o azeite virgem extra (53,96%). Feitas as contas, o preço médio pago pelo consumidor dos brócolos aumentou 1,01/kg, enquanto no azeite virgem subiu 2,18 euros/litro e no azeite virgem extra aumentou 2,85 euros/kg.

Com aumentos superiores a 40% desde o início da guerra na Ucrânia estão ainda os ovos classe M, cujo preço pago pelos consumidores era de 0,80 euros/meia dúzia entre 31 de janeiro de 2022 e 27 de fevereiro de 2022, enquanto entre 17 de julho e 13 de agosto deste ano já custava 1,18 euros/meia dúzia. Segue-se o arroz, que no período analisado disparou 45,74%, o leite UHT MG (45,61%) e a carne de porco picada e a bifana que aumentaram 41,86% e 41,30%, respetivamente.

Perante a análise feita pelo ECO é ainda possível constar que dos 37 alimentos, 9 produtos tiveram aumentos inferiores a 20% desde o início da guerra e quatro viram o seu preço recuar. É o caso da curgete, que a entre 31 de janeiro de 2022 e 27 de fevereiro de 2022 custava 2,01 euros/kg e na semana terminada a 13 de agosto já custava 1,12 euros, ou seja, o preço médio pago pelo consumidor recuou 44,28% neste período. Segue-se o tomate, pescada e peixe, cujo preço médio pago pelo consumidor caiu 10,33%, 9,05% e 2,69% no período em análise.

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