Mais de seis mil incidentes registados em recintos desportivos durante 22/23

29 dez 2023, 11:28
Benfica-Sporting (LUSA)

Há sete clubes em destaque pelas sanções aplicadas. O fantasma do «hooliganismo» ressurge

A posse ou uso de pirotecnia originou quase metade dos 6099 incidentes em recintos desportivos na temporada 2022/23, conforme indica o Relatório de Análise da Violência em Contexto Desportivo (RAViD), ao qual a Lusa teve acesso.

Entre 1 de julho de 2022 e 30 de junho de 2023, houve mais 1964 ocorrências face ao período homólogo de 21/22, numa tendência superior à fase pré-pandémica.

Este panorama assentou numa «forte subida» de incidentes relacionados com pirotecnia recolhidos pelo Ponto Nacional de Informações sobre Desporto (PNID), ao passarem de 1827 para 3033 em 22/23, à frente de injúrias (468), danos (382) e agressões (343).

Da globalidade das 6099 ocorrências, 5648 aconteceram no futebol, 303 no futsal e 148 nas restantes modalidades, com 1426 indivíduos suspeitos a serem identificados, 242 a ficarem detidos e 482 a serem expulsos ou impedidos de entrar em recintos desportivos.

No futebol, cujo peso subiu 48% face a 21/22, a maior incidência esteve nos jogos da I Liga (2525), das provas europeias (819) ou dos escalões distritais (725) e jovens (539).

A pirotecnia foi a tipologia de incidente mais frequente no escalão principal (72%), ao ter particular incidência nas partidas em que estiveram Benfica, FC Porto ou Sporting, e nas competições organizadas pela UEFA (60,9%).

Os sete clubes mais punidos

Na época passada, entraram em vigor 473 medidas de interdição de acesso aos recintos desportivos. A utilização de pirotecnia foi o principal motivo para estas sanções (326), seguindo-se as agressões (67), o incitamento à violência, ao racismo, à xenofobia e à intolerância (37), o lançamento de objetos (28), a invasão da área de espetáculo (13) ou as injúrias (dois).

Quase uma em cada três (31%) dessas deliberações incidiram sobre pessoas coletivas, ao estarem sustentadas em infrações imputáveis a promotores e organizadores de provas desportivas, ao passo que 42% recaiu em pessoas singulares, com clara prevalência do género masculino (97,1%) e a participação em claques.

Sete clubes concentram 66,5% dos adeptos alvos de medidas de interdição: Benfica (108), Sporting (78), FC Porto (68), Valongo (17), Vitória de Guimarães (15), Boavista e Sp. Braga (14).

A quarta versão do RAViD exibe ainda a atividade da APCVD, que proferiu 697 decisões condenatórias com caráter definitivo, contra as 537 do período homólogo, entrando em vigor 374 medidas de interdição de acesso a recintos, à frente das 274 da última época.

«As discussões com os peritos internacionais revelam um panorama com preocupações crescentes em toda a Europa, com sintomas de ressurgimento do hooliganismo, a par da influência da subcultura casual, sobretudo após o período de confinamento. Estamos em crer que esta tendência europeia, já visível em vários outros países após o regresso dos adeptos aos estádios após o período pandémico, poderá influenciar o contexto nacional», frisa o presidente da APCVD, Rodrigo Cavaleiro, numa mensagem publicada no RAViD.

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