Candidato à presidência do FC Porto diz que quer «explicar o programa» ao treinador e critica a atitude «incorreta» do presidente quando veio jogar ao Dragão pelo Marselha
André Villas-Boas, candidato à presidência do FC Porto, garante que quer sentar-se com Sérgio Conceição para discutir a continuidade do treinador nos dragões.
«Tenho uma visão muito clara do que quero na direção desportiva. Todos os treinadores podem sentir-se mais ou menos confortáveis com este delinear de diferentes cargos, convém perceber as motivações do treinador. Ele manteve-se afastado do ato eleitoral. Sento-me com ele e explico o programa. É uma coisa para decidir a dois e não apenas uma intenção. Se disser que não, terei de ir ao mercado contratar um treinador. Se já está identificado? Todos os sócios sabem perfeitamente qual é o treinador com ADN FC Porto. Sei perfeitamente o que quero relativamente a essa função», assegurou Villas-Boas, em entrevista à SIC.
Questionado sobre se a atual campanha do FC Porto no campeonato teria valido o despedimento de Conceição caso fosse presidente, Villas-Boas frisou que a decisão iria depender de «vários cenários».
«Todos sabemos quais são as nossas exigências e expectativas. Na Liga é evidente que o rendimento não está ao nível. Vários fatores levaram à situação atual, do desportivo às decisões de arbitragem. Normalmente é um sentido de motivação para as épocas seguintes. Aconteceu-me isso quando fui treinador, vinha de um ano em que o FC Porto tinha ficado em terceiro lugar. Esta não é uma boa temporada na Liga», sublinhou.
Quanto a Andoni Zubizarreta, número um de Villas-Boas para o cargo de diretor desportivo, o antigo treinador reservou elogios. «Sei perfeitamente o que aconteceu em Marselha. Houve muita imposição do treinador da altura, o Rudi Garcia, relativamente às transferências. Andoni sabe perfeitamente o que eu quero, a cultura desportiva de formação que quero implementar no FC Porto. O FC Porto deve obedecer a uma transição suave no ponto de vista desportivo.»
Além de garantir que não quer ser remunerado, como acontece nos clubes espanhóis, porque «as pessoas devem servir os clubes em vez de se servirem deles», Villas-Boas revelou quando é que a relação com Pinto da Costa esfriou.
«Afastámo-nos desde que vim jogar ao Dragão com o Marselha, cada um seguiu o seu rumo. Fiz questão de dizer ao presidente que achei incorreto não me ter recebido no Estádio do Dragão. Nunca tivemos uma relação extensa, sempre foi mais uma relação de gratidão. Separámo-nos do ponto de vista da comunicação», assumiu.
«Ele sempre soube do meu desejo e intenção, também nunca escondi. Isso esteve sempre presente na mente dos sócios. Tive várias conversas com pessoas do entorno de Pinto da Costa, portanto não era novidade para ele», acrescentou.
O antigo treinador do FC Porto afirmou também que começou a preparar a candidatura a presidente em 2022 e explicou os motivos para concorrer contra Pinto da Costa, quando pouco tempo antes disse que não o faria.
«Sobretudo pelo momento em que se encontra o FC Porto. Fomos perdendo vantagem competitiva, enfraquecendo os plantéis de forma evidente. O FC Porto encontra-se em momento de mudança absoluta, é preciso levá-lo para a modernidade e que seja gerido de forma mais cuidada», atirou.
As eleições no FC Porto, recorde-se, decorrem no próximo sábado, no Estádio do Dragão.