A questão levou a várias críticas, tanto da oposição como de membros do próprio partido de Marlene Schiappa
Política, feminismo e Playboy. Marlene Schiappa, responsável pela área de Economia Social e Solidária e da Vida Associativa, juntou estes termos ao aparecer na capa mais recente da revista, que se direciona, sobretudo, ao público masculino.
A autora feminista, de 40 anos, não é estranha no que toca a controvérsias e tem irritado os partidos de direita. No entanto, desta vez, até a primeira-ministra terá achado que a política ultrapassou os limites e que Shiappa cometeu um erro ao decidir posar para a Playboy para acompanhar uma entrevista de 12 páginas sobre os direitos das mulheres, dos homossexuais e o direito ao aborto.
"Defender o direito de as mulheres fazerem o que quiserem com os seus corpos: em todo o lado, a toda a hora", defendeu Marlene Schiappa no Twitter este sábado. "Em França as mulheres são livres. Mesmo que isso incomode os retrógrados e hipócritas."
Défendre le droit des femmes à disposer de leurs corps, c’est partout et tout le temps.
En France, les femmes sont libres.
N’en déplaise aux rétrogrades et aux hypocrites.#Playboy
— 🇫🇷 MarleneSchiappa (@MarleneSchiappa) April 1, 2023
Para alguns colegas do governo, numa altura em que o país enfrenta protestos massivos nas ruas por causa da alteração da idade da reforma, esta não foi a melhor ocasião. Muitos entenderam que a capa de Marlene Schiappa envia a mensagem errada, e houve até quem achasse que a notícia era piada do dia das mentiras.
Segundo uma fonte próxima da primeira-ministra, esta terá dito que “não foi apropriado, sobretudo neste período”, de acordo com a CNN, que cita uma afiliada da estação, a BFMTV.
"Onde está o respeito pelo povo francês? Pessoas que vão ter de trabalhar mais dois anos, que se estão a manifestar, que estão a perder dias de salário, que não estão a conseguir comer por causa da inflação?", disse a deputada dos Verdes e ativista dos direitos das mulheres, Sandrine Rosseau, ao canal BFM no sábado. "Os corpos das mulheres devem poder ser expostos em qualquer sítio, não tenho um problema com isso, mas há um contexto social."
A Playboy saiu em defesa da secretária de Estado. Segundo o editor da revista, Jean-Christophe Florentin, Marlene Schiappa é a "mais compatível com a Playboy" das ministras do Governo "porque ela está ligada aos direitos das mulheres e entendeu que não é uma revista para velhos machos mas que poderia ser um instrumento para a causa feminista", cita o Le Monde
Schiappa, que está regularmente em programas na televisão francesa, apresentou uma legislação que proíbe os piropos e assédio nas ruas quando era secretária de estado da igualdade em 2018.
Mãe de dois filhos, era autora e tinha um blog antes de iniciar a sua carreira na política. Escrevia sobre os desafios da maternidade, saúde da mulher e gravidez. Em 2010 escreveu um livro que dava dicas sobre sexo para pessoas com excesso de peso, o que foi alvo de críticas por parte de opositores, por acreditarem que estava a disseminar estereótipos.