Detidas duas mulheres que fingiam ser médicas e prometiam a cura a adultos e crianças com doenças graves

2 mar 2023, 11:26

Tratamentos, a troco de dinheiro, eram administrados em espaços que funcionavam como "clínicas de atendimento" e as detidas chegavam mesmo a sugerir aos clientes que abandonassem as terapias convencionais, como a quimioterapia

Duas mulheres que fingiam ser "médicas ou profissionais de saúde detentoras de correspondente título académico" foram detidas pela Polícia Judiciária, no Algarve, por serem suspeitas da prática do crime de burla qualificada, usurpação de funções, ofensa à integridade física agravada por resultado morte, entre outros ilícitos.

Em comunicado, a PJ revela que as detidas propunham e administravam "a pessoas residentes por todo o país, incluindo crianças (algumas recém-nascidas e com indicação de terapêutica pediátrica especializada), assim como a animais, tratamento médico eficaz, a troco de dinheiro, "prometendo a cura para um leque alargado de doenças comuns e graves, inclusive do foro oncológico" e sugerindo que abandonassem as terapias convencionais, como a quimioterapia.

Os tratamentos envolviam "preparados medicamentosos ou suplementos não registados ou autorizados em território nacional, fabricados ou manipulados pelas próprias, alguns com rotulagem alusiva a compostos potencialmente perigosos, sobretudo se administrados em pacientes oncológicos", que era administrados em espaços que funcionavam como "clínicas de atendimento". 

"No decurso da operação policial realizada, além de ter sido apreendido um importante acervo probatório e diversas substâncias presumivelmente perigosas para a saúde, foi possível identificar vários pacientes-vítimas destas práticas, em particular doentes oncológicos, alguns já falecidos", revela a nota, que adianta que as diligências do inquérito titulado pelo Ministério Público de Olhão contaram com a contribuição de elementos do Infarmed, da Entidade Reguladora da Saúde e de representante da Ordem dos Psicólogos.

Foi ainda apurado que as detidas "produziam, manipulavam, fracionavam e armazenavam supostas preparações homeopáticas e medicamentosas convencionais, algumas injetáveis" nas clínicas. 

As detidas irão ser presentes a primeiro interrogatório judicial para aplicação de medidas de coação.

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