Não é só Pedro Nuno Santos a ter problemas com o WhatsApp: em Inglaterra há mensagens a desaparecer

20 dez 2023, 11:59
Boris Johnson

Em causa está um troca de mensagens entre Penny Mordaunt e Boris Johnson (e não só). Ex-primeiro-ministro já disse que perdeu 5000 mensagens devido a um "reset de fábrica"

A líder da Câmara dos Comuns do Reino Unido, Penny Mordaunt, revelou que as mensagens de WhatsApp que trocou com Boris Johnson desapareceram do seu telemóvel, escreve o Guardian. A revelação de Penny Mordaunt foi feita durante o inquérito à gestão da pandemia de covid no Reino Unido quando Boris Johnson era primeiro-ministro.

Segundo uma declaração escrita da deputada enviada à comissão de inquérito, Penny Mordaunt enviou a 29 de fevereiro de 2020 uma mensagem a Boris Johnson "para levantar a questão da proteção em lares de idosos" e recebeu uma resposta. No entanto, quando procurou posteriormente a troca de mensagens, descobriu que nenhuma das que trocou com ex-primeiro-ministro entre março de 2018 e março de 2020 estava no seu telemóvel.

Em maio de 2021, o primeiro-ministro mudou de número de telemóvel depois do número original ter sido divulgado online e Penny Mourdaunt diz não ter a certeza se o desaparecimento das mensagens "está relacionado com isso". 

À comissão de inquérito, Boris Johnson afirmou que perdeu as cinco mil mensagens por causa do reset de fábrica e que custaria cerca de 40 mil libras para examinar o que teria acontecido com o telefone.

Penny Mordaunt revela ainda que a sua secretária privada "continuou a pressionar a equipa de segurança do n.º 10 [de Downing Street] para obter uma resposta" sobre o que teria acontecido com as mensagens.

"Depois de algum tempo, foi-nos sugerido que, devido a uma falha de segurança, o primeiro-ministro pode ter apagado todas as suas mensagens e desligado o telemóvel. No entanto, isto foi-me apresentado como especulação por parte da equipa de segurança do N.º 10 e não explicava porque é que eu tinha algumas mensagens e não outras", escreve a líder da Câmara dos Comuns na declaração.

Ao ter conhecimento de que uma terceira pessoa não podia apagar as mensagens, Mordaunt disse que tentou reunir-se com Dan Rosenfield, chefe de gabinete de Johnson, mas que este nunca respondeu.

"De memória, pedimos 14 vezes uma reunião com ele, mas não obtivemos qualquer resposta da sua equipa, apesar de o meu gabinete ter tentado obter uma resposta. Ofereci-me para fazer um exame forense ao meu telefone, se isso ajudasse. Disseram-me, depois de algumas tentativas, que teriam todo o gosto em fazê-lo, mas como o meu telefone era um aparelho pessoal, o Gabinete do Governo teria de me cobrar por isso. A fatura estimada era de aproximadamente mil libras (1.156 euros) por dia para seis semanas de trabalho. Fiz uma pesquisa junto dos fornecedores de cibersegurança aprovados pelo governo sobre as suas taxas e um exame inicial do meu telefone teria custado aproximadamente mil libras."

A declaração refere ainda que, em janeiro deste ano, Mourdant recebeu uma carta do Centro Nacional de Cibersegurança, dado que considerou "muito significativo" por foi "a primeira vez" que recebeu "qualquer confirmação de que não tinha sido dado qualquer conselho oficial ao primeiro-ministro para apagar as suas mensagens".

Além das mensagens trocadas com Boris Johnson, também mensagens com Michael Gove, o então chanceler do Ducado de Lancaster, desapareceram do telemóvel de Mourdant. Por esse motivo, a líder da Câmara dos Comuns diz que "ficaria satisfeita" se o seu "telemóvel fosse examinado caso seja considerado útil."

Na política portuguesa também já houve problemas com o WhatsApp - mas nesse caso envolveu esquecimentos sobre o que foi escrito.

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