A emoção de jogar um Mundial e a frustração de o perder

10 jun 2014, 11:25
Alemanha-Arménia

Pedro Barbosa escreve sobre as sensações que invadem os jogadores antes de um Campeonato do Mundo e lamenta a lesão de Marco Reus a poucos dias do início do torneio. Diz, ainda, que Ronaldo e Meireles já deverão estar aptos a defrontar a Irlanda no último particular antes da viagem para o Brasil

Já só faltam 3 dias para começar o Mundial. 

Um dos grandes objetivos dos jogadores é estarem presentes em grandes competições e o Mundial é a maior entre todas. Além de ter de estar bem no seu clube e ter rendimento, em alturas de europeus e mundiais o objetivo dos jogadores passa também no final da época por ver o seu nome nos 23 do seu pais.

Por muito que se tenha consciência do trabalho feito, do rendimento que teve ou da importância que se tem em determinada selecção, o anúncio da convocatória provoca sempre ansiedade (maior ou menor conforme o caso) e no final a tristeza ou alegria invade os jogadores e quem os rodeia.

Foi isso que assistimos em Portugal e fomos recebendo a informação dos outros países.

Eu, particularmente, vivi estes dois sentimentos na minha carreira e sei bem o que isso é.

No ano em que fui campeão nacional e depois de uma boa época não vi o meu nome nos eleitos para o europeu 2000 e foi uma desilusão. Mas antes tinha tido a felicidade de estar presente no Europeu de Inglaterra em 1996 e posteriormente no Mundial na Coreia/Japão em 2002 e vivi todo o ambiente de um Mundial.

Quem nunca teve oportunidade de estar presente ou de acompanhar um evento desta natureza não faz ideia da organização, grandeza e espectáculo que representa.

Nas ultimas semanas temos visto quem vai, quem fica de fora e quem falha por lesão. E são várias as situações que nos podem afastar da presença nestes grandes eventos.  Uma delas passa por uma lesão acontecer antes da competição (exemplo mais recente de Sílvio) e não ser possível apesar da qualidade, ter a possibilidade de recuperar para chegar a ser escolha.  Mais atrás no tempo, lembro-me que para o Mundial de 2002 o Simão Sabrosa teve uma lesão grave 2 ou 3 meses antes que o impossibilitaria de ser opção para esse campeonato.  Provavelmente seria um dos 23 e a lesão retirou-lhe qualquer hipótese.  Apesar de tudo regressou em força e teve tempo para 2004, 2006, 2008 e 2010.

Outra situação é pura e simplesmente não sermos opção nas escolhas do seleccionador. Esta eu vivi e por isso percebo a mágoa e o sentimento de todos aqueles que acreditavam que podiam fazer parte dos 23 mas há que seguir em frente. Uma outra é estarmos convocados e já dentro do grupo, temos uma lesão em treino ou jogo e vermos arredada a hipótese de servirmos o nosso país. Todas elas representam uma tristeza enorme e a impossibilidade de representarmos a nossa selecção e ajudarmos a atingir os objectivos na competição.

Mas o que temos assistido nas últimas duas semanas representa porventura uma maior tristeza. Ter uma lesão em pleno ambiente preparatório do Mundial deve ser devastador para o jogador que vai falhar a competição. Depois de todo o trabalho realizado, da presença e do completo envolvimento, um lance em treino ou num jogo particular deita por terra o sonho de jogar o mundial.

A lista dos nomes dos jogadores vem aumentando a cada dia que nos aproximamos do início da prova, obrigando os selecionadores a planos de emergência e por muito preparados que estejam é sempre difícil ver partir um elemento. Quem chega vem com esperança e energia mas para mim a tristeza de quem parte é superior à alegria de quem chega. 

Um dos nossos adversários já viveu esta situação. No meu entender a Alemanha de Joackim Low fica mais fraca com a lesão de Marcos Reus e as declarações ao site do seu clube (Borussia Dortmund) revelam o sentimento de todos aqueles que falham estas competições. «Não consigo expressar em palavras o que sinto! Um sonho despedaçou-se de um momento para o outro!», desabafou Reus.

Felizmente para os nossos jogadores e selecção nada disto aconteceu. Desde o início do estágio, Paulo Bento tem vivido com menos soluções em virtude da paragem de jogadores importantes. Aparentemente tudo está a voltar à normalidade e espero que assim continue. A importância de ter Ronaldo, Meireles e Pepe em condições aumenta as nossas possibilidades e a nossa confiança.

Já falta pouco para começarmos a sério. Apenas uma semana e hoje jogamos o ultimo particular antes de partimos para o nosso centro de operações em Campinas no Brasil. Acredito que Paulo Bento terá pelo menos Ronaldo e Meireles à disposição para este jogo e será  o ultimo apronto da selecção portuguesa.  Andaremos muito perto do que deve ser a forma de jogar e o onze a apresentar contra a Alemanha.  Faz sentido que assim seja e teremos mais uns dias para recuperar quem falta e afinar a estratégia frente à poderosa equipa alemã.

Acredito num bom resultado. Força Portugal.

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