Paula Santos, líder parlamentar dos comunistas, considerou que o poder de Kiev é “sustentado em forças de cariz nazi” e “tem levado ao sofrimento, inclusivamente impede o exercício do direito de opinião, promove a prisão e o assassinato”
O PCP perguntou esta terça-feira à presidente do Parlamento Europeu, Roberta Metsola, se não fica incomodada com um poder em Kiev sustentado em “forças de cariz nazi” que “assassina a população”.
Na conferência de imprensa de apresentação das conclusões das Jornadas Parlamentares do PCP, que decorreram durante dois dias na Serra da Estrela, a líder parlamentar comunista, Paula Santos, foi questionada sobre as declarações do ministro da Defesa ucraniano esta segunda-feira, que elogiou o discurso da presidente do Parlamento Europeu na Assembleia da República, no qual desafiou o PCP a ir a Kiev.
Na resposta, Paula Santos acusou Roberta Metsola de ter uma “atitude de arrogância e ingerência”, mas também de “profunda hipocrisia”, defendendo que a União Europeia (UE) tem procurado “alimentar e instigar a guerra”, em vez de tentar pôr fim ao conflito.
“Na Ucrânia, o que há é um simulacro de parlamento, porque não há uma livre expressão: estamos a falar de um poder que ilegalizou as forças de esquerda, democráticas, progressistas, do parlamento”, sublinhou.
A líder parlamentar do PCP considerou que o poder de Kiev é “sustentado em forças de cariz nazi” e “tem levado ao sofrimento, inclusivamente impede o exercício do direito de opinião, promove a prisão e o assassinato”.
“Isto sim deveria incomodar a presidente do Parlamento Europeu. Eu pergunto: se não lhe incomoda que haja um impedimento da livre expressão? Se não a incomoda que ande a assassinar a população e o povo da Ucrânia, com o desenvolvimento desta guerra, e que muito que resulta deste poder nazi?”, questionou.
Paula Santos defendeu que “a posição que o PCP expressa é a que exprime solidariedade com o povo da Ucrânia, que tem estado sempre ao lado do povo da Ucrânia, que tem sido a verdadeira vítima desta guerra”.
“Aquilo que nós consideramos e que temos dito desde o início, logo em 2014, é a necessidade de se travar este conflito, de parar a confrontação, de encontrar uma solução pacífica para a resolução deste problema”, disse.
Abordando as visitas de seis países africanos à Ucrânia e a Moscovo, este fim de semana, com vista à promoção de um plano de paz, Paula Santos defendeu que, além destes países, também houve iniciativas de paz por parte da América Latina e da Ásia.
“Estranhamente, por parte dos Estados Unidos, da UE, aquilo que se vê, com a NATO, é de um facto um caminho contrário à necessidade neste momento de paz”, disse.
Na segunda-feira, o ministro da Defesa ucraniano elogiou o discurso de Metsola na Assembleia da República, reproduzindo um vídeo do momento em que a presidente do Parlamento Europeu se dirige a Paula Santos para a desafiar a ir a Kiev.
“Exemplo brilhante de Roberta Metsola a combater a hipocrisia e o ‘apaziguamento’ com honestidade e verdade”, destacou Oleksii Reznikov numa publicação na rede social Twitter, agradecendo o “compromisso e apoio” de Metsola “à Ucrânia e à democracia”.
Brilliant example of @RobertaMetsola @EP_President combating hypocrisy and “appeasement” with honesty and truth.
— Oleksii Reznikov (@oleksiireznikov) June 19, 2023
Dear Madam President, thank you for your commitment to and support of Ukraine and of democracy.
We believe in the EU. We value your trust in us and in our fight for… pic.twitter.com/7RDTxK7nFp
Roberta Metsola desafiou na sexta-feira a deputada comunista Paula Santos a falar no Parlamento de Kiev perante os deputados ucranianos.
"Eu decidi falar no Parlamento da Ucrânia no dia 01 de abril de 2022. Peço-lhe [deputada Paula Santos] para que diga o que disse aqui em frente aos deputados ucranianos. Para falar com esses deputados que não falam com as mulheres durante semanas, cujos filhos não podem ir à escola (...). Isto não se trata de ficar sentado à mesa e fazer com que as pessoas negoceiem, isto é sobre fazer com que a Rússia saia da Ucrânia. Nem mais nem menos", disse Metsola dirigindo-se à deputada do PCP.