Paulo Portas: a adesão dos países neutrais à NATO simboliza "uma das maiores derrotas estratégicas" para Putin

15 mai 2022, 23:15

No seu espaço de comentário semanal no Jornal das 8, da TVI, "Global", Paulo Portas abordou a adesão da Finlândia e da Suécia à Aliança Atlântica e o que isso pode significar para a Defesa da Europa, por um lado, e para o regime de Moscovo, por outro.

Paulo Portas considera que com os pedidos de adesão da Finlândia e da Suécia à NATO, Vladimir Putin regista "uma das maiores derrotas estratégicas a longo prazo". A análise foi feita este domingo, no seu espaço de comentário semanal no Jornal das 8, da TVI, "Global".

"A invasão da Ucrânia tornou óbvia a pergunta: depois da Ucrânia quem é o próximo?", frisou Paulo Portas, que acrescentou que na Finlândia, 75% dos cidadãos são favoráveis à adesão à NATO, enquanto na Suécia a percentagem é 55%.

O comentador da TVI explicou ainda que "estamos a falar de dois países que não causam problema à NATO", que são "muito avançados do ponto de vista tecnológico, com várias componentes diferentes em termos de Forças Armadas".

"A Suécia é o país número 85 do mundo mas está entre os 25 primeiros orçamentos de Defesa. A Finlândia tem uma das maiores forças de reserva do mundo", sublinhou.

"A Europa percebeu que não há paz sem Defesa", continuou Portas, vincando que na NATO estão os Estados Unidos e "os Estados Unidos podem determinar a inversão de uma situação operacional"-

A este propósito, o comentador comparou ainda a invasão que hoje se vive na Ucrânia com o guerra que opôs a União Soviética e a Finlândia em 1939, pondo em evidência as muitas semelhanças que existem entre os dois acontecimentos, apesar da distância que os separa no tempo.  "Os antigos impérios têm as mesmas ambições e repetem os mesmos erros", destacou Portas. 

Sobre a atual situação da guerra, o comentador explicou que o momento é de "impasse". "Em Kharkiv os russos têm de retroceder. Os russos não são capazes de tomar uma única cidade grande", afirmou, considerando que isto se deve ao facto de os militares de Moscovo não serem vistos como libertadores e encontrarem uma grande resistência no povo ucraniano. Quanto ao Donbass, "há avanços" dos russos, disse, mas "muito lentos".

Paulo Portas falou ainda da posição da China neste contexto, reiterando que o governo de Pequim "não quer fazer uma mediação sozinho". "Retoricamente está com a Rússia, mas não arrisca nada em termos de sanções económicas", afirmou o comentador que lembrou que já duas grandes tecnológicas chinesas saíram de território russo: a Xiaomi e a Lenovo. "Saíram da China porque têm negócios nos EUA e tinham perdas enormes desde o inicio da guerra", acrescentou.

As mortes de oligarcas russos em circunstâncias pouco claras foi outro dos temas abordados no "Global" deste domingo. Desde o início da guerra já morreram sete oligarcas e Paulo Portas analisou os contornos misteriosos associados a estes casos. 

"Os oligarcas que desapareceram são todos das áreas do petróleo, do gás e da banca, das grandes companhias estatais nestas áreas. (...) Acontecem ou porque são pessoas que foram apanhadas pelas sanções, altamente endividadas ou submetidas a vendetas", sublinhou.

Houve ainda tempo para falar sobre o sexto pacote de sanções da União Europeia que tarda em ser aprovado e que, para o comentador, pode revelar alguma fraqueza das entidades europeias. 

Em Portugal, Portas destacou que "os juros portugueses estão a subir" porque "se há mais inflação os juros sobem".

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