No espaço de comentário semanal, Paulo Portas analisou os temas que marcam a atualidade. Guerra, a demissão de Boris, o caos Sri Lanka, a recessão e José Eduardo dos Santos que "não era anti-português"
No habitual espaço de comentário no Jornal das 8 da TVI, Paulo Portas analisou os temas que marcaram a atualidade desta semana. O primeiro tema abordado foi a demissão do primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, personalidade que Paulo Portas acredita que "não vai deixar saudades".
"Ele mentiu ao parlamento, e toda a gente sabe que ele mentiu ao parlamento", começou por dizer o comentador da TVI/CNN Portugal, que considera ter sido um dos fatores principais para os membros do partido que representava estarem contra ele. Paulo Portas revelou ainda que, durante o mandato de três anos de Boris, 63 governantes o abandonaram.
Já no que diz respeito ao restante legado, Portas disse que Boris foi um "bom chefe de guerra", referindo-se ao conflito na Ucrânia e às relações que estabeleceu desde o início com o presidente ucraniano. "Deixa o Reino Unido completamente desunido. O legado não é brilhante. Acho que fez história, mas não deixa obra", disse o comentador, que ainda falou sobre a diversidade de candidatos que querem suceder a Boris Johnson.
"Se os russos conseguirem vencer, com muito custo e muito sangue as próximas batalhas, vão fechar Donbass"
O tema que se seguiu foi a evolução do conflito armado na Ucrânia. Paulo Portas mostrou mesmo um mapa do território ucraniano que os russos já controlam em Donetsk: 60%. "Se os russos conseguirem vencer, com muito custo e muito sangue as próximas batalhas, vão fechar Donbass e têm uma parte dos seus objetivos completa".
Ainda sobre a ocupação russa na Ucrânia, Paulo Portas avança que a Rússia tem atualmente quase o triplo da ocupação do que em 2014, altura em que ocuparam uma parte de Donbass e a Crimeia. "A Rússia controla 21% das terras férteis da Ucrânia e isso significa 28% das culturas de inverso e 18% das de primavera. Isto tem impactos na Ucrânia e no comércio internacional", disse.
Abordando agora os últimos acontecimentos no Sri Lanka, o comentador considera que é possível relacioná-los com a guerra. Lembre-se que este sábado milhares de pessoas saíram à rua em mais um protesto devido à crise económica que o país atravessa e que acabou com a demissão do primeiro-ministro do país, Ranil Wickremesinghe, e do presidente, Gotabaya Rajapaksa.
"O Sri Lanka é o primeiro país que colapsa e está a 6.600 quilómetros da guerra", explica o comentador, lembrando que aquele país está com uma crise alimentar e também uma crise dos combustíveis, mas que é um cenário que pode ocorrer em outros países.
"Não é que o euro seja uma moeda fraca, de todo, mas os americanos estão a subir os juros com severidade"
Por outro lado, o emprego nos Estados Unidos contraria a recessão. Há mais emprego e os salários subiram 5,1%.
Paulo Portas abordou ainda a questão das consequências da subida do dólar face ao euro. "Não é que o euro seja uma moeda fraca, de todo, mas os americanos estão a subir os juros com severidade para conseguirem contrariar a inflação e poderem sair rapidamente desta situação. A história da Europa nos últimos anos é diferente desta", explicou.
O comentador ainda falou de temas relacionadas com Donald Trump e o ataque ao capitólio, a propósito do depoimento de uma assessora da Casa Branca, que apontou vários crimes a Trump.
Por fim, Paulo Portas abordou o tema da morte de José Eduardo dos Santos. "Não fez do processo de paz uma ocasião para rever estratégias e voltar ao conflito, ele achou mesmo que era um virar de página", disse o comentador, explicando que o antigo presidente Angola dividiu sempre opiniões, mas "não era antiportuguês. E isso, no processo da transição do nosso império para a independência de Angola fez toda a diferença".