"Estamos a cometer os mesmos erros do Natal passado", ex-responsável da DGS alerta para "explosão" de casos de covid-19

20 dez 2021, 11:20

André Peralta Santos acredita que o País corre risco de alcançar em janeiro "níveis de doença na comunidade muito elevados e pressão muito elevada nos hospitais"

O antigo diretor de serviços de Informação e Análise da Direção-Geral da Saúde (DGS), André Peralta Santos, deixou um aviso à população para aquela que acredita vir a ser uma "explosão" de novos casos de covid-19 no fim de semana do Natal, propondo “encerrar sítios onde há risco de super disseminação”.

André Peralta Santos usou a conta no Twitter para deixar o alerta relativamente à evolução pandémica em Portugal. Segundo o clínico, o País está a “cometer os mesmos erros do Natal passado” ao adiar algumas decisões sobre o reforço das medidas de combate ao vírus, num momento em que ainda há pouca informação sobre a nova variante Ómicron.

"Portugal ainda não teve a explosão de casos, mas muito provavelmente terá na próxima semana, de 20 a 26 dezembro", escreveu.

O antigo responsável da DGS propôs, ainda, que sejam adotadas medidas semelhantes às de outros países, dando como exemplo a Dinamarca, através do encerramento de bares, discotecas, cinemas e até restaurantes.

“O risco que corremos é de um janeiro com níveis de doença na comunidade muito elevados e pressão elevada nos hospitais com degradação da qualidade e acesso a cuidados não-covid”, lê-se. André Peralta Saltos lembrou ainda que o ano passado o país pagou “caro” após aliviar restrições.

Recorde-se que foi em janeiro deste ano que Portugal alcançou o maior número de novos contágios: 306.838 e uma média de 179,8 óbitos por dia.

Acelerar vacinação e cumprir medidas de intervenção não farmacológicas

O pneumologista Filipe Froes avançou este domingo, em entrevista à CNN Portugal, que o aparecimento da nova variante Ómicron vem constituir um “acréscimo da incerteza e imprevisibilidade” relativamente à evolução da pandemia de covid-19.

“A Ómicron veio recentrar a abordagem daquilo que é sempre uma pandemia: cada um de nós, depende dos outros. Nunca tantos dependeram de tantos ao mesmo tempo. Dependemos uns dos outros à escala mundial, à escala familiar, coletiva, regional”, explicou, alertando para as dúvidas que surgiram com o aparecimento da nova variante que colocam em causa muitas das respostas que tinham sido implementadas para combater o vírus.

“Temos de ser prudentes. Temos dois fatores que podem ser muito distintivos relativamente ao ano passado: temos um terço dos internamentos e um sexto dos óbitos. Para quem está internado e morre, isto não quer dizer nada, para quem tem de tomar decisões, faz toda a diferença.”, disse o pneumologista, garantindo que é através destes números que é possível perceber o real efeito das vacinas.

Desta forma, para o especialista, a primeira solução passará sempre pelo processo de vacinação de reforço. “Temos de acelerar a vacinação”, adiantou.

Relativamente às festividades dos próximos dias, referindo-se ao Natal e à Passagem de Ano, Filipe Froes garantiu que é necessário que a população se teste, preferencialmente no próprio dia em que vão estar com outras pessoas, e que seja priorizada a testagem para aqueles que ainda não têm a dose de reforço.

À CNN Portugal, o médico defendeu ainda que sejam cumpridas medidas de intervenção não farmacológicas.

“Defendo a utilização mais universal da máscara, uma maior necessidade de reduzirmos os aglomerados e manter a ventilação dos espaços”, explicou, rematando que a solução para o fim da pandemia poderá estar nas vacinas que ainda estão a ser elaboradas contra a covid-19.

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