Benfica: a nota artística voltou... depois da saída de Enzo

22 jan 2015, 10:15
Jorge Jesus

Mérito e habilidade de Jorge Jesus na reconstrução de uma equipa

De forma indiscutível (pela regularidade), categórica (pela expressão dos números) e de novo artística (as últimas exibições foram ao nível do que se verificou na primeira época de Jorge Jesus), o Benfica terminou a primeira volta da Liga muito à frente da concorrência nos mais variados parâmetros. Ficou bem claro que a sua disposição é manter diferenças e confirmar lá para maio que a estratégia idealizada para chegar ao tão ambicionado bicampeonato estava correta. Independentemente dos «acidentes de percurso» - leia-se saída de futebolistas – que levaram o seu habilidoso, metódico e estudioso treinador a (re)construir uma nova equipa.

Antes, porém, vale a pena olhar para os números encarnados antes do início da segunda volta da competição, marcada por uma sempre complicada deslocação ao terreno do Paços de Ferreira. 45 pontos em 51 possíveis, o melhor resultado dos últimos 30 anos; vantagem de seis e dez pontos sobre FC Porto e Sporting, respetivamente; melhor defesa com apenas sete golos sofridos; segundo melhor ataque com 41 golos apontados, apenas menos um do que o FC Porto; uma de três equipas que não perderam em casa – as outras são Sporting e V. Guimarães; 18 golos marcados e nenhum sofrido nas últimas sete rondas da Liga; 14-0 em golos nos últimos quatro jogos em que já não contou com… Enzo Pérez.

Chegados aqui, os benfiquistas não deixavam de questionar-se frequentemente: «como será o Benfica depois da saída de Enzo?» Por paradoxal que pareça, com a saída daquele que foi na época passada a principal figura dos encarnados, grande futebolista, determinante, particularmente, nos equilíbrios defensivo e ofensivo da equipa, regressou a nota artística e aquele futebol atacante voador que arrasa as mais determinadas muralhas. Mérito de treinador, mas também da qualidade dos jogadores que ainda continuam. Nesse plano, a descoberta de Talisca na Bahia foi ouro, assim como a compatibilização da dupla Lima-Jonas. Com Salvio e Gaitán fortíssimos nas alas e um guarda-redes que ainda é dos melhores mundiais, o bicampeonato já esteve mais longe.

PS: sem ter jogado ao mais alto nível na Luz (a situação de André Gomes foi diferente), o Benfica acaba de negociar, em definitivo, Bernardo Silva para o Mónaco por novos 15 milhões de euros. Ou seja: pode JJ estar descansado, pois não é na equipa principal que os jogadores necessitam ser potenciados. Esse trabalho é desenvolvido por Hélder Cristóvão e os resultados valem mais do que petróleo. Que parece haver no Seixal.

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